08/08/11

agosto 2011 - pais e filhos


Não era fácil de andar com os sapatos de salto da mãe. E o colar quase tocava os joelhos… E o bâton? Já comera metade… Sentia-se uma princesa.
Ouviu passos, ficou quieta – queria impressionar!
O pai, ao vê-la, hesitou.
– Não te mexas, Clarinha, vou tirar uma fotografia…
Obedecendo, fez uma pose. Mesmo a tempo de o pai evitar que se estatelasse no chão.
– Não é boa ideia subir para a cómoda, Clarinha.
– Sou uma princesa! – informou, orgulhosa.
(texto: Margarida Fonseca Santos; ilustração: Francisca Torres) 

03/08/11

agosto 2011 - pais


Andava de um lado para o outro, de um lado para o outro. Havia quem já tivesse comentado: parece que estás na maternidade, ó Freitas!
Ficar quieto seria pior. Os minutos, sempre na conversa, levavam muito tempo a passar. Pena o corredor não ser mais comprido.
Quando a porta se abriu, paralisou, mudo. Uma cabeça espreitou:
– Venha cá, Freitas! Que projecto fantástico! Venha cá…
E desapareceu, a gaguejar explicações. Nos sorrisos dos colegas, adivinhava-se o que conseguira.
(texto: Margarida Fonseca Santos; ilustração: Francisca Torres) 

01/08/11

agosto 2011 - filhos

A viagem era acidentada… Um degrau de pedra, relva a dificultar-lhe os passos, água imperceptível a atrapalhar-lhe a orientação. Mas continuava, determinada. Tinha quase a certeza de que era dali a dois vasos.
E não se enganara. O problema era… tudo! Não havia prima nem primo, tio ou cunhada que não tivesse aparecido. Era difícil chegar ao objectivo!
Cansada, a formiga encostou-se a uma folha. Aquele bocado de gelado parecia um centro comercial de humanos num domingo!!!
(texto: Margarida Fonseca Santos; ilustração: Francisca Torres)