19/08/12

Carlos Alberto Silva, e um homem de palha

A frase inicial é do «Romance da Raposa», de Aquilino Ribeiro.

Às vezes, no meio do campo, um homem de palha botava discurso às aves esquivas. Exaltava a solidez da sua morada permanente, com ampla vista sobre o mundo circundante. O pé bem fixo na terra tornava-o forte, temido, imune ao sobressalto das estações. Ali, onde estava, vigiava o próprio ciclo da vida e da morte. Arrogava-se, por isso, Senhor do Tempo.
Mas as aves não o ouviam. Bastava-lhes abrir as asas e o mundo era todo delas.
Carlos Alberto Silva

[Publicado também em ficcoesbreves.blogspot.pt/]

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