13/05/13

Incapacidade de silêncio


Era um dia cinzento e a tarde corria. Lenta, estática, anunciando o mau tempo.
Languidamente deitada, muito bem agasalhada, embrulhada numa manta e a permitir-me só estar.
Interiormente nada pretendia organizar. Só estar.
Em catadupas, porém, os meus pensamentos surgiam. Intensos, interrogativos, prementes e urgentes. Como o vento a levantar-se.
Acendi a rádio. Uma voz entrou, então, na tarde parada.
Fechei os olhos. Vi o cinzento do dia, pintalgado de bolinhas amarelas. Urgências indefinidas. Incapacidade de silêncio.

Madalena Cabral, 45 anos, Lisboa

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