30/09/13

Programa Rádio Sim nº 101 – 30 Setembro 2013

OUVIR o programa! 
No site da Rádio Sim

Fuga atarantada
Era mar,
era sossego,
na vista azul,
entre dois tons,
espreguiçavam-se as nuvens.
Tudo parecia certo,
até o vento soprava
em jeito de samba
sem notas.
Era, pois,
uma calma reluzente,
em que só as ondas
suspiravam.
Ao meio-dia,
entre bramidos estonteantes,
ergueu-se um monstro marinho,
escorrendo sal e pânico.
Nas fugas atarantadas,
ninguém viu um homem enfadado
de coleira na mão:
afinal o mostrengo não era de Pessoa,
era galhofeira múmia do Museu ali ao lado!

Jaime A., 49 anos, Lisboa
Publicado aqui: http://soprodivino.blogspot.pt/2013/10/fuga-atarantada.html#links
Desafio nº 49 – história louca de férias!

Música

No silêncio, quase místico, ouviam-se sons melodiosos, uma música que se repercutia tão harmoniosamente, que me inebriava, e me fazia imaginar que andava a dançar nos braços do meu amor, que este me elevava aos céus, esvoaçava como uma ave voando em liberdade. Que sensação de paz, e bem-estar. De repente acordo do sonho, com o ruído estridente, o ranger da porta que se abre, acordei, tinha sonhado que no sossego do meu quarto, estava no paraíso.

Maria Silvéria dos Mártires, 67 anos, Lisboa

Desafio nº 52 – uma história com música, ruído e silêncio

Roda-viva

Parece mentira, o mês de Agosto já vai de volta! Como o tempo voa. Acabaram as férias e, a contragosto, começou a escola. Não tarda é natal. Época que aprecio, a gosto. Mas se nos descuidamos, num piscar de olhos está aí o ano novo e a correria do dia-a-dia: trabalho, reis, trabalho, carnaval, trabalho, páscoa, trabalho, férias, trabalho, escola, trabalho, São Martinho, trabalho, natal. UFA! Uma roda-viva. Tudo isto num ápice, visto assim até dá desgosto.

Carla Silva, 39 anos, Barbacena, Elvas

Desafio nº 50 – Com as palavras AGOSTO; A GOSTO; A CONTRAGOSTO; DESGOSTO

Sonhos de flauta

O maestro marcava o compasso, mas da flauta só silêncio saía.
Foi a trompa a salvar a situação com o seu potente sopro. Pelo chão derramou-se uma música confusa, pois as notas não sabiam se eram colcheias, semicolcheias ou semifusas.
Num suave ruído, a flauta confessou o seu sonho. Ser clarinete. E, na sua ilusão musical, pensava que, se se empanturrasse de notas, poderia crescer e tornar-se num. 
Mas, ou se nasce clarinete, ou não se nasce.

Quita Miguel, 53 anos, Cascais

Desafio nº 52 – uma história com música, ruído e silêncio

O regresso

Voltei, numa madrugada cinzenta. Trazia o coração fendido de tanto suster a emoção do regresso, saudosa do silêncio das neblinas cerradas, do ruído das gotas de orvalho, quando se abandonam sem medo, por entre os galhos secos.
Saudosa de ti, do teu abraço, do calor dos teus sussurros, da maciez da tua pele e do meu nome nos teus lábios. Saudosa de nós e da música sublime de uma existência que pensava perdida nas areias do tempo.

Sandra Évora, 40 anos, Sto. António dos Cavaleiros  

Desafio nº 52 – uma história com música, ruído e silêncio

Banda de Rock

Tiago e Pedro, gêmeos adolescentes, filhos de Lu e Mauro, junto com quatro amigos criaram uma banda de rock.
Os ensaios?
Claro, na casa dos pais!
Estes não aguentavam mais aquele ruído todos os fins de semana.
– Não dá pra parar? Estamos tontos e zonzos – gritavam. – Quando teremos de volta o nosso silêncio?
O tempo passou, os filhos cresceram e se foram da casa paterna.
Agora, para suprir as saudades, ouviam todos os CDs da música dos filhos.

Chica, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil  

Desafio nº 52 – uma história com música, ruído e silêncio

Pela metade

Cada uma de duas partes iguais. Metade. É assim que vivo e sigo, na eterna esperança de satisfazer as
necessidades dos que o meu ventre gerou,  dos que partilham a vida comigo. É bom vivê-los e gozá-los. Sou no entanto, Sandra pela metade, e qual Sardanisca vou amealhando pontinhos de mim, procurando preencher aquela parte que é só minha e me faz falta, inteira, lidando com o “SE” que tantas vezes me afronta e me faz duvidar.

Sandra Évora, 40 anos, Sto. António dos Cavaleiros  

Desafio nº 51 – sobre uma imagem de Francisca Torres

Saudades de ti

Os dias continuam a passar
E tu não estás connosco
Continuo a procurar
Os sítios que visitámos
As esquinas que virámos
Tenho saudades até do teu ralhar
No teu ombro ia-me consolar
Mesmo sabendo estar a atrapalhar
Tinhas tempo para me aconselhar
Historias para contar
No final éramos pacientes mutuamente
Acontece que simples coisas que me ensinaste 
Hoje são o meu pilar
Frases feitas para tentar esquecer que não estás
mas como esquecer uma parte de mim?

Carla Silva, 39 anos, Barbacena, Elvas

Desafio nº 34 – grelha de 16 palavras obrigatórias (juntando o desafio nº 26, uma dedicatória)

Mágoas

O recanto afastado da confusão na pastelaria hoje estava ocupado. Decidida a não perder o "meu" lugar,
escolhi uma mesa voltada para lá.
Enquanto saboreava o chá, observei a ocupante: de mãos na cabeça, ligeiramente descaída, parecia ter o mundo sobre os ombros. Divaguei sobre o motivo de tanto desânimo: doença, desemprego, discussão amorosa, mil e uma coisas podiam levar a tal estado. Levantou a vista, como se soubesse ser observada e lágrimas caiam pela sua cara.

Carla Silva, 39 anos, Barbacena, Elvas

Desafio nº 21 – a propósito de uma ilustração

Primeiro amor

Na inexperiência dos seus 14 anos, Claudina não percebia porque Telmo terminara o namoro. Não queria ir para casa, tinha os olhos inchados de tanto chorar. A sua amiga Joana tivera aulas e ela ficara só, entregue à sua dor.
A mãe não sabia de nada, não lhe queria contar, afinal era uma cota de 41 anos que não daria importância ao assunto. Mas o seu mundo ruíra!  E, cota ou não, a mãe sempre a apoiara.

Carla Silva, 39 anos, Barbacena, Elvas
Desafio nº 14história onde entram duas personagens de idades 14 e 41

Solidão

Chovia imenso, o frio chegava-lhe aos ossos e a casa ficava longe. 
Ao sair, o sol brilhava, nada fazia prever tal chuvada. Abrigou-se num portal, ouviu-se abrir uma porta, uns olhos fixaram-no. A porta fechou-se e reabriu-se. Ela apareceu com dois cafés e um casaco. 
Sentou-se junto a mim nas escadas. Conversámos sem parar. A chuva, essa parou. Com olhos brilhantes levantou-se e sorriu, dizendo a este velho solitário:
– Obrigado, adorei o serão. Espero-o na próxima chuvada?

Carla Silva, 39 anos, Barbacena, Elvas

Desafio nº 18 – palavras proibidas: não que mas pois como verbos: estar + ser

28/09/13

Trabalho de EVT

António tremulou os olhos. A Sofia gritou:

– Guerreiro Garatujá! Ganhámos, YEESSSS!
– Batota! O António piscou os olhos! – ripostou a Sara.
– Batoteiro! – estrebuchou o Eduardo.
A Sofia suspirou e desvendou:                                
– Reparem, esta carta tem um vinco…                  
– Como é que não reparámos?!
– Pessoal, isto deu-me uma ideia para o trabalho de EVT – sorriu o Eduardo.
Todos perceberam. Trouxeram cartolina, tintas, pincéis, motivação. 
– Só temos vermelho e azul…
– Não é bem vermelho…
– Chega perfeitamente…
– Posso desenhar um S?
– Põe serifa…

Fernanda Gomes, 45 anos, Lisboa

Desafio nº 51 – sobre uma imagem de Francisca Torres

27/09/13

Programa Rádio Sim nº 100 – 27 Setembro 2013

OUVIR o programa! 

No site da Rádio Sim


Permanecer só
PENSOU SER MAIS RAZOÁVEL PERMANECER SÓ. RECOLHEU-SE EM SI MESMA. PARTIU PARA A RAZÃO. PAROU DE SENTIR. SENTIR ERA SOFRIMENTO.
RIDICULAMENTE, SAUDAVA-SE POR SE PREPARAR PARA A SOLIDÃO. SAUDADES? PROVAVELMENTE, SIM. PASSARIA A SABÊ-LO.
PROMETERA NÃO REGRESSAR AO PONTO DE PARTIDA.
RUGAS, PESAR, MEDOS, MÁGOA, MARCAS, PASSADO.
PERDAS POR SUPERAR, METAS POR SUPLANTAR, SINS SEM SINCERIDADE.
MAIS QUE A MEDIDA. PRESTES A REBENTAR.
MAS, NO MOMENTO, SENTIA A SEGURANÇA PARA SE MOVER, SALTAR, PROGREDIR, SAIR. SEM RISCOS.

Violeta Seixas, 46 anos

Desafio nº 46 – substantivos, adjectivos e verbos começando sempre por P, M, S ou R

Lombriga Brígida

A lombriga Brígida acordou, esta manhã, amarela e com dores de barriga.
O que será? O que não será?
Chamou-se o doutor Sapo que lhe auscultou a barriga, mais acima, mais abaixo…
Mas nem foi preciso fazer o diagnóstico, a lombriga, envergonhada, confessou que comera comida saudável: uma salada de espinafres com salmão.
E agora doutor? A lombriga vai morrer? Não vai morrer?
Agora é só comer açúcar até mais não poder.
Que inveja da lombriga Brígida!


Maria de Fátima Esteves Martins, 44 anos, Coimbra
(história sem desafio)

Pituxa Sardanisca

Lagarto, camaleão, lagartixa, osga, iguana, salamandra são animais terrestres.
Estes animais comem insetos, o camaleão adora gafanhotos, a nossa Pituxa Sardanisca prefere granulado azul e vermelho.
A Pituxa Sardanisca pratica futebol e ganhou o equipamento oficial da equipa do Benfica.
A sua capitã é a Matilde. Os amigos foram ver o jogo de futebol e aplaudiram.
A equipa da Pituxa Sardanisca ganhou o campeonato nacional.
O presidente da República ofereceu-lhes uma taça muito valiosa. Ficaram muito felizes.

EB de Coruche, 2º/3º D, prof.ª Carmo Silva
Desafio nº 51 – sobre uma imagem de Francisca Torres


Eis a questão!

Ainda agora acordei e parece que já estou a sonhar outra vez – abro os olhos e  vejo um bicho…
Um bicho colorido, às pintas…
Quem o pintou? Que nome lhe deram? Por que o fizeram?
Puxa lagarto! Tanta imaginação…
Mas que bicho é este? Será mesmo um lagarto? – Não sei, nunca vi um lagarto desta cor. (Dizem que o lagarto é verde, a lagartixa é mais pequenina, o sardão é maior.)
Lagarto, lagartixa, sardão? – Eis a questão!
Maria de Fátima Esteves Martins, 44 anos, Coimbra


Desafio nº 51 – sobre uma imagem de Francisca Torres

Vamos comemorar o programa nº 100!

É verdade! Hoje, dia 27 de Setembro, acontecem duas coisas: 

1 – É o programa nº 100 desta parceria do blogue das histórias em 77 palavras na Rádio Sim, que pede comemoração!;
2 – E simultaneamente a mudança de horário, pois a partir da próxima segunda já nos ouvirão às 21h20, no programa Companhia da Rádio.

Mas comemorar sem lançar um desafio aos nossos queridos amigos não faz sentido. 
Pedimos então que nos enviem uma frase de 7 palavras sobre o blogue e/ou sobre a leitura das histórias na Rádio Sim.

O desafio arranca dia 30 de Setembro, fica activo 7 dias e termina dia 3 de Outubro às 7h da tarde. 

No dia 7 (sim, tudo em 7), divulgaremos as melhores frases e os vencedores do passatempo – as 7 melhores. É que iremos oferecer-lhes sete livros da "escritora de serviço".

Por isso, não se esqueçam de enviar para o mail 77palavras@gmail.com ou comentando no facebook, na página da Rádio Sim, em mensagem. Escrevam também a vossa idade e onde vivem, não se esqueçam.

Já estamos à espera…!

26/09/13

Programa Rádio Sim nº 99 – 26 Setembro 2013

OUVIR o programa! 
No site da Rádio Sim


Um segredo...
Existem doze águas em cada país com o nome de um mês: a água de janeiro, de fevereiro, de março, etc.
Eu reparei, que, em janeiro, cada vez que eu passei no rio, a água fez barulho. Em fevereiro e no resto dos meses foi igual, excluindo o mês de julho. Em julho foi diferente. Eu passei e a água não fez barulho.
Por isso é que se diz: “Água de julho, no rio não faz barulho”.

Constança Tomás Florindo, 10 anos, Cartaxo, Portugal

Desafio Rádio Sim nº 3 – um dos provérbios dados no fim

Vítor e o sonho

(O Rodrigo resolveu fazer um desafio especial – com todos os verbos iniciados pela letra c)

Vítor cambaleava pelo caminho, depois de uma noite com amigos. Mal chegara a casa, caíra, ao comprido, na sua cama.
Celebrou a sua noite num sonho profundo. Chegara ao fundo do passadiço de madeira e captou a mulher pela qual chorava noite e dia.
Juntos, chegaram ao paraíso, onde caíram de sono numa nuvem fofa.
Chegara o fim do sonho e do seu tempo de descanso…
Caminhou, então, apressadamente, para o trabalho, onde chorou todo o dia.


Rodrigo Mendes, 11 anos

Um Pedro triste

(O Rodrigo resolveu fazer um desafio especial – com todos os verbos iniciados pela letra p)

Pedro pecou. Sempre contra tudo. Parecia uma mente perversa mas possuía coração. Parava sempre para pensar: Não podia parecer estúpido!
Progrediu rapidamente, pois os seus desejos partilhavam a vida com ele.
Procurou, toda a vida, a mulher dos seus sonhos, mas pereceu infeliz.
Não podia permanecer triste, pois os seus dias, quer de vida quer de alegria, paravam de percorrer o seu caminho. Percebeu que tudo isto partia dos seus pecados.
Pereceu infeliz, apesar da sua sabedoria.


Rodrigo Mendes, 11 anos

Amor de lagartixa

Amor de lagartixa...
Às vezes penso: Como será a vida de lagartixa? Bem, para mim é cansativa mas, porquê? Perguntam...
Já viram o que é ser uma praga para todas as pessoas? E...não fica por aqui!
A maior parte das lagartixas não tem mãe, por isso são elas que têm de procurar alimentos.
Lagartixa, lagartixa, tens essas patas únicas e peganhentas, que parecem que têm cola e tens uma pele tão escorregadia, que nem te consigo apanhar!

Carolina Santos – 5º ano, Colégio Andrade Corvo, prof. Carla Veríssimo

Desafio nº 51 – sobre uma imagem de Francisca Torres

25/09/13

Programa Rádio Sim nº 98 – 25 Setembro 2013

OUVIR o programa! 

No site da Rádio Sim

Desgosto de amor
Dançava como ninguém. Uma dança desenfreada mas por vezes suave, cheia de magia. Desconcertava-me com aquela dança. Desejava-o como nunca desejara ninguém... Despertei para o amor na noite em que me descalcei e dancei ao som daquela música desesperada. Mas, pouco depois, ele debandou. Desenlaçou-se de mim e eu desenfeitei-me e debulhei-me em lágrimas. O som, agora frágil, determinava o meu destino. Sozinha, a dança desfiava dor e desilusão. Desmoronei-me com o meu primeiro desgosto de amor!

Isabel Lopo, Lisboa

Desafio Rádio Sim nº 4 – todos os verbos com uma destas letras O, L ou D (só uma!)

Horas

Tem horas?
Tenho… as horas do meu tempo, mas não sei se serão iguais às do seu tempo.
Que ideia… horas são iguais em todo o lado… basta dizer que horas são!
Você é novo e a vida lhe ensinará… as horas dos seus trinta e tal anos, são muito diferentes das horas dos meus oitenta. As minhas já são iguais à deste banco. Paradas.
Tem razão… aqui o tempo parece parado… aqui voltarei um dia.
Voltará.


Rui Santos, 40 anos, Quinta do Conde 
(história sem desafio)

Que rumo?

E agora, qual é a cor que define o meu rumo? Se tentar saber o caminho certo deixou-me estática, deverei voltar para trás? Estou em imóvel interrogação. Encontrar este círculo azul aumentou a minha calma, mas ampliou a melancolia também. Se preciso mesmo de escolher onde mergulhar, então rastejo até ao sonho vermelho para encontrar o calor que preciso. Há perguntas que nos deixam demasiado parados. Apesar das dúvidas azuladas, prefiro descobrir respostas encarnadas, cheias de mim.

Clara, 37 anos, Agualva, Sintra 

Desafio nº 51 – sobre uma imagem de Francisca Torres

Que sensação!

Há dias um pardalito entrou pela minha chaminé e, no seu esvoaçar aflito, ficou preso numa planta que tenho na marquise.
Com cuidado abeirei-me dele e libertei-o do seu cativeiro, ficando a sentir o bater aflito do seu pequenino coração.
Então fui à janela, abri a mão e deixei-o voar, ficando a seguir-lhe os movimentos até que desapareceu no espaço
Que sensação de felicidade senti naquele momento. Como se pode sentir tanta alegria com um pequeno gesto! 


Lucinda Simões, Tomar
(história sem desafio)

Aquele Esse

Aquele Esse sonhava ser gente. 
Comeu morangos, por serem da cor do sangue. E avermelhou.
Bebeu água, por ser a origem da vida. E inchou.
Imaginou contas, para estimular o pensamento. Ganhou uma cabeça.
Deslizou na folha, a caminho do mundo. Cresceram-lhe duas mãos.
Com uma, agarrou um A. Transformou-o num amigo.
Com a outra, apanhou um E. Que se tornou espelho.
Olhou-se: vivia, mas não parecia gente.
Arrumou tudo nos cantos e foi jogar à bola.

Rita Bertrand, 41 anos, Lisboa 

Desafio nº 51 – sobre uma imagem de Francisca Torres

24/09/13

Programa Rádio Sim nº 97 – 24 Setembro 2013

OUVIR o programa! 


No site da Rádio Sim

Festa Templária
Na Festa Templária, a Caixa de Costura Antiga esteve presente. Veio contar o que apreciou:
– Pessoas vestidas à moda da Idade Média. Cavaleiros, duzentos, desceram do Castelo até ao “burgo”. Objectos referentes àquela época. Multidão a comprar: bolsas, feijão, frutos secos, chás medicinais, as bugigangas decoradas alusivamente.
O Baú de Plástico ficou pensativo; com cores tão bonitas! De plástico moderno, moldado, não pôde estar nos festejos. Ficou no cantinho a ouvir rádio.
Este conto passou-se na realidade.

Maria Emília Moura, 70 anos, Tomar

23/09/13

Rastejando

Rastejando pela vida aceitando ser menos do que somos, procurando um lugar ao sol para aquecer o coração, senti-lo vivo, sentir cada batida como sendo verdadeira, por forma a viver de verdade; estaremos vivos ou é tudo uma ilusão? Ao encontro do real nas curvas do existir, tanto faz ser uma lagarta ou apenas um desenho ainda por concluir. O amanhã não vem porque eu existo apenas aqui, porquê esperar se a vida me diz olá sorrindo.

Paulo Renato, 38 anos, Maia
Desafio nº 51 – sobre uma imagem de Francisca Torres

Programa Rádio Sim nº 96 – 23 Setembro 2013

OUVIR o programa! 
No site da Rádio Sim


Adeus mês de Agosto
É com desgosto que constato que chegou ao fim o mês de agosto, mês de férias, de praia, de banhos de mar, e foi muito a gosto que me deliciei, com os banhos de mar, nadei, saltei as ondas que me vieram beijar A contragosto voltei para a lida de casa, que pasmaceira! Nunca está nada feito. Ah, mas eu não perco tempo, vou ler e escrever as 77 palavras de que gosto muito e me divertem.

Maria Silvéria dos Mártires, 67 anos, Lisboa 

Desafio nº 50 – Com as palavras AGOSTO; A GOSTO; A CONTRAGOSTO; DESGOSTO


77 palavras no blogue do PNL

É verdade!
No blogue no Plano Nacional de Leitura, ficou a recomendação do blogue
histórias em 77 palavras

Estamos todos de parabéns! Podem ler aqui.






Cenoura

Cenoura, um coelho que nasceu no vale transatlântico, que sonhava ser piloto de fórmula 1, mas estava sempre transtornado. Fazia de tudo para transpor o seu problema, excesso de transpiração, e era muito gozado nos treinos, transportes públicos, quando corria pelos vales... pois estava sempre a transpirar
Sabia que tinha que enfrentar os seus medos. Um dia, reuniu toda a população do vale e transmitiu o quanto o magoavam ao gozá-lo! A partir daí, todos o compreenderam.

Tomás Guia, 9 anos, 5.º ano, Colégio Andrade Corvo, prof Carla Veríssimo
Desafio RS nº 5 – 7 palavras com TRANS–– (no início, não necessariamente prefixo)

Enfeitiçado

Lagarto pintado
Quem te pintou?
Foi o meu amor
Que me enfeitiçou
e eu apaixonado
deixei-me levar
Virei encarnado
Só p'ra lhe agradar...
Só uma lagarta
Me pode salvar
E volto a ser verde
Se ela me beijar...
Lagarto pintado
Eu já aqui estou
Vim p'ra te salvar
De quem te pintou
Mas só o farei
Se me prometeres
Comigo casares
E comigo viveres... 
E agora que faço?
Sou comprometido...
CASO COM AS DUAS
E ESTÁ RESOLVIDO!


Isabel Lopo, Alentejo

22/09/13

蜥蜴

蜥蜴 ... Seus petulantes chineses que lagartam neste mundo impelidos pelo bafo do poder e da expansão, que vos iludem como a todo o lagarto oferecido de alimento... Desconcertantes, curvilíneos retos que na trajetória jugular conturbada pela entrada, o velho e sapiente Ω grego, já almejam o azul e vermelho russos como sobremesa, e os fitam como pontos latentes, florescendo-se de vermelho cuspido a veemência… Até pensam, renomear sua refeição para SESA (Sistema de Enriquecimento e Sobrevivência Asiática).

Afonso Caldeira, 14 anos, Alcanena 
(prof Carla Veríssimo)

Desafio nº 51 – sobre uma imagem de Francisca Torres

A lagartixa Tixa

Tixa, a lagartixa, andava farta de ser gozada por todos. «Se ao menos a minha cauda fosse normal…» pensava, quando ouvia cantar: «Tixa salsicha, rabo de martelo, pior que um chinelo!». Hoje decidiu não ligar e foi para cima do muro também. Na moleza do sol, ninguém reparou nas garras do gato faísca. «Amarra-te à minha cauda!», gritou Tixa. Luxa, já salva num buraquinho do muro, entre abraços e beijos, agradeceu-lhe a vida. As outras sorriam envergonhadas. 

Cátia Penalva, 33 anos, Viana do Castelo

Desafio nº 51 – sobre uma imagem de Francisca Torres

Um sardão, eis a questão!

Não há dúvida! É o sardão do Sardoal, disse o Francisco quando o viu representado numa espadela semelhante à que a sua avó usava para preparar o linho.
E os smarties coloridos? O sardão gosta? Perguntou a Joana mais habituada às andanças dos centros comerciais.
Serão as bagas coloridas de algum arbusto? Vamos lá tirar as dúvidas! E lá foram à procura da resposta.
O vendedor de sonhos disse: É um ponto de interrogação, deitado ao sol!

Fátima Veríssimo, 52 anos, Seixal

Desafio nº 51 – sobre uma imagem de Francisca Torres

A Amiga Tixa

Chamaram-lhe Tixa. À tardinha, escorregava pelas paredes da casa. Ágil, atrevida, a lagartixa vermelha
era presença habitual.
Naquele dia, parara siderada com o brilho dos berlindes do João, deixados no jardim. Porém, subitamente no ar, segura pela cauda, debatia-se desesperadamente numa tentativa libertadora.
Os risos soltos do João apelaram ao desvelo da mãe, gritando imperativos…
– Larga a Tixa, João! Pode morder-te...
Assustado,  abriu mãos da amiga.
Qual correria desenfreada, Tixa nesse dia, não mais se deixou ver…

Graça Pinto, 55 anos, Almada

Desafio nº 51 – sobre uma imagem de Francisca Torres

Ilustração

― Sai daqui de cima, ainda nos sujas! Somos páginas de um livro e queremos estar impecáveis no dia do lançamento.
― Eu gostava também de fazer parte da vossa estória.
― Estás com sorte, pretendemos ensinar o abecedário às crianças, ainda nos faltam algumas letras. Queres mesmo participar nesta aventura?
― Mas eu sou encarnado!
― Não te preocupes! Serás bem recebido no imaginário dos nossos leitores.
― Posso ser um “S”?
― Sim! Serás um sapo encarnado que gosta de sementes coloridas.

Maria Garrido, 48 anos, Caminha

Desafio nº 51 – sobre uma imagem de Francisca Torres

Quem sou?

Quem sou?
Escorregadia, a vida faz-me deslizar, em ziguezague, por trilhos nunca desbravados...
Curva contra curva, tento erguer o corpo, encontrar o meu equilíbrio, alcançar a espinal medula do eu...
O que faço aqui? Sinto que as mãos que tenho são parcas para abraçar tudo o que quero encontrar... tenho sede de mim, tenho vontade de rastejar e deixar, em cada pedaço de pó, a minha essência... mas o vento tudo leva e eu... volto a derrapar!...

Carla Veríssimo, 33 anos, Torres Novas

Desafio nº 51 – sobre uma imagem de Francisca Torres

21/09/13

Problema de identidade

Cansado de viver na dúvida e incerteza, o Ponto de Interrogação resolveu dar novo rumo à sua vida.
Arranjou um disfarce, deu uma cambalhota e partiu à aventura.
Na primeira paragem chamaram-lhe lagarto. “Finalmente uma certeza. Acabaram-se as interrogações.”
Na segunda, garantiram-lhe que era a letra S e que espalhava sedução. Duvidou…
A viagem prosseguiu e as identidades também: lagartixa, sardanisca, até sardão.
Regressou ainda mais confuso.
A interrogação está-lhe na alma. É mesmo Ponto de Interrogação!

Palmira Martins, 57 anos, Vila Nova de Gaia

Desafio nº 51 – sobre uma imagem de Francisca Torres

Retrato pintado

“Lagarto pintado, quem te pintou? Foi uma velha que por aqui passou.”
Assim cantavam as crianças, fazendo uma roda à sua volta, quando a encontraram no recreio a jogar à bola.
A Lagartixa nunca ouvira falar desse famoso parente da lengalenga mas estava feliz.
Era tão bom participar nas brincadeiras das crianças!
Rodou, rodopiou, cabriolou e, antes de se ir embora, ainda posou para os pequenos artistas.
E que belo retrato lhe pintaram! Até corou de vaidade!

Palmira Martins, 57 anos, Vila Nova de Gaia

Desafio nº 51 – sobre uma imagem de Francisca Torres

A águia e a lagartixa

Era dia de equinócio e o sol cruzava nesse momento o plano do equador. Ora, os dias e as noites tinham agora a mesma duração, menos sol para aquecer o sangue frio, debaixo desta pele escamosa, pensou a lagartixa, enquanto se espreguiçava, lânguida, no muro de xisto escaldante. De repente no azul do céu surge uma sombra, quase escurecendo o sol. A águia predadora rondava por ali desde manhã. Veloz esconde-se no matagal seco que a protege.

Alda Gonçalves, 46 anos, Porto

Desafio nº 51 – sobre uma imagem de Francisca Torres

Parabéns à Restart, em 77 palavras

Hoje, a Restart comemora os seus 10 anos de vida. Vai haver bolo de anos, festa, encontros e conversas. E estão mesmo de parabéns! Foram dez anos de cursos inovadores, dez anos de formação inspiradora, dez anos de alternativas reais para entrar no mercado de trabalho com ferramentas, com a criatividade desperta e atenta, com mais-valias que fazem a diferença, dez anos de ensino adaptado aos alunos. Muitos parabéns, Restart. É mesmo bom fazer parte da escola.

Margarida Fonseca Santos, formadora no curso de Escrita Literária

Lagarta pintada

– Lagarta pintada, quem te pintou?

– Foi a Francisca que por aqui andou e na sala brincou. Com tintas e irrequietos pincéis, a parede sarapintou. Veio a mãe, ralhou. Veio o pai, resmungou. E eu a antever que a lixívia me faria desaparecer. Veio o avô sorriu. Veio a avó sugeriu: “E se a lagarta ficasse na parede plantada? Até que a miúda é artista!”
Logo me requebrei, me retorci a tentar perguntar: “Então? Fico? Não fico?????”
Fiquei.

Ana Paula Oliveira, 53 anos, S. João da Madeira  

Desafio nº 51 – sobre uma imagem de Francisca Torres

Dúvidas

Embora não se pareça à famosa pintura de Magritte, muitos vão dizer "isso não é um lagarto".
Na minha opinião é um lagarto que dá a impressão de ser um ponto de interrogação. No entanto preciso de dizer que, vista a posição da cauda, esse sangue frio indica que tem dúvidas sobre os grânulos.
Então amigo ágil, não os coma!
Provavelmente é um inseticida.
O homem só pensa no seu próprio bem-estar, nunca na prosperidade dos outros
.

Theo De Bakkere, 60 anos, Antuérpia, Bélgica

Desafio nº 51 – sobre uma imagem de Francisca Torres

A lagartixa assustada

A miúda era muito urbana! E não era que ele se tinha apaixonado? Logo ele que era um rústico...
Levou-a ao monte onde a velha Gertrudes cozinhara um ensopado. Ela aguentou-se gabando os comeres, indagando temperos...Depois foram passear a cavalo entre sobreiros e vacas, esperando um queixume, um ai, mas nada…
No regresso quis uma flor, uma recordação, quando lhe salta uma lagartixa... O grito foi tao profundo que esta virou encarnada...
E o namoro acabou-se!

Isabel Lopo, Alentejo

Desafio nº 51 – sobre uma imagem de Francisca Torres

Lagartixa fobia

Era uma moça corajosa, mas tinha uma fobia: lagartixas!
Convidada a passear na casa de praia da sogra aceitou, embora receosa do que poderia encontrar.
O dia de praia foi agradável até a hora de dormir.
Ela estava cochilando quando sentiu alguma coisa fria no pé.
Seu marido acendeu a luz e viu a lagartixa subindo pelas paredes de um lado e sua esposa do outro!
Constatou que a esposa tinha lagartixa fobia e a lagartixa coitada: mulher fobia!

Anne Lieri, 53 anos, São Paulo, Brasil

Desafio nº 51 – sobre uma imagem de Francisca Torres

A Astuta Lagartixa

O menino passava parte do tempo no quintal dos avós;  espiava o frenesi mecânico das formigas, as
diáfanas borboletinhas que voejavam de flor em flor, o ballet acrobático dos gatos em cima do muro...  Intrigava-o contudo, o interesse duma lagartixa que, invariavelmente, estacava diante de duas pintas na parede. Depois sumia assustadiça.
Deixou de aparecer. Uma tarde, o menino vislumbrou um enorme sardão, marcando território.
Astuciosa, a lagartixa deu à soleta antes que o predador a alcançasse.

Elisabeth Oliveira Janeiro, 69 anos, Lisboa

Desafio nº 51 – sobre uma imagem de Francisca Torres

Esperteza de bicho

A lagartixa vermelha passeava no jardim. Estava de péssimo humor, ficara sozinha.
Dirigiu-se a casa, comeu alguns mosquitos que encontrou no frigorífico e instalou-se na sala. Subiu para a mesa do Snooker. Esta era verde, não se confundia com a sua cor.
Pensou jogar,  faltava-lhe parceiro, mas resolveu praticar. Deu umas tacadas, com a cauda, claro. 
Saiu-se muito bem. No final, o jogo estava  ganho, apenas lhe faltava meter duas bolas.
Vermelha e azul, só seis pontos!

Rosélia Palminha, 65 anos, Pinhal Novo  

Desafio nº 51 – sobre uma imagem de Francisca Torres