16/07/15

Nem morrendo...

– Mudo…. Para que sirvo eu mudo?
– Cala-te, resmungão! E eu sempre debaixo de ti?
– Sempre me és útil, embelezas o meu chão! Oh, naperon da avozinha!
– A ti cortaram-te o pio, para que serves, velho rádio?
– Não tarda saio daqui. Valho dinheiro num antiquário. Deixa-os descobrir e verás!
– Não sentes calor? Olha o fumo debaixo da porta!
– Socorro! A casa está a arder!
– Ninguém te ouve, rádio mudo. Anima-te! Ao menos morremos juntinhos!
– Nem morrendo tenho sorte…

Amélia Meireles, 62 anos, Ponta Delgada

Desafio nº 62 – dois objectos, numa prateleira cheia de pó, conversam

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