21/12/17

Fernando Guerreiro ― escritiva 27

A resina gotejava lentamente das pinhas que se abriam como flores incandescentes. Ao lume, a velha panela de barro gorgolhava com a couve agarrada aos feijões que ameaçavam saltar para as labaredas. O pão torrado clamava por banha. No fogão, uma cafeteira de alumínio sardenta soltava um fio de vapor que anunciava café acabado de moer. O cheiro a naftalina, sabonete azul e espuma de barbear compunham o ramalhete. Assim era o Natal numa casa que ruiu.
Fernando Guerreiro, São Brás de Alportel, 41 anos
Escritiva nº 27 - cheiros
Mais textos aqui – Micro Contos (www.facebook.com/microcontos)



Sem comentários:

Enviar um comentário