27/02/18

Glória Vilbro ― escritiva 29


Em jovem o meu pai montava a cavalo. Quando deixámos África, ele quis trazer recordações das distantes cavalgadas. Abrimos o caixote (contentor, como dizíamos) e lá estavam as botas, esporas, estribos, luvas... No meio destes objectos deformados pela humidade, e molhados de saudades, não encontrámos a sela. Então foi como se esta ausência doesse mais do que a falta do cavalo, do capim e da cacimba. A sela perdera-se das recordações, alcançando assim a glória da eternidade.
Glória Vilbro, 50 anos, Negrais, Almargem do Bispo - Sintra
Escritiva nº 29 – história de amor de objetos


Sem comentários:

Enviar um comentário