30/06/18

Chica ― desafio 144


Estava deprimida. Não conseguia perdoar o acontecido.
Tomava nota de tudo. Somava uma, duas, muitas vezes. E nada!
Logo aquela pessoa com quem sempre  havia privado e privilegiado com intimidade e amizade.  Nunca imaginaria que seria assim depreciada.
Magoei. Uma atitude era preciso.
Doía muito. Se sozinha, ficava a remoer o acontecido.
O que fazer? Privatizar dados. Ficar esperta, não mais dar a senha e dados bancários para pessoas que da família não fossem.
Lição aprendida? Tomara!
Chica, 69 anos Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil
Desafio nº 144 ― 10 verbos com certas características

Maria João Barradas ― desafio RS 7


Ao descer a calçada irregular, tropeçou e perdeu uma soca. A manhã tinha começado num caos: apesar das juras ocas da última noite,
desconfiava que ele tinha um caso; irritada, gritara-lhe da cozinha: “Fazes sumo de laranja, mas não o coas!”.
O pensamento de que ele lhe era infiel dava-lhe asco e não o conseguia tirar da cabeça, enquanto procurava as chaves no forro do saco.
Tem de o levar à mãe, para que ela lho cosa.
Maria João Barradas, Faro
Desafio Rádio Sim nº 7 – anagramas com S C O A

Desafio nº 144

Preciso de dois verbos de cada tipo:

acabados em OMAR + acabados em OER + acabados em OAR
+ começados por PRIV + começados por DEPR
Que história se escreve com os 10 verbos? Podemos conjugá-los, claro!

Eu, depois de andar às voltas, escrevi isto:
Não conseguia domar aquele tecido. Engomava bem, mas, por estar a remoer nas palavras do marido, o tecido podia rebelar-se à vontade. Deprimia-se com a traição ou com o facto de a pirosa apregoar o feito? O problema irritava-a. Principiara por quase se esquecer da facada no casamento insonso, sempre coara a realidade sem ciúmes. Mas a pirosa privava com amigas e era fácil depreender quais as palavras com que roía o osso ― era uma desbocada insuportável.
Margarida Fonseca Santos, 57 anos, Lisboa
Desafio nº 144 ― 10 verbos com certas características
EXEMPLOS

28/06/18

Maria João Cortês ― desafio RS 32


Era alguém cheio de atributos: invulgarmente inteligente, com uma conversa interessante e criativa, mas a sua personalidade resvalava de uma bondade extrema, a uma rigidez de carater contrastante.
Não sabia dizer não, mas arrependia-se sempre da sua condescendência.
Tinha de mudar, pois abusavam dele.
Passado uns tempos, encontrei-o e verifiquei que qualquer coisa se alterara na sua maneira de ser.
Com curiosidade perguntei-lhe, e, com um sorriso malicioso, respondeu:
― Estou no psicólogo para aprender a dizer NÃO.
Maria João Cortês, 75 anos, Lisboa
Desafio RS nº 32 – a arte de dizer não

26/06/18

Ana Pegado ― desafio 143


“Com o meu trevo da sorte, fujo a sete pés da morte!”, já dizia a minha avozinha. E naquele dia acredito que só me safei porque o meu trevo anda sempre no bolso do casaco. O bolso frontal, que fica perto do coração. Porque é o meu coração que precisa mais de proteção. Mais do que o cérebro, porque esse safa-se bem sozinho. Mas o coração mete-se em apuros e naquele dia meteu-se numa alhada das grandes.
Ana Pegado, 31 anos, Lisboa
Desafio nº 143 ― novo ditado popular

Natalina Marques ― escritiva 33


Sentia-se só, quando a conheceu, era da mesma TURMA e cantava no mesmo CORO.
A felicidade, a alegria, começou a desabrochar nos seus sonhos, na sua vida, como uma suave SINFONIA que adorava ouvir.
Viera do ARQUIPÉLAGO, onde dançava no RANCHO. Agora faz parte do JÚRI da escola.
Vendeu o OLIVAL, comprou um anel, pediu-a em casamento, a resposta não foi a esperada.
Voltou para a terra e comprou um POMAR; pelo menos fruta, não iria faltar.
Natalina Marques, 59 anos, Palmela
Escritiva 33 ― 7 nomes coletivos

25/06/18

Programas Rádio Sim - semana 25 junho 2018

Todos os programas, sempre com Helena Almeida e Inês Carneiro, 

nas Giras e Discos, podem ouvir-se aqui (ou pelos links que estão em baixo).

Indicativo do programa:








- Música e letra: Margarida Fonseca Santos; 
Arranjos, direcção musical, piano e voz: Francisco Cardoso
- Histórias de Cantar CD - Conta Reconta

22/06/18

Theo De Bakkere ― escritiva 33


Os jardins do palácio Fronteira 
Das janelas da biblioteca, olhei para os jardins de Fronteira, lá na sombra do pomar, uma multidão estava a ouvir um guia. E na galeria dos reis, como se fosse uma exuberante alcateia de lobitos, brincava uma turma de cadetes do exército ao jogo das escondidas. Injustamente, faltava-lhes o interesse para os azulejos.
Sem júri perito, acho a mais engraçada apresentação: daquele rancho de animais, tocando música, enquanto que o coro entoa uma canção em sinfonia polifónica.
Theo De Bakkere, 66 anos, Antuérpia Bélgica
Escritiva 33 ― 7 nomes coletivos

Filomena Galvão ― escritiva 33


Catarina saiu do arquipélago, não aguentava aquela multidão junta ao casario sempre a quadrilhar. Era dada às artes, mas por muito que gostasse de dança, aquilo era demasiado. Preferia a pintura e queria trabalhar, se possível, expor numa galeria.
Pesquisou o jornal diário na biblioteca e candidatou-se a uma vaga. Teria que passar pelo crivo de um júri, mas tinha de arriscar. O sonho assim lho ditava. Foi aceite. Os seus sentidos entraram todos numa grande sinfonia.
Filomena Galvão, 57 anos, Corroios​
Escritiva 33 ― 7 nomes coletivos

Margarida Freire ― escritiva 33


O velho mar “que Europa de África divide” é palco de muitos dramas, ao longo da História, mas raramente como agora.
Uma FROTA de frágeis embarcações, apinhadas de uma pequena MULTIDÃO de gente fragilizada, demanda a Terra Prometida
Mas num EXERCITO treinado, qual ALCATEIA atenta, numa SINFONIA que ecoa da Itália à Hungria, “senhores do Mundo” recusam. Na GALERIA do PE, raras vozes os defendem. Até que, num imenso CORO, os Povos do Mundo inteiro gritem CHEGA.
Margarida Freire, 75 anos, Moita
Escritiva 33 ― 7 nomes coletivos

Paula Castanheira ― escritiva 33


Contemplando o que restava da sede do rancho local, Adosinda, olhos húmidos, coração apertado, recorda o casario, que ladeava aquela rua, onde outrora bandos de crianças se atropelavam em sinfonias de brincadeiras. O pomar e o olival do avô, eram agora selvas intocáveis. Amiúde, alcateias famintas, desciam à aldeia, procurando sem sucesso, o alimento que a serra queimada lhes negava.
Aquela que já fora jardim da sua infância estava moribunda, atingida sem dó, pela lepra do esquecimento.
Paula Castanheira, 54 anos, Odeceixe
Escritiva 33 ― 7 nomes coletivos

20/06/18

Maria João Barradas ― desafio 59


Não subas! Não caias! Não rasgues! Não comas! Não sujes! Não te distraias! Não fujas! Não saias! Não voltes! Não ames! Não cuides! Não traias! Não vivas! Não morras!
Mas ele subiu tantos muros, caiu tantas vezes, sujou as camisas, rasgou os calções, comeu mil gomas, distraiu-se na escola, saiu para a noite, fugiu de casa, voltou muitas vezes, amou tanta gente, cuidou dos amores, traiu traições, viveu como soube, nunca disse nunca e morreu quando quis.
Maria João Barradas, Faro
Desafio nº 59 – 14 vezes a palavra não

Chica ― escritiva 33


O susto
O CASARIO já se via bem ao longe. 
BANDO de pessoas se aproximava da ponte. 
A MULTIDÃO crescia para ver o EXÉRCITO marchando, acompanhando um CORO que entoava o hino da cidade. 
Tudo para festejar mais um aniversário da BIBLIOTECA local. 
O festejo teve como ponto culminante um piquenique junto ao POMAR e OLIVAL. 
Ao final, reuniram a TURMA, fizeram fotos para a GALERIA oficial. 
Tudo certo, pena uma ALCATEIA não convidada que colocou todos a correr! 
Chica, 69 anos Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil
Escritiva 33 ― 7 nomes coletivos

Escritiva n.º 33


Junho é mês de hordas de turistas que invadem tudo o que é rua ou ruela aqui em Salamanca e que me avisam de que já falta menos para as férias de verão. E falando de grupos, lembrei-me dos nomes coletivos e apeteceu-me propor-vos o seguinte desafio: escreverem o vosso texto usando 7 dos seguintes nomes coletivos.

Coro/turma/bando/alcateia/biblioteca/frota/exército/arquipélago/
multidão/olival/pomar/sinfonia/quadrilha/rancho/casario/ júri/galeria

Naquela TURMA cantavam todos tão bem, que a professora de música decidiu inscrevê-los no concurso de COROS do ARQUIPÉLAGO. Ao final do dia, lá vinham eles em BANDO para inundarem a BIBLIOTECA com alegres SINFONIAS. Assim foi até ao grande dia em que, tomados por uma súbita afonia coletiva, ao subirem ao palco foram incapazes de cantar uma só nota.
Para surpresa geral, o JÚRI declarou vencedor o silêncio harmonioso como a melodia mais afinada do concurso.
Paula Cristina Pessanha Isidoro, 37 anos, Salamanca
Escritiva 33 ― 7 nomes coletivos

19/06/18

Isabel Lopo ― desafio 143


Na reunião da bicharada faziam-se conjeturas. «Imagina», dizia a barata, «que tu, formiga, encarnavas a cigarra...»
«Eu que gasto os meus pés a trabalhar, transformar-me nessa inútil!», retorquia a formiga.
«Mas canta e encanta», dizia o gafanhoto, «enquanto tu és uma chata...»
A formiga ficou a matutar naquilo... À noite, enfeitou-se e pôs-se à janela a cantar. Mas desafinou e todos fugiram.
Quando acordou viu um grande cartaz: FORMIGA QUE ENCARNA EM CIGARRA, SÓ ASSUSTA A BICHARADA.
Isabel Lopo, Alentejo
Desafio nº 143 ― novo ditado popular

Ferrugem ― desafio 133

Procurava um caminho por onde ir. Observava todos os sinais, sem ter muitas certezas, sentia-me inseguro, mas sabia que tinha de seguir. Fui em frente. O caminho era sinuoso, com tantas curvas não via o horizonte, mas caminhava. Exausto parei, sentei me na berma. De repente surgiu uma borboleta, fiquei encantado com a sua beleza. Inebriado fiquei estático, desequilibrei me e cai na estrada num monte de silvas. Senti dor. Comecei a sentir o meu corpo acordado.
Ferrugem, 45 anos, Porto
Desafio nº 133 ― cair nas silvas

Helder Bernardo ― desafio 26


Num outro dia, num outro lugar, voltarás a ser flor de Primavera e eu  Sol do meio-dia. Todo o teu esplendor espalhará pureza imaculada e receber-me-ás nas ondas claras da madrugada. Seremos, de novo, apenas um só corpo, apenas uma só alma.
Nesse sítio distante, nascerão flores, há muito esquecidas, recicladas pela linha do tempo. As árvores, animadas pelos ventos do sul, perfumarão os caminhos e desfilaremos em tapetes de pétalas orvalhadas, até ao final dos tempos.
Helder Bernardo, 57 anos, Sines
Desafio nº 26 – dedicatória para alguém

18/06/18

Diário 77 ― 73 ― A porta aberta

Não conseguia esconder o que sentia. Havia um sorriso desconcertante a nascer-lhe no rosto, escapando-se da censura rigorosa que imaginava obrigatória quando, sozinha, caminhava em espaços públicos.
Tudo começara meses atrás. Um ponto final numa carreira, um ponto de interrogação no futuro e umas reticências nas ideias. Agora, tudo mudara. O projeto fora aceite, abrira-lhe uma porta para a qual escolhera bem a chave: a sua criatividade.
Cruzando-se consigo na passadeira, alguém lhe devolveu o sorriso. Corou.
Margarida Fonseca Santos

Programas Rádio Sim - 18 junho 2018

Todos os programas, sempre com Helena Almeida e Inês Carneiro, 

nas Giras e Discos, podem ouvir-se aqui (ou pelos links que estão em baixo).

Indicativo do programa:








- Música e letra: Margarida Fonseca Santos; 
Arranjos, direcção musical, piano e voz: Francisco Cardoso
- Histórias de Cantar CD - Conta Reconta

16/06/18

Zé Maria ― desafio 5


Acompanhar cantar vagabundo daqueles que alegram mundo
Acompanhar a presença daqueles dois era privilégio.
Cantar músicas juntos que lhes despertassem alegrias tornara-se imperativo.
Vagabundo éramos, não havia nem Eu nem Ela, éramos Nós; não tínhamos lar, éramos de onde estivesse o outro;
Daqueles com quem sabe bem viver, isso sabia-lhes bem saber; já existiam melhor por saber que um e outro existiam,
Que amam, sabem ser amados,
Alegram qualquer espaço,
Mundo lindo e Mágico: Amor!
Zé Maria, 37 anos, Sintra
Desafio nº 5frase de sete palavras, cada palavra está depois de 10 em 10 palavras

Carla Silva ― desafio 142


Jerónimo Continente permaneceu parado na porta, incrédulo.
No rosto expressava a incredulidade que sentia.
Tudo parecia saído de um filme fantasmagórico.
Pestanejou esperançoso mas a miséria continuava ali.
O cortinado, além de roto, estava nojento. 
No frigorífico um prato de rins esquecido.
Junto à mesa jazia uma travessa partida.
Começava a achar aquele retiro péssima ideia. 
Quem pensara alugar a casa naquele estado?!
Uma mera limpeza não resolvia a situação.
E ele que se prometera uns dias...
Carla Silva, 44 anos, Barbacena 
Desafio nº 142 ― 11 palavras para frases de 7

Zé Maria ― desafio 5


Ah, era um ouriço, fiquei mais descansada!
Ah, que susto, nem imaginam!!! Aquele som, que se ouvia,
era assustador, e eu não percebia quem o podia fazer.
Um leão, não era de certeza… Seria então uma cobra? Um
Ouriço?! Estava a delirar, já se vê, era tudo mentira…
Fiquei quieta, a pensar que aquele fruto da minha imaginação
mais uma vez me distraíra. Voltei ao trabalho, queria ficar
descansada, acabá-lo. E não é que o som voltou?! Bolas!!!
Zé Maria, 37 anos, Sintra
Desafio nº 5frase de sete palavras, cada palavra está depois de 10 em 10 palavras

Helena Rosinha ― desafio 142


Atrás do cortinado do dormitório, Julinha cismava. Não se conformava com a miséria circundante. Liberto de amarras castradoras, o pensamento voava. Sabia que o poeta chegava do continente. Determinada, saltaria pela janela, correria Travessa fora. Encontrar-se-iam no porto, lembrá-lo-ia da promessa feita. Num golpe de rins resolveria a situação. Esquecer tudo, todos, seria uma limpeza geral.
Denso nevoeiro cobre agora Fajã do Retiro. Um navio desaparece engolido por fantasmagóricas volutas. Incrédula, sentindo-se ultrajada, Julinha expressa desesperada consternação.
Helena Rosinha, 65 anos, Vila Franca de Xira
Desafio nº 142 ― 11 palavras para frases de 7

Zé Maria ― desafio 77


Eu: Porquê este número?
Ela: Porque 50 é muito difícil e 100 muito fácil... e porque é divertido.
Porque se fosse outro poder-se-ia perguntar porque não era este,
Porque gosto da ideia de não ser redondo como 6 ou 8 e ser dobrado.
Porque razão as coisas são assim e não de outra maneira!?
Porque se corre bem não é preciso mudar as regras.
Porque sim, porque ainda não encontrei motivos para querer mudar.
Porquê essa pergunta!?
Zé Maria, 37 anos, Sintra
Desafio nº 77 – texto sobre o blogue

Mafalda Domingues ― desafio 134


Chegou demasiado tarde.
dia não esperara por si.
Tinha uma ferida que arde
Muito correu até ali.

As horas, os minutos e os segundos
Não esperam por ninguém,
Nós pessoas de mundos 
Temos de nos despachar para chegar além.

Onde será que chegou atrasada?
À escola, ao comboio, ao avião...
Será que antes estava muito atarefada?
Que grande frustração!

Eu acho que aquela ferida
Também a prejudicou,
Ficou bastante perdida
Perdidamente ficou.
Assim o dia acabou!
Mafalda Domingues, 6º A, Escola Dr. Costa Matos, Gaia, prof Cristina Félix
Desafio nº 134 ― «Chegou atrasado…»

Zé Maria ― desafio 4


Sou um bule rachado, sou...
Mais coisas a melhorar que coisas partidas.
Mais inícios que fins, continuações, até jás.
Uma falha, um caco: a melhorar.
Um levantar digno, um erguer.
Uma abertura para um mundo novo.
Comparando-me, é um erro, pior, melhor, diferente.
Que podemos e queremos fazer-nos outros!
Que temos pouco conhecimento do nosso interior e quisas do nosso exterior.
Que tanto existe no mundo que nos torna pouco importantes.
Sou uma boa forma de regar.
Zé Maria, 37 anos, Sintra
Desafio nº 4começando a frase “Sou um bule rachado, sou”

Diário 77 ― 72 ― Atacadores

Bolas!!! Se não tivesse sido tão teimosa! Se tivesse ouvido outra vez!
Matilde não conseguia lembrar-se. Era por cima, depois dava a volta… Não! Tinham de fazer umas orelhas, disso lembrava-se, e depois?
Nada feito! Os atacadores recusavam-se a colaborar. A voz da mãe chamava:
– Então? Chamo o elevador?
Matilde encheu-se de coragem. Avançou pelo corredor, qual soldado derrotado. Os atacadores, mortos de cansaço, iam de rojo pelo chão.
– Ai, Matilde, desculpa, esqueci-me. Que cabeça a minha!
Margarida Fonseca Santos


14/06/18

Diário 77 ― 71 ― Pobreza

A rua deserta, o ar pesado. Ao longe, sons de passos apressados. Revolveu-se, por dentro e por fora. A noite aborrecia-o sempre, esquecendo a ladainha do dia. Um novo som, desta vez mais enigmático, aproximou-se. Um andar desarticulado, desarrumado, como se a cadência do andar mostrasse como a vida o cadenciara. Observou-o com atenção. O coxo cruzou-se com ele sem lhe dirigir a palavra, sustendo a respiração para evitar o cheiro da pobreza. A noite continuou, deserta.
Margarida Fonseca Santos


12/06/18

Mariana Batista ― desafio RS 7


A Rita acordou, vestiu-se e foi calçar-se, mas tinha desaparecido uma das suas socas. Chamou-lhe o caso da soca perdida. Desceu as escadas e foi tomar o pequeno-almoço. A mãe disse-lhe:
― Enquanto coas o teu leite sem asco, eu preparo a teu lanche para levares para a escola e coloco num saco.
― Sim, mãe. Depois cosa, por favor, as minhas meias. Procure-as naquela gaveta que está um caos.
― Diverte-te com os teus amigos e não sejam cabeças ocas!
Mariana Batista, 6º A, Colégio do Vale, prof Andreia Ferreira
Desafio Rádio Sim nº 7 – anagramas com S C O A