Na velha adega, havia a cisterna inativa. Nunca resistia ao desafio de lhe
atirar pedras dentro, pela pequena abertura circular. Ficava à espera de ouvir
o som cavo do baque quanto batiam no fundo: phôhhh… Depois fugia aterrada,
imaginando esqueléticos longos braços com mãos esquálidas, agarrando-me as
pernas. Cá fora cheirava a terra molhada. Era inverno, nuvens cinzentas
anunciavam novos aguaceiros. Refugiava-me em casa: a lenha crepitava na lareira
acesa pela avó, para fumar os enchidos.
Natércia Tomás, 65 anos, Caldas da
Rainha
Desafio nº 162 ―
pedra, nuvem, terra e lenha como indutoras
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