31/05/20

Paula Isidoro - desafio 209

Sei muito, sobre tudo e mais alguma coisa, nisso tem razão. Não sei, no entanto, se poderei responder a essa pergunta. Nem sei por onde começar, na verdade. Só sei que me parece estranho que me pergunte isso a mim, mas bom. Também sei que este momento é de maior introspeção, pelo isolamento, e isso pode dar para refletir um pouco mais sobre este tipo de questões. Nunca sei como começar, mas recapitulemos. Qual era a pergunta?
Paula Cristina Pessanha Isidoro, 39 anos, Salamanca
Desafio nó 209 – ritmo do texto SEI

Fernanda Malhão ― desafio 209

Sei que hoje não sou a mesma pessoa que era o ano passado, ou a semana passada, ou se calhar ontem. Não sei muito bem como isso acontece e nem sei em que momento as coisas mudam. Mas só sei que mudança é inevitável, que as histórias que vivemos nos modificam. Também sei que ficar presa ao passado é inútil. Nunca saberemos para onde as mudanças nos levam, mas temos de tentar direcioná-las para um futuro melhor!
Fernanda Malhão, 44 anos, Gondomar 
Desafio nó 209 – ritmo do texto SEI

Fernanda Malhão ― desafio 12


É primavera! Tudo a florir e pólen por toda a parte! Espirro!! Espirro! Espirro!!.. Desculpem, estes espirros têm sido o meu dia a dia e noite a noite! Espirros são desagradáveis, espirros cansam, e nesta fase de pandemia espirros são motivos de pânico, que garantem o distanciamento social de certeza. Ninguém quer ficar perto de uma pessoa que em 1 minuto tem 10 espirros! Não há texto narrativo que flua com nariz entupido e espirros! Espirro! Atchimmmmm!
Fernanda Malhão, 44 anos, Gondomar
Desafio nº 12 – uma palavra que aparece meia-dúzia de vezes, pelo menos

Verena Niederberger ― desafio 209

Sei que o vírus de mansinho chegou.
Pouco a pouco se instalou.
Nem sei direito como tudo começou.
Não sei como me contaminei.
Prostração, mal estar senti.
Também sei que a febre e tosse teimavam em permanecer.
Médica, desde o início, me acalmou
Era necessário repouso fazer.
A calma era, fundamental, manter.
Fui me recuperando devagar.
Só sei que, depois de um tempo, me curei.
Nunca sei o que para pessoas dizer.
Que não querem isolamento fazer.
Verena Niederberger, 69 anos, Rio de Janeiro - Brasil
Desafio nó 209 – ritmo do texto SEI

Rafaela C ― desafio 205

Era uma vez uma menina chamada Teresa. Ela era terrível a arte, mas a professora dizia que se tentasse desenhar um tapete, era como um tesouro, porque a professora adorava tapetes. Quando chegou a casa, pôs-se a olhar para o telhado e lembrou-se que tinha consulta no dentista, tinha que arrancar um dente, na clínica do Continente! Agarrou no telefone, sem tristeza, ligou para a clínica, era muito destemida, podia ser péssima a arte, mas era responsável.
Rafaela C, 6ºD, Escola Dr. António Augusto Louro- Seixal, Professora Isabel Preto
Desafio nº 205 ― sílaba TE

Rafaela C ― desafio 205


Era uma vez uma menina chamada Teresa. Certo dia, ela acordou muito contente, pois era o seu aniversário. Nessa manhã, os pais dela acordaram-na com duas prendas, quando ela abriu as prendas, viu um pente, com brilhantes, era deslumbrante! Também viu um telefone! A mente dela estava muito feliz. Agradeceu aos pais, aproveitaram o dia, comeram bolo e, à noite, ela não parava de serpentear no chão, porque era um combate, até já estava quente! Ela adorou! 
Rafaela C, 6ºD, Escola Dr. António Augusto Louro- Seixal, Professora Isabel Preto
Desafio nº 205 ― sílaba TE


Sara V ― desafio 205

AAH, jornal fresquinho, acabadinho de sair da loja! Vamos lá ver o que me trazes hoje, uuuhhh as kardashians fizeram uma plástica, o coronavírus espalhou-se por Itália, chegando a França, Espanha e, depois, a Portugal (isto é um vírus mesmo perigoso, já morreu muita gente por conta disto, mas pronto nós vamos conseguir)… Ah! Apanhadas pensavam que fugiam, não é, Palavras Cruzadas?! Então horizontais: tesouro, dente, testes; verticais: tesoura, telefonava, temia, terra, diagonais: tema, texto, tecla…
Sara V, 6ºD, Escola Dr. António Augusto Louro- Seixal, Professora Isabel Preto
Desafio nº 205 ― sílaba TE

Elsa Alves ― desafio 13

Não receava passar debaixo de escadas. Não achava gatos pretos agoirentos. Azar por partir um espelho? Disparate. No entanto... um medo incompreensível de sextas-feiras treze. Estava, felizmente, provadíssimo, que, por ano, haveria no máximo três. Dos anos anteriores não se lembrava bem ― a memória já falhava ― mas hoje, sabia-o, era uma fatídica sexta-feira treze. Assustou-se com o grito da miúda, tentando pisá-la. Conseguiu fugir. As pernas trémulas. Que mais poderia esperar de uma sexta-feira treze? Era barata...
Elsa Alves, 71 anos, Vila Franca de Xira
Desafio nº 13 – Frase para terminar: Que mais poderia esperar de uma sexta-feira 13? Era barata!

Chica ― desafio 209

Nem sei como começar a falar o que está acontecendo com as pessoas no mundo.
Não sei se todos têm o mesmo sentir diante do que temos visto.
 sei que aquela cena do policial sufocando o homem não saiu de minha mente.
Também sei que já aconteceu aqui no Brasil, mas fiquei impressionada demais.
Nunca sei, não consigo entender esse racismo.
Sei que gostaria nunca mais dele precisar ver nem ouvir falar! Seja a justiça feita!
Chica, 70 anos Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil
Desafio nó 209 – ritmo do texto SEI

Rosélia Bezerra ― desafio 209


Sei de muitas coisas que fui vivendo ao longo da vida, entretanto não sei de tantas outras.
Nem sei o tanto que aprendi, me enriqueci.
 sei que um pouco apreendi, pois tem certos momentos que também sei aplicar meu potencial aos que tanto quero bem .
Nunca sei como fazer o bem para quem não é agradecido. Tudo que faço nada lhe convém. 
Entretanto de uma coisa sei bem: farei o bem ilimitadamente, dentro das minhas parcas possibilidades
Rosélia Bezerra, 65 anos, ES, Brasil
Desafio nó 209 – ritmo do texto SEI

Elsa Alves ― desafio 9

Arnaldo era pastor. À noite, recolhendo o gado, conversava com a estrelinha mais brilhante, no alto da serra. Contaram isto ao rei. Este, não acreditando, chama Arnaldo ao palácio. "Ofereço-te todas as minhas jóias em troca dessa estrela falante." Arnaldo não aceita. A estrela receia a tentação. O pastor acalma-a: "Não te troco por nada." E, armado em profeta, chama à serra "Serra da Estrela". Lá em cima, dizem, brilha ainda essa estrelinha, lembrando se, talvez, do amigo pastor.
Elsa Alves, 71 anos, Vila Franca de Xira
Desafio nº 9 – sem usar uma letra (U, R, S ou E) – história conhecida

Fernanda Malhão ― desafio 10

Não quero ser a mesma ingénua, vou abrir os olhos! Foi o que pensei quando descobri que todos no meu trabalho (menos eu) sabiam da possível uma promoção! Mas ao abrir os olhos vi tanta ganância e valores sujos, tantos esquemas de intrigas. Depois de tantos duelos enrustidos, sabem o que aconteceu? Mudaram de ideias e afinal todos ficaram no mesmo lugar. E eu decidi que afinal: Quero ser a mesma ingénua, não vou abrir os olhos!
Fernanda Malhão, 44 anos, Gondomar
Desafio nº 10 – duas frases com as mesmas palavras e sentidos diferentes

Beatriz F ― desafio 190

Naquele piquenique todos brindavam. Tinham ficado surpreendidos, jaziam pelos campos rosas belíssimas. Estávamos em Maio, Júlia tinha noivado com Bruno. Em estilo campestre, Jardineiro aparava a relva, borrifando tudo com entusiasmo. Juntava folhas secas num balde, tornando o ambiente jovial. 
Os pássaros apressados bebiam da água que jorrava da ribeira, emitindo beijos sonoros, trinados bem janotas. Os arbustos eram brisa aromática, correndo pelo jardim.
A algazarra manifestava-se barulhenta. Com vestes em jeito solene, o dia bendito alvoreceu.
Beatriz F, Epadrc, Alcobaça - Prof.ª Fernanda Duarte
Desafio nº 190 ― de 3 em 3, B ou J

30/05/20

Desafio nº 209


Trabalharemos hoje o ritmo do texto.

As frases que escreverem terão de usar, logo no início (na pessoa e tempo verbal que quiserem e pela ordem que preferirem):

Sei… Não sei… Nem sei… 

Só sei… Também sei… Nunca sei…

Experimentei assim:
Sei que podia ter feito melhor, mais depressa, com maior eficácia. Não sei se isso mudaria o que pensas de mim. Nem sei se mudaria a forma como me vejo a mim mesma. Só sei que não me envolvi demasiado, deitei tudo a perder. Também sei que faço isto por sistema, repetindo, ano após ano, os mesmos erros. Nunca sei o que fazer no momento exato, só muito depois, ruminando ideias brilhantes, fingindo que sei alguma coisa… Margarida Fonseca Santos, 59 anos, Lisboa
Desafio nº 209 – ritmo do texto SEI

28/05/20

Maria João Cortês ― desafio 208


Sou uma privilegiada, há três meses no campo e ainda não me aborreci.
Uma das minhas escolhas é observar a Natureza, ver como o sol e as chuvas desenvolvem as espécies, sendo que algumas, como o medronheiro, nascem espontaneamente.
Em frente da minha janela, nasceu um, muito composto e com o tempo foram crescendo à volta uns filhotes.
Hoje o medronheiro-mãe e a sua descendência têm um bonito porte e de tão chegadinhos, fazem uma só sombra.
Maria João Cortês, 77 anos, Lisboa
Desafio nº 208 ― fotog menino à janela

Elsa Alves ― desafio 8


Dançara sempre. Anos, sem parar. Recorda-se do passado. Começara em casa, com a mãe. "Aprende. Põe-te na ponta dos dedos dos pés. As mãos no ar." Ele, docemente, rodando o corpo. Parando por momentos. Saltando alto." Repete." Cansado? Não. Calmo. Preparado. Sem medo. A mãe, terna, demonstrando os passos certos. "Repara". Ele, de rosto pasmado, atento. Escola? Não... O palco era o plano traçado mentalmente. E a dança, mantendo o mesmo encanto, passara a real ,no presente.
Elsa Alves, 71 anos, Vila Franca de Xira
Desafio nº 8 – crise de letras; usar só A E O T R S P L M N D C

Fernanda Malhão ― desafio 9

A lebre era mesmo veloz, achava-se a melhor de toda a mata. Mas o cágado a desafia para correr, primeiro ri, mas acaba por aceitar. Seria facílimo ganhar! Na hora marcada lá estavam, prontas para a grande corrida. Lentamente lá vai o cágado com mini passinhos e a lebre já ia longe, tão confiante, pode então descansar até a soneca chegar. Ao despertar bem se pôs a acelerar, mas já não a tempo de a corrida ganhar!
Fernanda Malhão, 44 anos, Gondomar
Desafio nº 9 – sem usar uma letra (U, R, S ou E) – história conhecida

27/05/20

Fernanda Malhão ― desafio 8


O sol aparece! Anda! Salta dessa cama! Para de reclamar! De nada adianta! Encara! O mal está em não tentar! O medo é corrente, prende, aperta, cala! Solta-te! Nada pode te parar! Não é sorte, depende das sementes plantadas com amor! Elas nascem no momento certo, sem as podermos controlar. Não controlamos nada! Só podemos plantar…e ter esperança! O retorno é certo, pode é demorar mais ou menos, mas de repente ele aparece de onde menos esperamos!
Fernanda Malhão, 44 anos Gondomar
Desafio nº 8 – crise de letras; usar só A E O T R S P L M N D

Elsa Alves ― desafio 7


À partida, o desafio pareceu-me um bicho-de-SETE-cabeças... Mas, a Margarida ― tão ponderada ― devia ter os seus motivos. Seriam pessoais? Teria SETE filhos? Moraria no número SETE? Reparei que o desafio era o número SETE, razão totalmente válida para a escolha. E, também, não podia esquecer toda a magia que rodeia o número. São SETE os dias da semana. SETE as notas musicais. O arco-íris tem SETE cores. Afinal, a Margarida tinha muitas razões para a sua escolha...
Elsa Alves, 71 anos, Vila Franca de Xira
Desafio nº 7 – história onde entre 7 vezes o número 7

Paula Castanheira ― desafio 208

Que era o amor até lhe ter nascido o Pedrinho?
Contemplava aquela figura minúscula, colada à janela da sala. Como tinha crescido o seu menino!
Quando se mudaram para esta casa ainda só gatinhava e agora ali estava ele, atento, a sorver cada detalhe do mundo lá fora.
Queria-o sempre assim criança, a requisitar-lhe colo e beijos. E, no entanto, desejava que ele crescesse. Se fizesse homem feliz.
Se lhe pudesse explicar o que era ser adulto…
Paula Castanheira, Massamá
Desafio nº 208 ― fotog menino à janela

Elsa Alves ― desafio 6

De dia viam-se pouco. De manhã, saíam cedo, depois de um pequeno-almoço rápido. Alternavam os dias de levar a garota à creche. Separados, seguiam para os seus insípidos empregos, onde os deveres eram longos e os pagamentos escassos e insuficientes. Mas ao fim da tarde regressavam juntos e, então, nesse abençoada início da noite, a casa, inesperadamente, enchia-se de vida, iluminava-se de alegria. Repartiam tarefas, conversavam, brincavam, riam, faziam amor. Partilhavam momentos de merecida felicidade. Quem diria?
Elsa Alves, 71 anos, Vila Franca de Xira
Desafio nº 6 – Início e fim: De dia viam-se muito pouco …….. Quem diria!

Fernanda Malhão ― desafio 7

Sabem a velha música sete e sete são quatorze com mais sete vinte um, tenho sete namorados e não gosto de nenhum. Assim estava a triste vida de Joaninha, sete pretendentes com sete adjetivos cada um. E mesmo assim não encontrava o namorado perfeito pois um era bonito, charmoso, mas também era maçador e convencido, o outro não era belo, nem rico, mas era divertido e generoso. Ah.. Joaninha…que bicho de sete cabeças pode ser o amor!
Fernanda Malhão, 44 anos, Gondomar
Desafio nº 7 – história onde entre 7 vezes o número 7

25/05/20

Elsa Alves ― desafio 5

Helena apareceu do outro lado da rua.
HELENA era colega de trabalho de Daniel ― seu admirador incondicional.
APARECEU ela, certo dia, no escritório, com os olhos cintilantes.
DO motivo para tal, nada explicou ― Daniel ficou verdadeiramente intrigado...
OUTRO colega mostrava, no olhar, um brilho intenso, como Helena.
LADO a lado, sentados na mesma secretária, trocavam sorrisos doces.
DA relação amorosa entre ambos apercebeu-se Daniel, com raiva crescente.
"RUA", gritou enlouquecido, apontando o dedo indicador ao inesperado rival.
Elsa Alves, 71 anos, Vila Franca de Xira
Desafio nº 5frase de sete palavras, cada palavra está depois de 10 em 10 palavras

Fernanda Malhão ― desafio 6


De dia, viam-se pouco, suas tarefas eram mesmo exigentes, suportavam muito peso, fartavam-se de trabalhar, ora para aqui, ora para acolá, sempre apertados, sem poderem respirar. Poucos momentos tinham de descanso, só mesmo quando estavam a almoçar, ou quando tinham de ir à casa de banho. Mal podiam esperar em casa novamente chegar, para esta pessoa finalmente os descalçar, tirar as meias e assim poderiam novamente se encontrar. Adoravam ficar assim bem juntinhos: os pés. Quem diria…!
Fernanda Malhão, 44 anos, Gondomar
Desafio nº 6 – Início e fim: De dia viam-se muito pouco …….. Quem diria!

Elsa Alves ― desafio 4

Sou um bule rachado, sou... Tombara sobre a mesa no aniversário do Gabriel. Quisera ser ele a servir a servir o chá à avó e, zás, escorregara-lhe das mãos pequeninas. A toalha bordada toda molhada. A racha no bojo. As lágrimas nos olhos da avó. "Ai, o bule da Vista-Alegre!!!" A avó guardara-o como recordação, com um arranjo de flores. "Foi prenda de casamento.", dizia a avó a quem o admirava. Sim, não era um bule qualquer...
Elsa Alves, 71 anos, Vila Franca de Xira
Desafio nº 4começando a frase “Sou um bule rachado, sou”

Helena Rosinha ― desafio 208

Eu sei que é aí que te escondes. Bem vejo como, logo a seguir à minha papa, sais a correr, atravessas a rua a dizer adeus e desapareces atrás dessa casa. Era bom ir contigo, brincávamos os dois, contavas aquelas histórias divertidas e imitávamos os animais e riamos muito. Assim, brinco sozinho. E tu brincas com quem? 
Procuro-te aqui da janela, mas não te vejo. Não me ouves chorar? Preciso do teu colo, do teu cheiro, mãe!
Helena Rosinha, 67 anos, Vila Franca de Xira 
Desafio nº 208 ― fotog menino à janela

Fernanda Malhão ― desafio 5

Que alegria é ter um dia ensolarado!
Que cada dia seja único e saboreado minuto a minuto
Alegria e amor são os temperos que devemos utilizar
É assim que semeamos, sem certezas de os frutos colher
Ter apenas a certeza de que quando doamos somos acrescentados
Um gesto bom, uma simples palavra podem fazer a diferença
Dia a dia não economize sorrisos, o tempo corre depressa
Ensolarado o homem que vive esse sol em si mesmo!
Fernanda Malhão, 44 anos, Gondomar
Desafio nº 5frase de sete palavras, cada palavra está depois de 10 em 10 palavras

Maria João Cortês ― desafio 205


O tempo estava de assustar as bruxas. Começou às sete da tarde com uma chuva diluviana, empurrada pelo levante. A minha gente, grandes e pequenos, estavam aterrorizados, parecia que o telhado vinha abaixo, os trovões e os relâmpagos a desfazerem-se ao longe sobre a terra.
telefone pifou, como costuma acontecer nestas situações.
Estávamos no limite das nossas forças.
No dia seguinte, verificámos, que várias árvores tinham caído, barrando a saída.
Estávamos prisioneiros na nossa própria casa.
Maria João Cortês, 77 anos, Lisboa
Desafio nº 205 ― sílaba TE

23/05/20

Fernanda Malhão ― desafio 4

Sou um bule rachado, sou… e serei cada vez mais daqui para a frente! Deixarei vazar pelas minhas rachadelas, tudo de bom que tenho guardado cá dentro há tanto tempo, todo o calor, todo o aroma, as mais perfumadas especiarias e as histórias…todas as histórias que ouvi nas imensas horas de chás e cafés, servidos por todos os cantos desta casa que habito há tantos anos, histórias divertidas, histórias de aconchego, histórias tristes, histórias de vidas vividas.
Fernanda Malhão, 44 anos, Gondomar
Desafio nº 4começando a frase “Sou um bule rachado, sou”

Isabel Peixeiro ― desafio 208

Uma criança em bicos dos pés espreita e anseia pelo mundo lá fora. Estica o pescoço na esperança de ver mais do que telhados e chaminés. De olhos fechados, escuta: tenta descobrir vozes, gargalhadas, o chiar de um baloiço, uma bola que bate no chão. Imagina borboletas na barriga ao saltar pelas poças de água. Vibra com o estalar de folhas secas debaixo das botas. Abre os olhos e estica-se mais um bocadinho. Falta pouco, está quase.
Isabel Peixeiro, 37 anos, Mafra
Desafio nº 208 ― fotog menino à janela

Elsa Alves ― desafio 3

Fartinha de estar em casa... Tinha de arranjar UM empregozito. Tão certo como DOIS e dois serem QUATRO. Talvez no call-center. Mas o horário era das NOVE às CINCO. Ia chegar a casa depois das SEIS. E o jantar? E de manhã tinha de sair antes das OITO. Com quem ficavam os TRÊS miúdos? E só pagavam DEZ euros/ hora. Nem chegava para os pôr na creche. Trabalhar parecera-lhe tão boa ideia. Afinal era um bicho-de-SETE-cabeças... Desistiu.
Elsa Alves, 71 anos, Vila Franca de Xira
Desafio nº 3 – números de 1 a 10

Toninho ― desafio 208

Na primeira manhã
De minha janela recluso girava meu binóculo. Buscava inspiração poética. Foi assim, que vi um menino numa janela, sem alegria no olhar. Emoldurava com inocência a janela.
Menino olhava o caos orquestrado por buzinas. Era primeira manhã livre da humanidade assustada.
Então os olhos irradiaram numa alegria, notei suas mãos tateando, queriam segurar alguma coisa. Logo percebi os pais, despedindo-se com acenos da calçada, beijos fluíam para a janela, onde a vida voltava normal com sua cuidadora.
Toninho, 64 anos, Salvador-Bahia-Brasil
Desafio nº 208 ― fotog menino à janela
Publicado aqui: mineirinho

Lica ― desafio 208


Numa casa muito modesta, cuja única janela era o postigo da porta, vivia uma senhora com a filha solteira, que teve uma menina.
Apesar da pobreza em que viviam, como tinham tido alguma educação, eram muito bem-falantes, mas muito fechadas em casa, sem deixarem a criança ir brincar no espaço exterior.
Todas tinham olhos claros, e a minha memória vai para os olhinhos daquela menina por trás do postigo, a dizer o adeus mais triste do mundo.
Lica, 81 anos, Lisboa
Desafio nº 208 ― fotog menino à janela

Marta Rodrigues ― desafio 208

Sem saber sabia a vida de todos. Quem entrava e quem saía. Era comandado pela curiosidade que lhe dava ordem para estar de sentinela à janela. Ficava no seu esconderijo secreto, atrás do cortinado. Adorava a vista que tinha para a sua rua. Como as casinhas eram todas baixas ele conseguia ver por cima. Conseguia ver ao longe. Não tinha prédios a esconder o horizonte. Assim descobria o mundo pela janela, este espião de palmo e meio.
Marta Rodrigues, 21 anos, Albufeira 
Desafio nº 208 ― fotog menino à janela

Theo de Bakkere ― desafio 208

Por um instante
Desde que a senilidade a agarrara, ela andava num vaivém, da mesa à janela e da janela à mesa.
― Anda cá, querida! Teu filho só te vem visitar à tarde, e ainda não bebeste chá.
A enfermeira obrigou-a a comer, senão ela ia logo para o caixilho.
À tarde não reconheceu o filho, chamava-o pai.
Ora, por um instante, ela foi aquela criança feliz de antigamente, quando também estava à janela à espera do tão querido pai.
Theo de Bakkere, 68 anos, Antuérpia, Bélgica
Desafio nº 208 ― fotog menino à janela

Filomena Galvão ― desafio 208

Uma criança espreita à janela. O bulício desperta-lhe sentidos.
Há um corre-corre. As pessoas agitam-se. De manhã é vê-las passar, num frenesim, com os filhos pela mão, meninos como ele. À hora de almoço o entrar e sair apressado dos restaurantes. Ao movimento, ao ruído e às cores juntam-se ainda os aromas que boiam no ar. Ao lusco-fusco uma gaivota aproxima-se, ele segue-a até onde a vista alcança, voa livre com ela. A imaginação não o limita.
Filomena Galvão, 59 anos, Corroios
Desafio nº 208 ― fotog menino à janela

Elsa Alves ― desafio 2

A conversa dele pareceu-lhe logo uma grande HISTÓRIA...Aquilo era demasiado lindo para ser verdade. Tinha de haver UMA segunda intenção no que ele contava. A SER real, então, a vida seria um paraíso e ela sabia que isso era mentira... Não QUIS mostrar-se indiferente aos seus relatos, às suas palavras, desejos, intenções mas, foi-o SEMPRE interrompendo , com pequenas questões, dúvidas leves, perguntas encobertas. Hoje arrepende-se : teria sido melhor acreditar e viver um sonho feliz, embora breve.
Elsa Alves, 71 anos, Vila Franca de Xira
Desafio nº 2 – “Sempre quis ser uma história”, palavras obrigatórias por ordem inversa

Fernanda Malhão ― desafio 3


Tenho um segredo: quando eu tinha nove-dez anos, aconteceu algo muito misterioso: no quintal vi seis abelhões e dois passarinhos que voavam insistentemente a desenhar o número 8, fiquei tonta e em vez de dois comecei a ver quatro passarinhos, às duas por três cai redonda, ainda naquela zonzeira vi cinco duendes, cheios de nove horas, olhavam com um ar estranho, senti jogarem sobre mim dez punhados de um pó brilhante. Quando acordei fugi a sete pés!
Fernanda Malhão, 44 anos, Gondomar
Desafio nº 3 – números de 1 a 10

Alex Santi ― desafio 208


No terceiro piso de um apartamento na baixa, um menino ainda vazio de conceitos, e sem prejuízos marcados, olha através do vidro oblongado da janela, ponto de fuga de um quadro familiar. Rostos e objetos conhecidos confortam e apaziguam, mas não instigam o olhar, a curiosidade que explora, avidamente, o desconhecido. São inumeráveis as formas, cores, sons, cheiros que uma cidade pode ter, palco de relações cruzadas cujo significado pode estar escondido no olhar indagador duma criança.
Alex Santi, 28 anos, Ericeira
Desafio nº 208 ― fotog menino à janela

22/05/20

Margarida Fonseca Santos ― desafio 208


Era a mesma janela, a mesma por onde, tantos anos antes, se habituara a espreitar a vida dos outros. A sua era diferente. Mães com filhos pela mão, como seria a sensação? Ganhou outros pais, tios-pais. Cresceu, aprendeu a lidar com a vida, banhou-a com sorrisos e generosidade, amizades inquebráveis. A história daquele menino seria outra. Era avó de coração, mãe por vocação, criança por escolha. Comoveu-se ao vê-lo ali. A mesma casa. Agora ia ser diferente.
Margarida Fonseca Santos, 59 anos, Lisboa
Desafio nº 208 ― fotog menino à janela

Fernanda Malhão ― desafio 2

Esta história, uma aparentemente vulgar história, poderia ser apenas mais uma história no meio de tantas outras. Mas esta história, a dada altura da sua vida, despertou de um transe que como nevoeiro cinzento que a impedia de ver a verdadeira cor da vida, quis então mudar a sua própria história, escrever um final diferente que fosse para sempre lembrado por aqueles que se encantaram com as palavras que foram a partir daí ficando escritas pelo caminho.
Fernanda Malhão, 44 anos, Gondomar
Desafio nº 2 – “Sempre quis ser uma história”, palavras obrigatórias por ordem inversa

Tiago Viana ― desafio 208


E, de repente, a mais importante de muitas descobertas. Há mais mundo lá fora. Há sempre mais mundo, irá um dia perceber. E ficará mais alto, mais velho, mais sábio. Mas não haverá bicos de pés que te deixem ver tudo. Cortinas, casas, prédios e montes, sempre mais um a desafiar-nos e a testar a nossa vontade, coragem e resistência. Mas continua, menino. Há tanto ainda para ver, descobrir e conhecer. E não tenhas medo. Queres ajuda?
Tiago Viana, 43, Parede
Desafio nº 208 ― fotog menino à janela

21/05/20

Paula Isidoro - desafio 208

Por um lado, fazem tudo demasiado alto para o meu tamanho e isso provoca-me imensas dores de cervicais. Por outro lado, as janelas nunca são suficientemente baixas para poder ver tudo sem ter que me pôr na ponta dos pés e isso provoca-me dores no tendão de Aquiles. A minha grande dúvida é como é que vou chegar à idade da bisavó se já tenho todos estes achaques à minha tenra idade? A vida não é fácil!
Paula Cristina Pessanha Isidoro, 39 anos, Salamanca
Desafio nº 208 ― foto menino à janela

Verena Niederberger ― 208

Minha querida Vovó,
Meu coraçãozinho bateu forte, pela janela, seu carro eu avistei.
Sim, você veio me buscar e eu, novamente, pude ficar pertinho de ti.
Fomos para a sua casa.
Vovô já estava nos esperando perto da piscina.
Meus priminhos e Jimmy, o meu amiguinho de quatro patas, ali, reunidos, estavam.
Brincamos de pique esconde, amarelinha.
Adormeci no seu colinho macio.
Quando abri os olhinhos em minha casa estava.
Não acreditei.
Um sonho mais lindo sonhei.
Verena Niederberger, 69 anos, Rio de Janeiro, Brasil
Desafio nº 208 ― fotog menino à janela

Natalina Marques ― desafio 208

MENINO À JANELA
Vejo a rua lá em baixo
está vazia,
sem ninguém a caminhar.
Onde estão os meus amigos?
Tenho saudades de rir
e com eles brincar.
A minha mãe
não vai mais trabalhar
e o meu pai
também não vai viajar.
O meu mano
quer brincar comigo,
mas eu tenho saudades
dos meus amigos.
Eu sei o que se está a passar
mas sou ainda menino,
e ninguém me quer contar,
mas eu sei, 
que tudo vai passar.
Natalina Marques, 61 anos, Palmela
Desafio nº 208 ― fotog menino à janela

Elsa Alves ― desafio 1


Havia coisas pequenas que ele nunca experimentava. Reconhecia que era pena não as tentar, mas era demasiado envergonhado. E havia coisas grandes que não podia fazer, especialmente, por falta de dinheiro... Encarava a situação com tristeza, mas conformava-se. Até que, naquela manhã, a viu ao balcão do café. Um fogo lambeu-lhe a alma. Invadiu-lhe o corpo. Deu-lhe os bons-dias, em voz alta, com um sorriso largo. Coitado! Ela voltou-lhe as costas. Ainda era mais envergonhada que ele...
Elsa Alves,71 anos, Vila Franca de Xira
Desafio nº 1 – palavras impostas: pena, sorriso, fogo

Fernanda Malhão ― desafio 208


Via a rua, daquele pedaço de janela onde a sua pequena altura alcançava, os carros e pessoas. Fechado em casa há tanto tempo, parecia que nunca tinha conhecido o mundo lá fora. No seu coração pequenino sentia tudo: a ansiedade, nervosismo e tristeza dos seus pais. Sabia que algo muito estranho estava a acontecer, só queria ir outra vez brincar lá fora e ir almoçar com os avós, o avô é que sabia como brincar com ele!
Fernanda Malhão, 44 anos, Gondomar
Desafio nº 208 ― fotog menino à janela

Chica ― desafio 208

Por que será que meu vô e minha vó não aparecem mais pra me pegar no colo e ler historinhas, brincar comigo?
Faz tanto tempo. Fico a esperar por eles e nada!
Será esqueceram de mim? 
Querem agora falar comigo só pelo computador? 
Ali não posso sentir o cheirinho deles, nem passar a minha mão nas linhas que adultos chamam de rugas...
Tô com saudades! 
Vou ficar esperando! 
Acho que eles vão chegar e vamos muito brincar!
Chica, 70 anos Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil
Desafio nº 208 ― fotog menino à janela

Toninho ― desafio 207

Paula e Bebeto, amigos enamorados. Tinham em comum paixão pela natureza. Bebeto, jovem sonhador, trocou a capital pela vida rural. Paula, uma patricinha, não pensou duas vezes, pegou sua mochila partiu para junto dele. Foram viver na Serra da Canastra junto da nascente do São Francisco. Eram soldados do ecossistema. No verão quando dos incêndios naturais eram os primeiros no combate. Eram guias aos bombeiros e voluntários. Ali sabiam que eram dois, mas só tinha uma sombra.
Toninho, 64 anos, Salvador-Bahia-Brasil
Desafio nº 207 ― frase de Afonso Cruz
Publicado aqui: Desafio 207

Rosélia Bezerra ― desafio 208

Amor de Menina
Doce encanto, ternura livre, leve, solta,
Imagem de sutil beleza não revolta.
Dá tonalidade tênue de relevância,
Numa miragem de pura alegria,
De amor doce que aninha.
Quisera sentissem todos 
A delícia de assim amar
Como uma ninha advinha.
Sem dores, com bons odores,
Numa quimera que clareia,
Numa espera que incendeia
Com uma paciência de menina,
Dócil, meiga, no Amor que fascina.
Ela se faz pequena, como um botão,
Exala todo aroma de seu lindo coração.
Rosélia Bezerra, 65 anos, ES, Brasil
Desafio nº 208 ― fotog menino à janela

Maria João Cortês ― desafio 204


Com a aprendizagem bilingue, o português ficou sempre muito deficiente.
Lembro-me que, para fazer uma redação, nunca encontrava as palavras certas.
Os anos passaram e apeteceu-me pôr no papel algumas ideias que tinha cá dentro.
Foi então que uma amiga me convidou para um grupo de Escrita Criativa, onde me integrei logo de seguida. Daí às 77 Palavras foi um pulo e a parte final de tira daqui, põem dali, entusiasmou-me imenso.
E agora? Estou quase viciada.
Maria João Cortês, 77 anos, Lisboa
Desafio nº 204 ― como é estar aqui?

Amália da Mata e Silva ― desafio 203


Era uma vez o Artur que precisava aprender a estar com outros meninos. Foi para a escola. Não tinha irmãos, nem primos. Era um rapazinho dócil, curioso e hábil mas, só usava o lápis azul.
A psicóloga, não acha normal mas, observando o menino, nada encontra de anormal.
A mãe, não acha estranho. “É uma cor tão bonita!”
A educadora estranha: “A relva e as árvores, azuis?”
Mas, qual o risco do mundo das crianças, ser azul?
Amália da Mata e Silva, 65 anos, Vila Franca de Xira
Desafio nº 203 risco + 6 palavras

19/05/20

Fernanda Malhão ― desafio 1


Ficava sempre à espera que ela passasse por ali, que se lembrasse de fazer aquele caminho, assim às vezes passavam dias, dias em que o seu coração ia secando de tristeza, mas quando a avistava ao longe, sentia aquele fogo no peito. Ao passar mostrava sempre a leveza no seu sorriso e um tímido aceno e isso bastava para se sentisse todo o dia leve como uma pena e que também desse por si a sorrir sozinho.
Fernanda Malhão, 44 anos, Gondomar
Desafio nº 1 – palavras impostas: pena, sorriso, fogo

Helena Nunes ― desafio 207

A distância é apenas uma palavra.
Não sabe onde estás mas sabe que estás aqui.
O teu perfume ocupa o ar que o rodeia.
O teu toque ainda acaricia a sua pele.
O teu riso faz-lhe cócegas e puxa o seu.
A tua voz embala os seus sonhos nas noites escuras.
Caminha na rua e não te vê.
Mas estás aqui.
O sol abraça-vos, aquece-lhes o corpo e a alma.
Eram dois, mas só tinham uma sombra.
Helena Nunes, 26 anos, Vila Franca de Xira
Desafio nº 207 ― frase de Afonso Cruz

Fernanda Branco ― desafio 203


Processo de escrita
Meu Deus!
Se eu precisar de uma caneta vermelha?
Eu não tenho uma caneta vermelha
Eu não escrevo com uma caneta vermelha
Eu não escrevo com uma caneta.

Escrevo com um lápis
que se apaga em caso de erro
ou de engano
ou só por apagar;
lápis brando
que desenha suave as letras
sem as magoar;
que permite a reformulação
da ideia
sem riscos de evidência
a cicatrizarem o texto.

Escrevo brando
E apagável.
Fernanda Branco, 75 anos, Vila Franca de Xira
Desafio nº 203 risco + 6 palavras

Mafalda O ― desafio 205


Judite, a Cientista
Judite da Silva, médica e cientista Portuguesa, natural de Alcochete, é uma das escolhidas para partir para o Continente Africano na busca da vacina para Covid-19.
Leva consigo o seu estetoscópio e o telescópio, prendas de seu marido que se encontra em teletrabalho e as suas filhas que estão a ter aulas pela televisão.
Antes de partir ainda teve tempo para descarregar para o seu telemóvel, o seu teledisco preferido para ouvir na viagem.
Mafalda O, 6ºE, Escola Dr. António Augusto Louro, Seixal- Professora Isabel Preto
Desafio nº 205 ― sílaba TE

Ana Lúcia G ― desafio 205


De manhã cedo, decidi fazer compras no Continente, pois precisava de ingredientes para fazer uma deliciosa tarte de framboesas! Comprei leite, manteiga, natas e, claro, framboesas! A tarte vai fazer um brilharete na festa, logo à tarde. Esta festa vai ser no teatro, que tem um lindo teto! Peguei no telemóvel e liguei à minha amiga Teresa para a convidar.
A festa foi um sucesso e as pessoas contentes adoraram a minha tarte de framboesa. Foi deslumbrante!
Ana Lúcia Gs, 6º ano, Escola Dr. António Augusto Louro, Seixal- Professora Isabel Preto
Desafio nº 205 ― sílaba TE

18/05/20

Elsa Alves - desafio 203

“Quem fez este lindo trabalho?” A mãe interrogando-nos, severa. Do alto dos meus dez anos mirei o meu irmãozinho. De lápis na mão. Não sabia a diferença entre desenhar e rabiscar. Ou entre papel e parede. Desconhecia o risco que correra ao usar a parede do corredor. Lançara-se num desafio sem prever as consequências. Que inocente! Arranjei coragem “Fomos os dois.” A mãe a rir: “Belos artistas... Vamos lá limpar isto. Eu ajudo.” Tão boazinha, a mãe!
Elsa Alves, 71 anos, Vila Franca de Xira
Desafio nº 203 risco + 6 palavras

Lica ― desafio 206

Para que todos saibam um dos prazeres do meu pai, eu vou contar: adorava pintar, e vai não vai, ia buscar o cavalete, a caixa das tintas, os pincéis, e diante da tela branca, começavam.
Desta vez eram bailarinas a dançar. Eu adorava ver, e como era baixinha, subia para um caixote para ver melhor. Que espanto, como do nada aparecia um quadro! 
Quando eu dizia que queria ser assim quando fosse grande, ele ficava tão vaidoso
Lica, 81 anos, Lisboa
Desafio nº 206 7 plvras com ditongo «ai»

Lica ― desafio 207

Eram dois mas só tinham uma sombra quando ela saltava do seu trapézio para agarrar as mãos do outro trapezista. O seu baloiçar debaixo da iluminação do circo, fazia uma sombra só. Era só um momento, mas aquele momento era uma prova de confiança absoluta. 
Se todas as pessoas- casais, pais, filhos, amigos- confiassem cegamente umas nas outras, haveria muito mais luz no mundo, porque haveria muito menos sombras. A sombra cansa, porque está sempre agarrada a nós. 
Lica, 81 anos, Lisboa
Desafio nº 207 ― frase de Afonso Cruz