30/11/21

Carla Silva – desafio 238

Superficialmente bem

A noite chegava e com ela a solidão. 

Sentia-a de diversas formas e cada dia mais intensamente. As recordações pareciam formigas em pleno verão, trabalhando fervorosamente.

Gostaria de adormecer e que simplesmente desaparecessem ou se transformassem em algo menos doloroso, algo sentido apenas superficialmente. Talvez assim se conformasse e pudesse seguir em frente. Como se os semáforos da sua vida repentinamente ficassem todos verdes. Mas não era assim e temia viver fingindo, como se nada a preocupasse. 

Carla Silva, 48 anos, Barbacena, Elvas

Desafio nº 238 – palavras com FRMS

Chica - desafio 258

Sobre sua cabeça derrame o melhor dos azeites colhidos e cultivados no reino.

Assim foi feita a vontade e, com certeza, a beleza dela podia ser comparada às das atrizes vistas nos palcos e em cartazes espalhados perto do palácio.

Os seus lindos olhos cinzentos conquistavam pretendentes desde quando tinha apenas catorze anos.

Porém, Beatriz tinha outros planos para sua vida: Queria reinar sozinha!

Chica, 70 anos Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil 

Publicado aqui: ♥ Chica brinca de poesia ?♥: ♥ Independência! ♥

Desafio nº 258 – 8 palavras com Z+T+E

Roseane Ferreira – escritiva 28

Modo de usar: Aperte o play. No caso de desejar esquecer para sempre use a tecla delete. O que for bom demais aperte save as. Quando der bug, tipo comorbidades a mil, reinicie. Se não der certo, faça um backup e reinstale novamente os sistemas. Cuidado com o sistema do coração, esse tem muitas complexidades, siga a seta go on e pegue o caminho do mapa. Nesse caso é uma caça ao tesouro!  

Roseane Ferreira, 59 anos, Macapá, AP, Brasil 

Escritiva nº 28 ― manuais de instruções

Roseane Ferreira – desafio 254

O bizarro mundo continua a girar, nesse giro desagrega, desarmoniza, derruba, caem o

humano da humanidade, a saúde que sustenta a vida, o mundo gira, como se incomodasse tanto sacode, e lá se vão seus rios, florestas, povos indígenas, tudo no giro da roda. Esse senhor mundo sacode a poeira e derruba o bom e o ruim. Está um tanto angustiado. Deixa ir, deixa cair. O que o há de curar? Se o seu curandeiro doente está? 

Roseane Ferreira, 59 anos, Macapá, AP, Brasil 

Desafio nº 254 – frase de Paul Auster

Roseane Ferreira – desafio 256

Tempo vem, tempo vai. 

Passa o tempo, passa por mim a trotar. 

Nem deixa tempo para olhar, ver que o tempo passou. 

Tem asas esse tal tempo? Tem pressa é velocista! 

Corre tanto, corre muito, chego a perder de vista. 

Perco tempo? Ou ele me perde? 

É essa tal rotina intensa, cotidiano tão louco, 

Que nos perde um do outro, nós do tempo, ele de nós. 

E nós uns dos outros. 

Por isso corro, atrás do tempo.... 

Roseane Ferreira, 59 anos, Macapá, AP, Brasil 

Desafio nº 256 – Atrás do tempo, tempo vem.

Daniel D – desafio 100

O meu cromossoma vinte e um desorientou-se e passei a ter um corpo muito próprio. Tenho olhos amendoados, rosto redondinho, o coração bate descompassado, aprendo devagarinho e acham-me meiguinho.

O Rui é igualzinho a mim, mas gosta de pregar partidas aos pais. Na semana passada telefonou-lhes, dizendo que tinha sido atropelado e que estava hospitalizado. Era mentira! Ele ria à gargalhada na minha casa.

A minha família ama-me muito, fazem tudo para me agradar – sinto-me muito feliz.

Daniel D, EPADRC, Alcobaça, Prof.ª Fernanda Duarte

Desafio nº 100 – «e foi por isso que me escrevi»

Inês R e Rafael A – desafio 233

Sinto-me um pouco frágil, vivo sempre no presente, porque ninguém repara naquilo que eu escondo. Ainda que, por vezes, eu sinta as minhas pernas desfalecerem, não é nada de grave.

O futuro não o conheço, mas sonho que isto tudo desaparecerá, com certeza serei operada e um milagre acontecerá. Até lá, conviverei com os meus amigos, construirei a minha felicidade e também a deles.

Estou completamente convencida que um dia direi, o passado, já o não tenho.

Inês R e Rafael A, EPADRC, Prof.ª Fernanda Duarte

Desafio nº 233 – citação de Fernando Pessoa

Desafio nº 258

Ah, eu adoro o Z... Peguem no lápis e na borracha, vamos a isto.


Descubram muitas palavras que tenham sempre as letras Z+T+E (por qualquer ordem).


Agora, escolham 8 e construam a história que elas vos contam.

 

Eu fiz assim:

Estava com os azeites, pensou a franga ao observar o galo cinzento a descer do poleiro. Com tanta altivez, só ficava malvisto pelos capatazes da quinta. Achava-se o dono do galinheiro. Tinha a certeza de que o motivo eram aqueles cartazes no cruzamento da estrada: «Vendemos galinhas e galos do campo. Visite-nos.» Azarento como era, seria o primeiro a encher o tacho. Logo agora que se perdera de amores pela franga... Uma pena, ou melhor, muitas penas!

Margarida Fonseca Santos, 61 anos, Lisboa

Desafio nº 258 – 8 palavras com Z+T+E

29/11/21

Maria Tiago – desafio 257

Querido diário, estou a ficar muito fraca por estudar tanto. Eu queria estar no computador! Só me apetece olhar para o horizonte, imaginar as nuvens e desbravar o passado. Ver a vida de um farol ou confrontar os soldados numa batalha. Mas a única coisa que minha mãe me diz é “foi um tempo para esquecer, vai estudar”. Contudo, o que mais gosto de fazer é tricotar, dizem que tenho o dom da bisavó. Também tricoto palavras!

Maria Tiago, 12 anos, 7º ano, Coimbra

Desafio nº 257 – sequência de palavras (até tricotar)

Sofia Sobral Ramos – desafio 257

Sentia-se fraca, sem forças para regressar. O horizonte era o seu guia, recortado por um céu azul. Só queria avistar verde… Mas era terra, só terra, pó... Tanto caminho por desbravar. Sonhava com a sua casa, naquele jardim, quando avistou uma andorinha! Foi o seu farol naquela escuridão de cansaço, sabia de onde ela vinha! Afinal iria vencer esta batalha, reconheceu o cheiro do jardim. Cada passo tricotava a esperança de chegar. O formigueiro abraçou-a por fim!

Sofia Sobral Ramos, 43 anos, Coimbra                  

Desafio nº 257 – sequência de palavras (até tricotar)

26/11/21

Luísa e Lara – desafio 100

Por vezes fico desorientado!

Suplico tudo arrumado

Organizado

Sempre à mesma hora

Sempre no mesmo dia

Porque, às vezes, fico baralhado

 

Tenho um interesse especial

São os dinossauros

Viajo com eles ao passado

E, também, ao futuro

Sei tudo sobre eles

Tudo mesmo

Até podem perguntar

 

Quando viajo com os adultos

fico trémulo

Preciso de ajuda

Sem ela, não reajo

Fico quieto, prostrado, não falo

Preciso que me compreendam

 

Amo-vos – às vezes, não parece

Amo-vos em silêncio.

Luísa e Lara, EPADRC, Alcobaça, Prof.ª Fernanda Duarte

Desafio nº 100 – «e foi por isso que me escrevi»

Cecília L. – desafio 242

Doava o seu coração, os seus olhos brilhavam como estrelas, mas consideravam-na pouco modesta. Alguns nem sequer percebiam que usava a linguagem gestual para comunicar. Para ela, a maioria dos sons não eram percetíveis, e também não conseguia falar. Alcunharam-na de pegada, porque não gostavam dela. Não percebia a razão da alcunha, mas tinha um amigo muito cuidadoso que lhe explicou o significado. 

Perante estes factos, adiar ser feliz não era a solução. Ficar confusa, nem pensar!

Cecília L. ,16 anos, EPADRC – Alcobaça - Prof.ª Fernanda Duarte

Desafio nº 242 – 5 palavras obrigatórias, por ordem

Diogo S – desafio 257

Todos pensavam que era fraco. Eu também questionava a minha existência sem horizontes.

Quando se aproximou o Natal, algo desbravou a minha menteolhei para o brilho que era imóvel. Imaginei que também poderia ser um farol para todos à minha volta. Descobri que as minhas palavras iluminavam batalhas, desgostos e lágrimas aos meus amigos. 

A cadeira de rodas deixou de ser um obstáculo, passando a tricotar a autoestima dos outros.

Encontrei o milagre das minhas palavras!

Diogo S, 16 anos, EPADRC - Alcobaça - Prof.ª Fernanda Duarte

Desafio nº 257 – sequência de palavras (até tricotar)

Cristiana Rodrigues – desafio 244

O futuro do futuro preocupa-me. Ando cabisbaixo, resguardado. Guardo cada sorriso na mão, aplico-o cirurgicamente. Estes telhados, povoam as horas de luz, acrescentam arestas às minhas preocupações. O céu, mesmo azul, parece mais longe.

Assim que escurece, o jogo de sombras cobre tudo e abre-se numa paleta de negros, mais escuros que a noite. A cidade iluminada não chega aqui, mas não me assusta. Aconchega-me não distinguir aquelas formas e o futuro é apenas mais uma noite.

Cristiana Rodrigues, 39 anos, Lisboa

Desafio nº 244 – imagem de telhados

25/11/21

Carla Silva – desafio 237

Medindo

Havia pessoas que tiravam as medidas a tudo. Outros não estavam para meias medidas. Ela era das que acreditava que tudo precisava ter a medida certa. Media o que dizia, e o que fazia media.

Sabia que uma medida mal tirada podia arranjar problemas. Mas não gostava de tirar medidas aos outros. Cada um era como cada qual! Todos tinham medidas diferentes, mas isso não queria dizer que estavam mal medidos. 

Significava simplesmente que tinham outras medidas. 

Carla Silva, 48 anos, Barbacena, Elvas

Desafio nº 237 - medir as palavras

Fernanda Malhão – escritiva 16

Promessas de Ano Novo desvanecem ao longo das primeiras semanas do ano. Não há passas de desejos que resistam ao peso das rotinas diárias, múltiplas responsabilidades, mas cá entre nós: o que não nos deixa cumprir o que desejamos é a falta de comprometimento e disciplina. Custa admitir, mas essas são as verdadeiras razões. Não pratiquei exercício físico, não emagreci, não acabei alguns trabalhos pendentes por não ter priorizado e dedicado o tempo devido a estes desejos.

Fernanda Malhão, 45 anos, Gondomar

Escritiva nº 16 ― promessa de ano novo por cumprir

Fernanda Malhão – esccritiva 15

Um dia inesquecível! Os convidados eram estrangeiros, quis dar a aprovar a pérola dos pratos tradicionais portugueses: O tal do bacalhau. Achava eu que tinha postas de bacalhau demolhado no congelador. Era só tirar, cozer e desfiar. Qual o meu espanto quando descobri que não havia uma posta sequer do dito. Solução: Dar a provar as sardinhas e atum enlatados, típicos de Portugal! Querem saber a minha sorte e a dos convidados? Eles não gostavam de bacalhau!

Fernanda Malhão, 45 anos, Gondomar

Escritiva nº 15 – falta um ingrediente e o jantar é dali a nada…

24/11/21

Carla Silva – desafio 244

Saudades
Perdera o conto às vezes que olhara lá para fora na esperança de ver algo mais que telhados e casas apinhadas. 
Aquela vista tirava-lhe o ar, dava-lhe a estranha sensação de estar numa prisão. Sabia ser idiotice, estar ali tinha sido decisão sua, apenas sua, na tentativa de esquecer os motivos que a levaram a deixar a pequena vila no meio da serra que tanto amava. 
Talvez um dia, quando as feridas cicatrizarem, pudesse regressar e recomeçar. 

Carla Silva, 48 anos, Barbacena Elvas

Desafio nº 244 – imagem de telhados

Cristiana Rodrigues – desafio 233

“De que é feita a verdade? Do passado confuso, do futuro longínquo ou do presente que se faz de difícil em, simplesmente, se deixar viver?”

Não me respondes. É costume. Mas avanço: “Eu tento, mas não vivo sempre no presente. Quem consegue?”

Já meio azedo, ranges os dentes e: “Olha! O futuro, não o conheço e o passado, fe-liz-men-te, o passado, já o não tenho.”

Carregaste no felizmente e isso doeu-me. Calei-me. A verdade não te interessava.

Cristiana Rodrigues, 39, Lisboa

Desafio nº 233 – citação de Fernando Pessoa

23/11/21

Theo De Bakkere – desafio 257

O drama

Ao longe os fugitivos exaustos viam o vulto fraco dum cargueiro.

Provavelmente, terão de desbravar mais longe que essa prometida terra além do horizonte.

À noite, com um mar agitado, a batalha de sobreviver ainda não estava pelejada, e a luz dum farol longínquo tornou-se a última esperança deles. Infelizmente, a lancha sumiu-se nas ondas altas.

Oxalá tivessem sobrevivido à travessia. No entanto, sem sinal de vida, não se pode tricotar um fim feliz neste drama humano.

Theo De Bakkere, 70anos, Antuérpia, Bélgica

Desafio nº 257 – sequência de palavras (até tricotar)

Mais textos aqui: http://blog.seniorennet.be/lisboa

Cristiana Rodrigues – desafio 231

Salto para o caminho barrento e esquivo-me das poças, contrariando tendências infantis que o local desperta. Posso ir de olhos fechados até ao pontão, mas a tua imagem tolda-se, falha-me como a memória. Tenho já tantos anos como tu tinhas: avô. Quantas saídas madrugadoras, quantas horas roubadas às nossas brincadeiras e ao gesto de me levares à escola. Queria ter ido contigo, avô. Escondida na lona, tantas vezes fugi assim e assim teria partido contigo, de vez!

Cristiana Rodrigues, 39, Lisboa

Desafio nº 231 – fotografia como inspiração

Leonor – escritiva 2

Na cozinha os utensílios raramente tiram férias. 

Mas há uns dias a nossa ajudante Bimby decidiu descansar. Durante essas semanas, a greve da Bimby desagradou à minha mãe.

Teve de fazer os sumos no espremedor, picar o alho e a cebola à mão, fazer o arroz no tacho, fazer a sopa na panela...

Passados uns... três meses, a Bimby teve pena da minha mãe e voltou a trabalhar dando férias aos outros. Eles ficaram todos muito contentes.

Leonor, 9 anos, Silves

Escritiva nº 2 – greve na cozinha

22/11/21

Toninho – desafio 257

Sentia-se fraca para operar caminhões na mineradora. Mas tinha um sonho.

Julieta queria buscar seu horizonte, decidida subiu a escada da cabine, teimosa foi desbravar a novidade.

Veterano Tonhão a guiou como um farol aos navegantes perdidos no mar. Havia perseverança em dirigir poderosa máquina.

Árdua batalha contra preconceitos. Venceu o medo, no treinamento aprovada, elogiada como primeira mulher nesta profissão.

Nos dias de folga tricota uma blusa de lã, agasalho necessário naquela fria mina de minério.

Toninho, 65 anos, Salvador-Bahia-Brasil

Desafio nº 257 – sequência de palavras (até tricotar)

Publicado aqui: https://mineirinho-passaredo.blogspot.com/

Verena Niederberger – desafio 257

Fraca é a carne mas preciso ser forte.

Quando olho no Horizonte, me vêm as mais lindas lembranças, a saudade existe.

Tenho que manter a cabeça erguida.

Tenho que Desbravar, eu mesma, o caminho a seguir...

Deus é Farol que me guia me faz prosseguir. 

Ele me faz vencer Batalha entre a razão e a emoção.

Procurarei Tricotar a vida com pontos mais fáceis menos complicados.

Farei um trabalho bem bonito do qual eu possa me orgulhar.

Verena Niederberger, 70 anos, Rio de Janeiro - Brasil

Desafio nº 257 – sequência de palavras (até tricotar)

Natalina Marques – desafio 257

– Navio solitário

posso no teu mastro poisar?

Sinto-me FRACA

necessito descansar.

– Podes, Gaivota

contar-te-ei aventuras

que outrora eu vivi.

Conheci novos HORIZONTES

DESBRAVEI terras e montes

sem nunca desfalecer.

Sempre que via um FAROL

brilhando na noite escura

a esperança renascia

e mais uma

BATALHA vencia.

Agora, a solidão

aperta-me o coração

fui aqui abandonado

sem ter nada que fazer.

– Dou-te um conselho,

dedica-te a TRICOTAR

que eu vou em busca

de comida, tenho filhos

para alimentar.

Natalina Marques, 62 anos, Palmela

Desafio nº 257 – sequência de palavras (até tricotar)

Maria Silvéria dos Mártires – desafio 257

Ideais

No seu percurso diário por vezes sentia-se fraca, mas continuava em frente e com coragem ia desbravando caminhos áridos e inóspitos, o que lhe dava força para levar a bom porto a batalha que um dia se propôs levar avante. 

De horizontes largos imensos seguia tricotando sonhos. Os seus olhos transformavam-se num farol guiando os pescadores que à noite iam para o mar pescar. 

E no final do dia ficava feliz por ter lutado pelos seus ideais. 

Maria Silvéria dos Mártires, Lisboa

Desafio nº 257 – sequência de palavras (até tricotar)

João Lagoa – desafio 257

Quanto mais forte é a tua razão mais fraca ela se torna para pular a vedação toda abismo do horizonte, onde o mar continua e o céu nunca acaba, e num desbravar imaginoso nadares de águia em voo de golfinho, todo oceânico e celeste, sempre com o farol do coração em batida acesa, rompendo lança de sonho em riste pelo meio da batalha que o destino dos deuses continua a tricotar com o livre arbítrio dos homens.  

João Lagoa, 59 anos, Lagoa - Algarve

Desafio nº 257 – sequência de palavras (até tricotar)

Fernanda Malhão – escritiva 14

Direito a brincar

Tive uma infância muito mais feliz que a dos meus filhos. Tinha mais tempo livre para brincar. Esse direito tão importante que os planos curriculares e as metas da educação esmagam sem piedade. Penso como é importante inserir mais brincadeiras durante as aprendizagens e mesmo assim ainda deixar tempo para a brincadeira livre, sem orientação nenhuma, apenas brincar, de preferência ao ar livre e na natureza. Por favor, as crianças precisam de brincar, é um direito delas!

Fernanda Malhão, 45 anos, Gondomar

Escritiva nº 14 – direitos da criança

Fernanda Malhão – desafio 257

Um rosto entristecido deixava-se acariciar por aquela fraca brisa de um fim de tarde de verão, de olhar perdido observava o horizonte. Sabia que teria longos caminhos para desbravar. Pôr-se em posições que nunca sonhou ocupar. Mas confiava que um farol a iria guiar. Algo superior que a apoiaria nessa batalha. Nem sempre percebemos as malhas e entrelaçamentos que a vida nos dá. Mas a seu tempo vamos aprendendo a tricotar, e aos pouco a obra aparece!

Fernanda Malhão, 45 anos, Gondomar

Desafio nº 257 – sequência de palavras (até tricotar)

Rosélia Bezerra – desafio 257

Era casal sonhador, mulher não era fraca, levava relação com dedicação.

O homem tinha por meta um horizonte cheio de leviandades.

O par viveu batalha para desbravar horizontes, delicado relacionamento.

Amália, farol para Osmar, não acreditava no Lumiar da vida.

Que batalha viveu a pobre mulher com altos e baixos.

Para seu único filho, com grande dificuldade financeira, a nova mamãe teve que tricotar seu enxovalzinho.

Ele continuava a delirar, coisas não cairiam do céu, pobre coitado!

Rosélia Bezerra, 66 anos, ES, Brasil

Desafio nº 257 – sequência de palavras (até tricotar)

Chica – desafio 257

Fraca, sabia que não era, mas nem sempre o horizonte diante de seus olhos era radiante.
Mesmo assim, não desistia de desbravar com garra, fé e vontade, caminhos para melhores cenários ver.
Um farol luminoso havia lhe acenado a possibilidade de ser mãe, mesmo cheia de problemas de saúde. Agora a certeza que, com força, venceria a grande batalha.
Assim a alegria agora era intensa ao finalmente poder tricotar o primeiro casaquinho para Fernanda ou Rafael...
Já sonhava!

Chica, 70 anos Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil 

Publicado aqui: ♥ Chica brinca de poesia ?♥: ♥ Dupla alegria!♥

Desafio nº 257 – sequência de palavras (até tricotar)

21/11/21

Parabéns, querida Isabel!

A Isabel Peixeiro, da equipa Re-Word-It, está de parabéns. Estamos tão felizes por ti, querida Isabel!
Venceu o Prémio Matilde Rosa Araújo, de conto infantil - Câmara Municipal da Trofa e Instituto Camões, Concurso Lusófono.


20/11/21

Desafio nº 257

Para este desafio, proponho um percurso 

de seis palavras impostas, numa ordem imposta:


FRACAHORIZONTEDESBRAVARFAROLBATALHATRICOTAR 

 

Vamos a isso!

 

Eu escrevi assim:

Sempre se achou de fraca monta para todos. A vida corria sem a ver, sem promessas nem horizontes. Um dia, tudo mudou e percebeu que o futuro chegara. Destemida desbravou finalmente a felicidade e descobriu-se semente, abrigo, farol. Levou anos transformando batalhas em vitórias e derrotas em experiência. A quatro mãos renasceu e construiu. E quando o tempo cresceu, tricotando memórias, entendeu o porquê de todas as esperas, partilhas e sofrimentos. Tudo fazia sentido: o amor bastara. 

Rosário P. Ribeiro, 64 anos, Lisboa

Desafio nº 257 – sequência de palavras (até tricotar)

18/11/21

Rita Corrêa – desafio 256

«Atrás do tempo» é um ministério secreto cujo propósito é orientar a humanidade. Os funcionários viajam para trás e para a frente no tempo, corrigindo certas datas sem, contudo, impactarem negativamente noutras. Ora, com a nossa história manchada de tragédias, estará esta organização a falhar? Pois a versão do mundo que conhecemos hoje é apenas um esboço, o melhor possível por agora. A perfeição exige tempo. Felizmente para este ministério, o tempo vai e o tempo vem.

Rita Corrêa, 28 anos, Lisboa

Desafio nº 256 – Atrás do tempo, tempo vem.

Maria Tiago – desafio 256

Atrás de tempo, tempo vem, era o que dizia a minha mãe. Sou a Mariana e sempre que acontecia algo, a minha mãe dizia isto. Eu nem ligava, pensava que era só uma coisa para eu parar de fazer asneiras. Tinha já 20 anos quando me despediram do meu trabalho mas, certo dia, estava a passear com a minha família, até que recebo um telefonema e percebo tudo o que a minha mãe dizia. O tempo vem.

Maria Tiago, 12 anos, 7º ano, Coimbra

Desafio nº 256 – Atrás do tempo, tempo vem.

Sofia Sobral Ramos – desafio 256

Atrás de tempo vem a esperança e a certeza. Certo que contigo estarei sempre, por mais tempo que passe. Contigo encontrei a calma que me trava o fervilhar. Contigo descobri que sou mais do que um invisual. Vejo, sinto, caminho lado a lado, descobrindo o tanto que conseguimos juntos. Sou cego de ver, mas nunca de viver. Ensinaste-me que há tempo para ver e viver! A cada passo, a cada conquista, sei sempre que o tempo vem.

Sofia Sobral Ramos, 43 anos, Coimbra   

Desafio nº 256 – Atrás do tempo, tempo vem.

Maria Tiago – desafio 255

De repente, entro pela porta da festa e reparo que uma das minhas “melhores amigas” tinha exatamente o mesmo vestido que eu disse que ia levar. Igual, a mesma cor! Senti um leve fervilhar pelas palavras que saíam pela minha boca. Não me controlei e cheguei-me ao pé dela. Disse tudo o que sentia naquele momento, virei costas e nem hesitei, saí e voltei para casa. Seria raiva, seria pena, pensava… Não, ela mereceu, é melhor ignorar.

Maria Tiago, 12 anos, 7º ano, Coimbra

Desafio nº 255 – temperatura e fervura

Sofia Sobral Ramos – desafio 255

Entrou de rompante, com um andar estonteante. Um rebolar das ancas de arrepiar o pêlo e a cauda a serpentear o ar. Que felina! Senti o meu pequeno coração a palpitar! Preparei-me para a assustar, ou não fosse eu um canídeo exemplar. Mas nem sei que sentimento me abraçou. Senti raiva, como sentia por todos os gatos que invadiam o meu território, a minha dona já o sabia. Mas estava quente, acelerado, transpirava… Fiquei paralisado, eu, apaixonado?

Sofia Sobral Ramos, 43 anos, Coimbra

Desafio nº 255 – temperatura e fervura

Maria Tiago – desafio 254

O bizarro mundo continua a girar e, por vezes, não dá para morar lá, mas tentamos. E se nós pudéssemos viver noutro planeta, pois, essa é a questão. Só pedimos um novo local só para experimentar, eu sonho como seríamos sem a terra, mas com outro planeta, por exemplo Marte… Eu imagino demais, é o que me dizem. Desculpa, nem me apresentei, o meu nome é Estela, e o que é que tu achas da minha ideia?

Maria Tiago, 12 anos, 7º ano, Coimbra

Desafio nº 254 – frase de Paul Auster

Sofia Sobral Ramos – desafio 254

O bizarro mundo continua a girar, esquecendo-se por vezes de sonhar… Parar é difícil. Andar, de um lado para o outro. Girar, à volta de uma vida que parece um rio, sempre a passar… Para onde corre esse rio? E se criássemos mais pontes, ligações. E se estancássemos a água veloz e ficássemos simplesmente a olhar. O mundo continuará a girar, mas com ele girarão mais ideias. E se parássemos para escrever o mundo? Só um segundo…

Sofia Sobral Ramos, 43 anos, Coimbra

Desafio nº 254 – frase de Paul Auster

Toninho – desafio 256

Tempo vem me alertar do reencontro dos meus passos perdidos, retocar os dias com cores vivas. Sentir a brisa.

Valorizar cada amanhecer.

Enxugar o rosto, sossegar o coração das perdas queridas.  

Refolhar os caminhos com as folhas verdes dos campos.

Ouvir os sons das folhas secas sob as árvores nuas.  

A vida não parou, o tempo veio como ondas furiosas.

Sem crianças os parques adormeceram no silêncio.

Agora renasça, renove-se, pois não se corre atrás de tempo.

Toninho, 65 anos, Salvador – Bahia, Brasil

Desafio nº 256 – Atrás do tempo, tempo vem.

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Mónica Marcos Celestino – desafio 234

Uma alegre toada

Roda e roda, bailarina,

pelo brincalhão ar,

baloiçando nas rasgadas cordas,

uma alegre toada ao luar.

 

Velozes voam os seus acordes

nas sombras da noite escura.

 

Qual foguete fugaz,

de pungente cor enchia

as pendentes ruas caladas.

 

Roda e roda, risonha,

pelo malandro ar,

almejando, nas cordas jubilosas,

conquistar alguma alma solitária.

 

Joviais voam os seus acordes

nas titilantes estrelas moribundas

e, a o seu rítmico passo, adormeciam-se

por um instante, as pesarosas mágoas

das tristes lembranças.

Mónica Marcos Celestino, 48 anos, Salamanca (Espanha)

Desafio nº 234 – 4 palavras a diminuir

16/11/21

Diogo S – desafio 256

Tempo vem, não preciso de o ver

manifesta-se em todo o meu ser

percorre-me o corpo e a alma.

 

A visão que me trai, nem a quero,

porque o tempo vem.

 

Mesmo sem visão, corro velozmente

Corre o tempo de Natal

Por aqui, por ali,

estrelas, melodias, aromas, brilho, amor…

corre o tempo da Alegria.

 

Não surjam dúvidas, vejo muito bem,

ignoro o que não vejo,

porque o coração é bússola

e, atrás de tempo,

tempo vem.

Diogo S, 16 anos, EPADRC, Alcobaça

Desafio nº 256 – Atrás do tempo, tempo vem.



Ana Grácio – desafio 100

Todos os momentos têm a sua história. A busca da felicidade é o meu objetivo.

Por vezes, há momentos muito tristes, tais como: o modo das pessoas falarem connosco – ignorando os nossos sentimentos; não ouvirem as nossas palavras, fazendo-nos sentir inúteis.

Os momentos de riso deixam-nos bonitos, alegres, com vontade de oferecer aos outros aquilo que nos proporcionaram. São momentos que todos queríamos eternos, para nós e para os outros, e foi por isso que me escrevi!

Ana Grácio, 16 anos, EPADRC- Alcobaça

Desafio nº 100 – «e foi por isso que me escrevi»

Cristiana Rodrigues – desafio 100

Despedi-me e subtraí as dúvidas que abalam todos os meus dias. Redescobrir a emoção que faltava às horas, agora, bem passadas. Ansiosa por um desassossego com sentido. Superei medos e isentei-me de culpas só existentes aos olhos dos outros. Passei a escrever, num tom diarístico, procurando o enredo próprio dos dias bons. Palavras mais acertadas e honestas. Palavras que só por si expiam dificuldades e são palavras de superação. Superei-me e foi por isso que me escrevi.

Cristiana Rodrigues, 39 anos, Lisboa

Desafio nº 100 – «e foi por isso que me escrevi»

15/11/21

Fernanda Malhão – escritiva 13

Então não tenho records? No último ano escrevi mais de 300 desafios de 77 palavras! No meio de tantas tarefas pessoais e profissionais este hobby tem sido extremamente terapêutico. Ajuda-me a ir resgatar histórias de vida que já não me lembrava, faz-me pensar no aqui e no agora, desenferruja os meus neurónios e fez-me lembrar como gosto de usar a minha criatividade e canalizá-la para o papel. Quero continuar a superação e bater o meu record pessoal!

Fernanda Malhão, 45 anos, Gondomar

Escritiva nº 13 – recordes pessoais

Fernanda Malhão – desafio 256

Atrás de tempo, percorri estradas que não me levaram a lado nenhum.

Atrás de tempo, desdobrei-me para satisfazer outras necessidades que não as minhas.

Atrás de tempo não reparei que para ter tempo não tinha de andar a procura dele, tinha de parar para que ele me pudesse encontrar. Parei, não foi confortável, mas finalmente encontrei tempo, tempo para poder me observar e me cuidar. Tempo vem em que esse encontro é o mais importante de todos.

Fernanda Malhão, 45 anos, Gondomar

Desafio nº 256 – Atrás do tempo, tempo vem.

Celina Silva Pereira – desafio 256

Tempo vem, quando chega janeiro. Ainda ecoam as festas no ar, planos se desenham, as férias rolam, o mar é sereno, os passeios encantam.

Rola o ano, com ondas, não do mar, e não de passeios, mas preocupantes. Passam-se os bimestres, primeiro à distância, depois em presença parcial, já agora com todos.

As ondas se acalmam, o Natal renasce, todos se reencontram. Com gratidão, a família está unida, livre, alegre e saudável, de novo atrás de tempo.

Celina Silva Pereira, 71 anos, Brasília, Brasil

Desafio nº 256 – Atrás do tempo, tempo vem.

12/11/21

Theo De Bakker – desafio 255

Le temps de cerises

Tempo vem, tempo vai. No entanto o rapaz queria reviver seus sentimentos amorosos, do momento em que a rapariga lhe falou encantada, "J´adore le temps de cerises", a boca cheirava a cerejas doces."

A cabeça cheia de lembranças, ele estava deitado de costas na relva, pensando naqueles lábios rubis, no meio de trevos e papoilas. Com caroços de cerejas fazia pontaria à nuvem que passava em forma de coração. Sim, a dor sempre vem atrás do tempo.

Theo De Bakker, 70 anos, Antuérpia-Bélgica

Desafio nº 256 – Atrás do tempo, tempo vem.

Mais textos aqui: http://blog.seniorennet.be/lisboa

11/11/21

João Lagoa – desafio 256

“Atrás de tempo perdido… Que ganhas com esse passatempo, buscares a pente fino, no vazio de uma ampulheta, ecos de silêncio, fósseis de luz e sombra, saudades de ti sem ti…”

“Grão a grão de areia enche o tempo o papão na cova da morte…”

“Esse mistério é a minha praia-mar onde o Ser nada (des)conhecido.”

“Que perda de tempo nadares contracorrente o rio de areia do tempo. A Eternidade mesma que no tempo vai, no tempo vem…”

João Lagoa, 59 anos, Lagoa - Algarve

Desafio nº 256 – Atrás do tempo, tempo vem.

Margarida Fonseca Santos – desafio 256

Atrás do tempo, vinha a imaginação, a espreitar, sempre à coca de ideias para histórias ou invenções, ou mesmo disparates. A convocatória, em alertas sucessivos, foi acatada por todos. A urgência não era para menos: a miúda tinha decidido ir viver para outro país. A rotina indignou-se, o medo eriçou-se, a confiança abalou-se, o sonho já delirava extasiado e a preguiça espreguiçara-se, mas quem pôs ordem naquilo foi a organização: “Vamos começar a preparar tudo! Tempo, vem!

Margarida Fonseca Santos, 60 anos, Lisboa

Desafio nº 256 – Atrás do tempo, tempo vem.