23/08/18

Isabel Lopo ― escritiva 35

Parece entretida a bordar, mas não está. Apenas vai cosendo os seus sonhos naquele bocado de linho velho. Também não ouve a conversa da amiga, nem da criança tagarela que atira palavras ao ar. O mar, esse parece-lhe cada vez mais distante. A esperança de o ver chegar desaparece quando a sombra bate nas flores coloridas da varanda. Agora sabe que ele não virá. Resta-lhe remendar o coração com os pontos que foi dando no trapo amarrotado.
Isabel Lopo, Lisboa
Escritiva nº 35 – varanda florida

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