Já experimentei:
A bisneta entrou de rompante, desprovida de fineza. Cumprimentou a avó com enjoo e cheirou as panelas. Cozinhava-se o seu almoço preferido: almôndegas com massa, e arroz-doce com desenhos a canela. Nem sequer agradeceu. Sentou-se à mesa de frente para a janela, a controlar as vistas do anexo onde o Edgar trabalhava. O dedo anelar esperava ansiosamente pelo pedido. Viu-o levar a caneca aos lábios e suspirou. A avó revirou os olhos: era só o que faltava! Margarida Fonseca Santos, Lisboa
284 – palavras com NE
Duas ninfas sobre um penedo. Que estariam elas a conspirar? Para o céu olhavam e com pequenos rasgos de motejo, riam entre si. Desconfiadas olhavam em volta. Fitaram em mim os seus olhos. Chamaram-me. De repente senti um profundo anelo para me juntar a elas. O aroma apaziguante a canela emanava de ambas. Um autêntico frenesi me envolveu e consumiu.
ResponderEliminarEntretanto, coloco a minha luneta, manejo a minha caneta de aparo, e desato a escrever um soneto.
Obrigada!
EliminarA avó peneirou a farinha para as panquecas que os netos comeram com canela e frutos. Pegou na caneca com o chá, enquanto as crianças desenhavam as árvores do jardim com canetas verdes.
ResponderEliminarPela janela, a avó observava Biquinho Amarelo, o merlo, que procurava água na panela velha que sempre estivera debaixo da árvore grande. Queria tomar banho, como sempre fizera, desde que habitava o jardim da casa branca.
O mais lindo do planeta, mesmo em janeiro.
Odilia Baleiro, Lisboa
284- palavras com NE
Boa, Odília, um abraço
EliminarVanessa recordava-se entristecida da boneca destruída no dia de Natal. Prenda almejada há tanto tempo. A alegria sentida. E logo cor de canela. Adormeceu com ela olhando a sanefa do seu quarto humilde. Ao acordar, tal faneca enérgica, cuidou dela, antes de si. Preparou o pequeno-almoço numa panela, aguardando que o leite fervesse, à janela, e ocorreu-lhe um nome. Ele chegou. De rompante, arranca-lhe Manela do colo. Desmembra-a irremediavelmente. Inexplicavelmente. Mais uma vez, a violência; esperanças aniquiladas.
ResponderEliminarIsabel Soares, 57, Setúbal
Boa, Isabel, um abraço
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