29/03/12

histórias recebidas - março 2012 IV


Já não sabia quando tinha começado aquela perseguição. A única coisa que tinha consciência é que era impossível, nunca conseguiria apanhá-lo!
Assim que me levantava, olhava o relógio e dava início ao ciclo. Era uma loucura! Começava por me apressar e acabava sempre numa enorme correria pela rua fora… Tropeçava de cansaço…
- Parem esse homem! – gritei caindo por terra.
Ninguém me ajudou.
Uma menina olhou-me e perguntou baixinho:
- Quem era?
- Era o Tempo. Mais uma vez fugiu!
Sandra Lopes

– Pai!
– Sim, filho…
– O que é o amor?
Perguntou o André.
O pai virou-se na cama e olhou-o com ternura. Não sabe o que dizer. Quedou-se espantado e sorriu. Sentou-se ao seu lado.
– Como te poderei explicar o que significa o amor? Tens apenas seis anos.
Após reflectir um pouco, o pai, abraçou o filho carinhosamente e disse-lhe ao ouvido:
– Filho, o amor é poder abraçar-te e dizer que tu próprio és fruto de um grande amor.
Pedro Jardim, Sintra

"Ponto e vírgula"
Quando eu nasci, a minha mãe disse-me que havia de ser alguém importante, capaz de fazer as pessoas pararem. Graças a mim, as pessoas iam entender-se muito melhor! E um dia havia de encontrar alguém também importante e juntos seriamos ainda mais fortes. E eu acreditei. Claro, as mães sabem tudo! Então, alguém me explica porque razão tanta gente se esquece de mim? Já vos disse quem sou? Chamo-me vírgula e sou casada com um lindo ponto!
Ana Gomes


Um pai, sua filha de 2 anitos, viam televisão. De repente:
– PAI!!!
– O quê filha?!
A sua filha respondeu:
– PAI!!!
– Diz o que queres filhota, diz ao papá!?
A filha respondeu:
– PAI!!!!
– Filhota! Não dizes nada, só Pai, só Pai, ok!!! Diz-me lá, meu Amor?!
Olhando-o, a filha esticou os braços, o Pai agarrou-a e disse:
– Anda cá, meu Amor…
Olharam-se fixamente, sorriram felizes e a filha abraçou-o, com seus bracinhos dando palmadinhas nas costas do Pai, disse suspirando:
– PAI!!!
Jorge Barradas

O vento chegou zangado. Fustigou-me o corpo, fez voar o chapéu e o cabelo bailou em liberdade. As gaivotas vieram juntar-se ao chapéu que voava como se fosse uma delas. Corri que nem uma louca atrás dele. Mas o vento decidiu contrariar-me e, soprando mais, levou-o para o longe. Não era mais que uma sombra quando o mar o engoliu. E, com ele, o mar engoliu, também, os meus inquietos pensamentos que partiram numa viagem sem retorno.
Ana Paula Oliveira, 51 anos, S. João da Madeira 

Era boa companhia para si mesma, quase lhe convencia o pensamento. Sentada em frente ao mar numa tarde de quase primavera, entretinha-se bem com o livro nas mãos, numa quase viagem. O sol rodeava a pele, era quase presença, quase ternura, abria-lhe um quase sorriso. O areal acolhia num colo quase suave, quase um abraço a moldar o seu corpo, quase esquecido. Quase se entregou àquela tarde quase calma e se deixou mergulhar num sono quase profundo.
+
Senta-te aqui. Não, aí não. À minha frente, para eu te ler os olhos. E conta-me histórias. Despeja as palavras consumidas do dia, solta gemidos e risos. Das horas, do tempo. Encontros, desencontros, quantos foram? Que rostos passaram por ti? Sentiste o vento logo cedo? Era frio, encolheu-me por baixo do casaco. Depois ouvi o melro anunciando o dia e a cor da jornada a nascer. Deixei de ter frio. Conta-me histórias....anda, não as guardes para ti.
Helena Eça 

Foram três anos de espera, mais muitos anos de ponderação. O Sérgio chegou em Julho, com dois anos acabados de fazer. Um doce, um chocolatinho delicioso. Já lá vão quase três anos e parece que foi ontem. Mas também parece que nunca existiu vida sem Sérgio. Foi um sol que me entrou pela casa dentro. O sorriso dele, que de início era raro, enchem-me a alma e o coração. O meu desejo é que ele cresça feliz.
Madalena Mota

Escrever? Com o lápis bem afiado, correm ideias pelo papel. Corro também. Preciso agarrá-las! Falar com elas, sentá-las nas linhas. Deixá-las alinhadas para contarem a sua história e para que possam perdurar na memória.
É difícil, por vezes, escolher-lhes um lugar. São irrequietas, não ligam, chamam amigas para falar, trocam de sítio, brincam nas entrelinhas, saltitam por aí sem nunca nos consultar! Parecem crianças a brincar no jardim, mas a verdade é que tudo se compõe no fim!
Sandra Lopes 

9 comentários:

  1. Chegaram mais umas, que divertido que tem sido!

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    1. Margarida, se é divertido para si, imagine para nós!!! E eu estou contente, porque pela primeira vez deixei os outros lerem o que escrevi; mesmo que sejam só 77 palavras! Um beijinho,
      Ana Gomes

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  2. Parabéns pela história Ana Gomes! Gostei muito! Bjs
    Sandra Lopes

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    1. Também gostei muito da sua!
      Ana Gomes

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  3. Ana, fez muito bem! 77 já é um excelente começo :)
    Vá enviando, pode fazê-lo sempre que quiser.
    Um grande beijinho x77

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  4. Sandra, a sua estava deliciosa, também!
    E apeteceu-me pôr - nem 76, nem 78 - 77!
    Um grande beijinho, envie mais...

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    1. Pois é! Tem uma a mais...ops...
      Pode-se mudar para:

      ...saltitam por aí sem (nunca) nos consultar!...
      sorry...
      Sandra Lopes

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  5. Não se preocupe, estava a brincar!!! :)
    Um grande beijinho

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  6. ;) Beijinho
    Sandra Lopes

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