O Erro
- Que coincidência, Mónica, encontrar-te por aqui!
- Não?!
- Tenho andado a seguir os teus passos, a observar-te, mas só
hoje resolvi aparecer, para te ver, num frente-a-frente.
- Mas…Que motivo te levou a fazeres isto, se desapareceste,
sem dizeres água vai, já lá vão quinze anos?
- Para te confessar, se isso te conforta, que foi o maior
erro da minha vida…
Partiram, então, em direcções opostas.
Sónia Silvestre
DESPEDIDA
Ele: A tua boca é um poema ardente.
Ela: E os nossos beijos falam de ilhas secretas,
ocultas no oceano dos olhos.
Ele: Então vem comigo. Os meus dedos afagarão
eternamente a erva dos teus cabelos.
Ela: Não posso. Na água que deles escorre acumulam-se
as lágrimas amargas que nunca chorei.
Ele: Se assim é, partamos, embalados pelos
odores da maresia.
Ela: Sim, partamos, que a alvorada já nos pesa
nas pálpebras.
Partiram, então, em direcções opostas.
Carlos Alberto Silva, Leiria
Carlos Alberto Silva, Leiria
– Amiga estou cansada de te miar que os donos não gostam que
afies as unhas no tapete da sala!
– Eu sei... mas também se zangam quando deixas pelos nas
colchas das camas dos meninos!
– Mas é tão bom sentir o cheirinho deles enquanto durmo a
sesta!
– Ah, pois! Mas também é divertido ouvi-los às gargalhadas
quando veem as séries de televisão e, ao mesmo tempo, me fazem festas…
Partiram, então, em direcções opostas.
Marisa e Matilde Vinagre, mãe e filha!
“Espera! Esta não é a melhor solução, Pedro.”
“Mas como queres proteger o medalhão dourado, Rita?”
“Tens consciência que o malévolo Bogus já deu por falta do
medalhão e que os seus servos já estão no nosso caminho, certo?”
“Qual é a tua ideia? Onde queres chegar?”
“Pensa bem, se estivermos juntos os servos de Bogus
rapidamente nos apanham. Vamos despistá-los tomando caminhos diferentes, logo
nos encontraremos no nosso esconderijo.”
“Genial Rita!”
Partiram, então, em direções opostas.
Luísa Fortes da Cunha
Coruja: Amanhece...não deves começar a cantar?
Canário: Sim, em poucos instantes estarei voando por aí.
Coruja: De que adianta cantar? Além de ser muito esperta e
ser símbolo da sabedoria, sou exímia exterminadora de ratos, uma praga para
humanidade.
Canário: Não desdenhe do meu dom...meu canto torna mais leve
a vida de gente simples e minhas cores deixam a natureza mais bela.
Coruja: Tem razão. Todos os dons tem sua beleza. Acho que vou
dormir...
Partiram, então, em
direções opostas.
Bia Hain, Brasil
A PRENDA
(Em homenagem à MFS)
- Obrigado pela prenda. Adoro receber livros.
- É o último da Margarida Fonseca Santos. Vais começar a
lê-lo?
- Já estou a ler dois ao mesmo tempo. E tenho mais em lista
de espera.
- E quantos mais tens ainda para ler?
- Nem sei quantos. Estou à espera das férias…
- Então, enquanto não chegam as férias, emprestas-mo?
- Leva-o.
- Obrigado. Queria tanto lê-lo. Ainda bem que to ofereci.
Partiram, então, em direcções opostas.
Carlos Alberto
Silva, Leiria
– Ela e o Alberto Agostinho, que era o patrão, iam para
a Guiné.
– E então?
– Parece que o marido descobriu e não gostou. Ela jurou que iam mesmo em trabalho, mas nestas situações… uma coisa leva à outra e o marido preferiu jogar pelo seguro e proibiu-a.
– E ela aceitou?
– Pois foi, ninguém pensaria.
– Tenho que tirar isso a limpo. Creio que vou passar láem casa. Queres
vir?
– Acho melhor não.
Partiram, então em direcções opostas.
Quita Miguel, 52 anos, Cascais
– E então?
– Parece que o marido descobriu e não gostou. Ela jurou que iam mesmo em trabalho, mas nestas situações… uma coisa leva à outra e o marido preferiu jogar pelo seguro e proibiu-a.
– E ela aceitou?
– Pois foi, ninguém pensaria.
– Tenho que tirar isso a limpo. Creio que vou passar lá
– Acho melhor não.
Partiram, então em direcções opostas.
Quita Miguel, 52 anos, Cascais
A FORMIGA QUE TINHA ASAS
- Formiga caminhante, onde vais tão elegante?
- Saudações, Cara Andorinha! Caminhando faço meu caminho!
- Fazes teu caminho? Sozinha? Não avisto nenhum formigueiro nas redondezas.
- Não vou sozinha... vou carregada de sonhos!
- Que sonhos são esses que te acompanham?
- Tu que voas pelo mundo fora, conheces povos distantes e animais exuberantes, sabes a essência dos meus sonhos.
- Mas tu não tens asas?
- Tenho-as na alma!
- Não tens medo do desconhecido?
- Então, se é desconhecido, não há porque ter medo!
Partiram, então, em direcções opostas.
Michelle Pinto
- Me dá um abraço? Estou com saudades!
- Vem cá!
- O que é isso? - pergunta, apontando para uma pequenina flor que encontrou na manga da camisa do marido...
- Tão pequena, tão fora de lugar! - diz ele...
- De quem é?
- Eu nunca iria te contar!
- Seu falso, traidor, sem vergonha! Achas que poderei conviver com essa feia dúvida?
- Me esquece, nosso casamento acabou!
- Tens certeza? - pergunta, sorrindo, sentindo-se livre!
Partiram, então, em direções opostas.
– Longe vão os tempos em que não nos separávamos! Transformávamos
o dia numa festa permanente apenas refreada pelo remanso da noite.
– Tínhamos a guitarra como nossa testemunha…
– Escrevíamos poemas rimados, compúnhamos baladas…
– Cantávamos em uníssono, vozes afinadas pelo diapasão do coração.
– Lembras-te? Criámos a nossa canção, a palavra-passe para entrada num mundo onde tudo parecia perfeito e imutável e (eu convencido!), caminhávamos para um futuro mais-que-perfeito…
– Que não chegou a ser futuro!
Partiram, então, em direções opostas.
Ana Paula Oliveira
– Tínhamos a guitarra como nossa testemunha…
– Escrevíamos poemas rimados, compúnhamos baladas…
– Cantávamos em uníssono, vozes afinadas pelo diapasão do coração.
– Lembras-te? Criámos a nossa canção, a palavra-passe para entrada num mundo onde tudo parecia perfeito e imutável e (eu convencido!), caminhávamos para um futuro mais-que-perfeito…
– Que não chegou a ser futuro!
Partiram, então, em direções opostas.
Ana Paula Oliveira
O
SUSTO
—
BUUUUU!
— Que
susto, Miguel!
—
Gostaste?
—
Claro que não!
—
Marta, és cá uma desmancha-prazeres.
— E tu
és um idiota! Não vês que estou ocupada?!
—
Dormir não é uma ocupação.
—
Estou ocupada em dormir!
— Se
estavas a dormir não estavas a fazer nada.
—
Estou demasiado cansada para estar aqui a discutir contigo.
—
Porque sabes que perdes.
—
Porque temos opiniões diferentes e nunca iremos concordar.
—
Partes-me o coração.
— E tu
deixaste-me com dores de cabeça!
Partiram, então, em
direções opostas.
+
A
ESCOLA DAS ARTES
—
Meninas, chegámos à Escola das Artes. Prontas para a inscrição?
— A
Mariana ainda não disse em que modalidade quer se inscrever.
—
Daqui a uns instantes saberás.
— Mas
porquê tanto mistério?! Já sei! Vais inscrever-te em bailado como eu!
— Não,
Matilde.
— Não
queres ser bailarina? Somos irmãs e gémeas! Temos de ter os mesmos gostos!
— Não
estou virada para a dança.
—
Então estás virada para o quê?
—
Teatro.
— Não
vamos ficar juntas?
— Não.
Partiram, então, em
direções opostas.
Vanda Pinheiro
— Por favor, posso-lhe falar
um minutinho?
— Pois não, mas seja rapidinho.
— Tenho impressão de que já te vi.
— Engano seu, nem sou daqui.
— Mas sua feição me é familiar.
— Com certeza confundido você está.
— E o seu nome, posso saber?
— Não há razão para lhe dizer.
— Diga-me pelo menos onde você mora.
— Tenho pressa, preciso ir embora.
— Será que posso lhe acompanhar?
— Obrigada, sozinha prefiro estar.
— Pena, queria fazer uma proposta...
Partiram, então, em direcções opostas.
— Pois não, mas seja rapidinho.
— Tenho impressão de que já te vi.
— Engano seu, nem sou daqui.
— Mas sua feição me é familiar.
— Com certeza confundido você está.
— E o seu nome, posso saber?
— Não há razão para lhe dizer.
— Diga-me pelo menos onde você mora.
— Tenho pressa, preciso ir embora.
— Será que posso lhe acompanhar?
— Obrigada, sozinha prefiro estar.
— Pena, queria fazer uma proposta...
Partiram, então, em direcções opostas.
Majoli Oliveira
Que
bonito texto – Quando mãe e filha se juntam, e as palavras ganham vida,
acontece assim... Ana Paula Oliveira adaptando um soneto da mãe!
– Bateste à minha porta, poesia! Voltei-te as costas, não te recebi. Não quis pensar em nada, apartou-se de mim qualquer magia.
– Quis inundar-te, não me recebeste! Disseste-me não!
– Minhas mãos, de trabalho, estão cansadas.
– Podias descansar em mim!
– Minhas ideias, de oprimidas, ficaram pardas.
– Quis iluminar-te o pensamento!
– Cheio de dor está o meu pobre coração.
– Quis serená-lo, não me atendeste!
– Agora, arrependida, sinto dor. Não atendi o teu apelo, fui cruel.
Partiram, então, em direções opostas.
Dorinda Oliveira (mãe -72 anos) e Ana Paula Oliveira (filha - 51 anos)
– Bateste à minha porta, poesia! Voltei-te as costas, não te recebi. Não quis pensar em nada, apartou-se de mim qualquer magia.
– Quis inundar-te, não me recebeste! Disseste-me não!
– Minhas mãos, de trabalho, estão cansadas.
– Podias descansar em mim!
– Minhas ideias, de oprimidas, ficaram pardas.
– Quis iluminar-te o pensamento!
– Cheio de dor está o meu pobre coração.
– Quis serená-lo, não me atendeste!
– Agora, arrependida, sinto dor. Não atendi o teu apelo, fui cruel.
Partiram, então, em direções opostas.
Dorinda Oliveira (mãe -72 anos) e Ana Paula Oliveira (filha - 51 anos)
— Sem munições…
— Eu também…
— Ficamos por aqui?
— Sim, ficamos…Somos demasiado bons para morrer hoje.
— Ha!Ha!Ha! Humor entre inimigos no campo de batalha. Coisa rara…
— Como a honra.
— Sim, como a honra. Então, noutra altura. Noutra batalha.
— Noutro dia. Hoje vivemos, respiramos e bebemos. Amanhã…
— Amanhã é outro dia. Carpe diem meu caro.
— Carpe diem. Talvez amanhã já não.
Partiram, então, em direcções opostas.
— Eu também…
— Ficamos por aqui?
— Sim, ficamos…Somos demasiado bons para morrer hoje.
— Ha!Ha!Ha! Humor entre inimigos no campo de batalha. Coisa rara…
— Como a honra.
— Sim, como a honra. Então, noutra altura. Noutra batalha.
— Noutro dia. Hoje vivemos, respiramos e bebemos. Amanhã…
— Amanhã é outro dia. Carpe diem meu caro.
— Carpe diem. Talvez amanhã já não.
Partiram, então, em direcções opostas.
Marco Carreira
A MAGIA DAS PALAVRAS
— Olá!
— Olá.
— João…
— Joana!
— Coincidência…
— É…
— Muito tempo à espera?
— Dez minutos.
— Não costuma demorar tanto.
— Fim-de-semana…
— Deve ser isso.
— Gostas de poesia?
— Sou viciado!
— Tantos livros…
— Aproveitei os saldos da Feira.
— Eu adoro livros de viagens.
— Estou a ver, também vais carregada.
— Aproveitei as promoções.
— Claro!
— Não gostas de viajar?
— Sim.
— Mas só lês poesia?
— A poesia faz-me voar.
— Como?
— Pela magia das palavras!
— Ah, chegou o metro.
— O meu também…
Partiram, então, em direcções opostas.
Dilermando Sobral
– Volto a dizer-te, a vida pode ser tão mais simples,
Manuel…
– Sim, Maria tens razão, mas dá muito trabalho torná-la simples.
– Mas aí é que está o desafio: conseguirmos desbravar, juntos, em
uníssono, com entusiasmo, coragem e, às vezes, uma dose de loucura as
barreiras e as pontes do caminho.
– A dois é mais difícil, parece-me. Custa-me encontrar o equilíbrio do
consenso. Não consigo.
– Seguirei sozinha, Manuel, até encontrar quem me entenda.
Partiram, então, em direcções opostas.
+
– Mas porquê, porquê só setenta e sete palavras num texto? Porque não
oitenta e sete ou sessenta e sete? Ainda estou para perceber a lógica.
– Isto são coisas minhas, pura diversão, um dia explico melhor a opção…
– Mas não estou para aí virada. Quero escrever um texto com cinquenta e
três. Agrada-me mais este número. Posso?
– Lamento… Não, regras são regras.
– Amanhã talvez consiga escrever um texto de setenta e sete palavras.
Partiram, então, em direcções opostas.
– Sim, Maria tens razão, mas dá muito trabalho torná-la simples.
– Mas aí é que está o desafio: conseguirmos desbravar, juntos, em
uníssono, com entusiasmo, coragem e, às vezes, uma dose de loucura as
barreiras e as pontes do caminho.
– A dois é mais difícil, parece-me. Custa-me encontrar o equilíbrio do
consenso. Não consigo.
– Seguirei sozinha, Manuel, até encontrar quem me entenda.
Partiram, então, em direcções opostas.
+
– Mas porquê, porquê só setenta e sete palavras num texto? Porque não
oitenta e sete ou sessenta e sete? Ainda estou para perceber a lógica.
– Isto são coisas minhas, pura diversão, um dia explico melhor a opção…
– Mas não estou para aí virada. Quero escrever um texto com cinquenta e
três. Agrada-me mais este número. Posso?
– Lamento… Não, regras são regras.
– Amanhã talvez consiga escrever um texto de setenta e sete palavras.
Partiram, então, em direcções opostas.
Leopoldina
Simões
Nicolau, um
amigo, e a mulher do primeiro
– Redonda!
– Plana!
– Redondinha,
como uma laranja!
– Planinha, como
as costas das minhas mãos!
– Velhos
teimosos! Já não vos posso ouvir! Não têm modos de conversa! Redonda Plana,
redonda plana... Ide lá pra fora descobrir... bem longe daqui!
– Olha... Não é
mal pensado!
– Então?
-Partindo da
Carvalha Redonda, um pro nascente, outro pro poente, pela Recta do Prado, sendo
a Terra redonda, havemos de dar um com o outro mais dia menos dia...
Partiram,
então, em direcções opostas.
Luís Marrana, 52, Oliveira do Douro
No Jardim
– Não te cansas de tanto pular? – pergunta a Lua para o Tabi.
A Lua é uma gatinha branca, felpuda, que saboreia a frescura do jardim,
enroscada no regaço da dona.
– Gosto muito de jogar. É o meu exercício – respondeu o Tabi,
um cãozito de olhar vivo, muito alegre.
– Pois é, eu não faço exercício! Vou engordar...
– É tão bom correr! Vem experimentar...
– Vou mesmo...
Saltou do regaço e foi para a folia...
Partiram então em direcções opostas.
Arminda Montez, 75
anos, Queluz
Janela Partida... Carrinho
Perdido...
– Já te disse, não insistas porque
eu não te dou!
– Anda lá, mãe! Eu nunca mais
faço aquilo...
– Pois não... Se a janela já está
partida, não a podes partir outra vez...
– Oh... E se eu lavasse a louça
durante... um mês? Davas-mo?
– Achas? Não te dou o carrinho
por partires uma janela, e agora queres que te confie louça? Assim partes os
copos e pratos...
– Sendo assim, não posso fazer
nada...
Partiram então, em direções
opostas.
Rickyoescritor,11 anos, Pedroso, VNG
A Festa
– Temos de convidar o Filipe.
– E a Vanessa, tens o número?
– Acho que sim. O resto do grupo
já está.
– E vem toda a gente?
– Sim, até a Sara!
– A Sara!? Admira-me, com o
triste que anda ultimamente...
– Mal de amores, sabes como é.
– Pois! E a sala já está
reservada?
– Vou ver isso hoje. Tu tratas da
comida.
– E se falasse com a Dona Amélia?
– Boa ideia! Vamos lá tratar
disso.
Partiram então em direções opostas.
Carla Silva, 39 anos, Barbacena, Elvas
– A tua viagem pela China correu
bem?
– Correu, sim!
– A cidade desenvolveu-se muito?
– O PM já aumentou para 500!
– Referia-me à economia.
– Os preços imobiliários subiram
para 30 mil por metro quadrado.
– Recebeste muitos presentes do
Pai Natal?
– Não, o Pai Natal quando chega a
Pequim, perde-se sempre na névoa.
– Ele perde-se, a sério? Quem
diria.
– Uma vez, ele até conseguiu
encontrar a localização de Pequim, porém, acabou por cair. Ninguém o ajudou.
Partiram em direções opostas.
Alexandre e Leandro, 18/19 anos, 2º ano
de Português, Pequim, prof Clara Oliveira
– Será que nunca
és capaz de concordar com nada que digo?
– Não, porque não
entendo como podes pensar que tal coisa seja correta!
– É apenas o que
penso! Não tens de gostar ou desgostar, apenas de aceitar!
– Mas isto é um
facto! Ou seja não há cá opiniões! O sul é para aquele lado! Se não te queres
perder vem comigo!
– Obrigada mas eu
não me perco! Vais ver como tenho razão!
Partiram,
então, em direcções opostas.
Liliana Macedo, 15 anos, Ovar
– Olá, sou o Filipe. Como te
chamas? Nunca te vi por aqui.
– Olá, sou Carlota. Estou cá
pela primeira vez.
– Se quiseres mostro-te a
vila...
– Já dei a volta aos locais
mais importantes, mas obrigada.
– Anda, vou mostrar-te as
piscinas naturais na praia.
– Agora não posso. Tenho de
ir com o meu pai às compras, mas logo passeio contigo.
– Combinado! Às cinco estou
neste mesmo local à tua espera.
– Até logo, Filipe.
Partiram, então, em direcções opostas.
Rosa Maria Pocinho dos Santos Alves, 51 anos, Coimbra
– João, temos de
conversar.
– O que se passa,
Luísa?
– Penso que a
nossa relação chegou ao fim.
– Como? O que me
estás a dizer?
– É isso mesmo.
Não aguento mais esta pressão que exerces em mim. E…
– Mas, meu amor…
Eu… Amo-te!
– Mas eu já não te
amo. Conheci outra pessoa.
– Como?! Quando?!
Porquê?
– Aconteceu!
Desculpa! Não foi com intenção.
– E terminas uma
relação de cinco anos assim?!!!
– Ficará sempre
muito carinho.
Partiram então em
direções opostas.
Fátima Sousa, 39 anos, Santa Maria da
Feira
– Mateus, olha! Chegámos ao cruzamento de que a Pita falou!
– E agora?... Para onde teremos de ir? Não tenho a certeza se tens
razão!
– Eu já te disse, Tomás! Temos de ir sempre para Norte.
– Estás doido! Se formos para Norte, estamos a ir em direção
à casa da Matilde e nós queremos ir para casa da Pita! Percebeste, ó tonto!
– Eu não vou por aí, Tomás!
– Então não venhas! Teimoso… Boa sorte!
Partiram em direções opostas.
Fátima Fradique, 40 anos, Fundão
Vamos hoje ao cinema Luís? – perguntou Inês ao namorado.
– Não, hoje não me apetece, e o filme também não me interessa
nada, é um filme muito choradinho. E sabes muito bem que não é o meu género!
– Pensei que gostavas muito de mim, mas afinal não gostas.
Pois não és capaz de fazer um sacrifício por mim!
– Gosto, sim – disse o Luís –, gosto até muito!
Se gostasses ias comigo! Vou então sozinha!!
Partiram em direcções opostas.
São Sebastião, 68
anos, Glória, Estremoz
Céu Azul
– Só você para contrariar as nuvens – gritou Teté
entusiasmada. A avó Mena ria e brincava como um salta-pocinhas de 7 anos. E já
eram muitos mais os anos que lhe pesavam no corpo, mas a alma, essa, voava
livre como um pássaro rumo à primavera e ao sol.
– Salta, Teté, salta! – grita, chapinhando feliz. Os olhos
piscam de felicidade e, encharcada, abraça a neta e sorri. As nuvens libertaram
o céu azul. Partiram então em direções opostas.
Sandra Pilar Paulino, 44 anos, Barreiro
— Ando desarvorado, nada me acolhe. Sinto frio...
— Concentra-te no real, age, põe ações no pensar,
— Não consigo! Dentro de mim há um turbilhão de
sentimentos...
— (ic, ic, ic) só sei chorar,
— Isso não adianta, nem resolverá teus problemas, seja
firme!
— Como? Sou bobo demais, pareço manteiga
derretida...
— Amar não deve ser sofrer...
— Há que ter alegria, mas, pés fincados na realidade, no
chão...
( )
Partiram, então, em direcções opostas.
Roseane Ferreira,
Estado do Amapá, Macapá, Extremo Norte do Brasil
Recordaram a loucura da paixão
que os uniu, os beijos ardentes que trocavam, a beleza dos seus corpos nus, as
palavras que disseram, os encontros marcados 4.ª feiras nos locais mais
diversos.
Agora no banco do jardim, que
tantas vezes os acolheu de mãos enlaçadas, riam-se ao recordar os anos há tanto
tempo passados.
Que alegria teve este encontro!
Pensaram que seria o recomeçar da paixão que não havia esmorecido. Mas não! Partiram então em direções opostas.
Felismina
Trindade, 70 anos, Estremoz
– Porque não
experimentas?
– Porque haveria
de experimentar? Já te disse que não é o meu estilo.
– O teu estilo é
mais a descoberto, é isso?
– Essa é a ideia
que tens de mim?
– Não, essa é a
ideia que dás! Seja verão ou inverno, não tapas nada! Experimenta!
– E ele a
dar-lhe! Amizade é também respeito, sabias?
– Amizade?
Pensei que namorávamos!
– Pensaste!
Fartei-me! Para paizinho já me chega um lá em casa!
Partiram,
então em direções opostas.
Amélia Meireles, 62 anos, Ponta Delgada
– Porventura,
haverá por aí alguém à escuta deste airoso e bem-dotado exemplar?
– Olha p’ra ti,
que figura ridícula!… Estamos aqui sozinhos, para quê esse canorgulhês?
– Senhorita!
Perdoe a introdução… defronte - a mais bela criatura canina… (vibrante
sensação!)
– Revelas o que
és, um vadio, alucinado e insignificante cão!
– Oh! Esta
faminta existência tem amor para dar, capaz de saciar a sublime figura…
– Ó poeta
solitário basta! Já chega! Estou farta de lamechices!
Partiram então em direções opostas.
Andrea Ramos, 39 anos, Torres Vedras
– O que te deu,
Marisa? Não vês que não é para o teu goto?
– Deixa-me cá.
Vê-me aqueles olhos doces.
– Isso é de ser
míope, rapariga.
–Tem sorriso
aberto, com dentes certinhos.
– Ai Jesus,
mulher! Melhor tem-no o Alberto pescador, e nem sabes de que cor são os olhos
dele. Só os tem para ti.
– …
– Fazes sinais,
a ajudá-lo?
– Ele não
percebe nada de lota! Terá outra jantarada, coitado. É bago!
Partiram
então em direções opostas.
Graça Pereira, 57 anos, Setúbal
Desencontros
– Deixa-te disso. És sempre assim. Não tens objetivos. Livre,
solto, ao sabor…
– … de mim, queres tu dizer.
– Quem sabe? Devias fazer como eu. Teres metas concretas.
Alvos a atingir.
– Dizem que sim. Que é bom cair em ti. Não provar do meu
sabor.
– Do teu sabor, Sonho? Seguir assim, à deriva, saboreando o
tempo e a fantasia?
– Será talvez melhor do que cair em ti, Realidade. Há quem
nunca se recomponha.
Partiram então em direções opostas.
Paula Coelho Pais,
54 anos, Lisboa
–
Então, Pedro, o que achas? Parece-te bem fazermos assim? Vá lá!
–
Poderia dizer que sim, que acho uma ótima ideia, que já podíamos ter pensado
nisso, etc…
– E?
– Não
estaria a ser sincero. Estaria só a ser correto, educado. Não me parece certo.
Percebes?
– Sim.
Percebo. Em que ficamos?
–
Beatriz, prefiro que tudo fique como está. Já não vale a pena tentar, tivemos
todo este tempo para o fazer e… nada mudou.
Partiram
então em direções opostas.
Carla Augusto, 48 anos, Alenquer
Coisas de cães
Dois cães
encontraram-se frente a frente. Entre eles encetou-se o seguinte diálogo:
– Desaparece!
Esta rua é minha!
– Não tiro as
patas daqui!
– Cheiras a raça
ruim!
– Olha quem
fala!
– Manda aqui
quem marcar este pneu!
– Tens pouca
sorte, já o marquei.
– Tira a pata
para lá, também o estou a marcar.
– Façamos um
acordo. A rua daqui para cima é tua e daqui para baixo é minha.
– Concordo
Tranquilamente,
os dois cães partiram, então, em direcções opostas.
Isabel Sousa, 64 anos, Lisboa.
– Que fazes tu por
estas bandas, Raposa matreira?
– Olá, mocho, procuro a cotovia,
marquei encontro com ela neste lugar.
– Eu sei que procuras a cotovia e
também sei o que queres dela.
– Como sabes, se era segredo?
– Ela contou-me tudo, queres
enganá-la, para comer-lhe o filho.
– Não, não, eu só quero
retribuir-lhe o convite para jantar.
– Eu tenho-te vigiado, desde que
enganaste a minha amiga coruja.
– Some-te daqui, não quero ver-te
mais.
PARTIRAM ENTÃO EM DIRECÇÕES
OPOSTAS.
Natalina Marques, 57 anos, Palmela
Infelizmente
Estava de olho em um garoto, ele nem me notava. Um dia, andando
à sua procura, esbarrei em alguém, um menino, pois a voz era grossa. Quando
olhei, era ele, quase infartei, me segurei, e ele disse:
– Desculpe-me!
Não consegui falar nada. Então ouvi:
– Você me desculpa?
– Tudo bem, eu estava distraída.
Depois desse dia, ele começou a falar comigo até demais.
Infelizmente era nosso último ano naquela escola.
E acabou. Então nós partimos em direções opostas.
Mayara Queiroz, 13
anos, CEF 04 de Brasília, profª Celina Silva Pereira
A história
– Vô, pode me contar aquela história mais uma vez
– da menina e do príncipe?
– Já está tarde, querida, amanhã lhe conto.
– Por favor, vovô!
– Tudo bem... Era uma vez em um reino bem... bem distante.
Havia um belo príncipe que estava desesperadamente atrás de uma esposa para que
pudessem governar juntos. Procurava uma menina de bom coração. Encontrou uma
bela garota, porém não podiam ficar juntos. Partiram então em direções opostas.
Amanda Amarante, 13 anos, 8º ano B, CEF 04 de Brasília, profª Celina Silva Pereira
Amanda Amarante, 13 anos, 8º ano B, CEF 04 de Brasília, profª Celina Silva Pereira
Olhares
Ele está treinando como de costume. Ela está atrasada para a
escola. E então os dois esbarram:
– Perdão, eu sempre desastrada.
– Não foi nada, deixa que eu te ajudo.
– Obrigada.
Ao pegarem o último livro, os dois trocam e trocam vários
olhares – aquela cena clichê de todo filme romântico
– Desculpe! – ele disse ainda olhando para ela.
– Obrigada e desculpe novamente.
– Não foi nada.
Mesmo trocando olhares, partiram então em direções opostas.
Maria Fernanda, 13
anos, 8º ano C, CEF 04 de Brasília, profª Celina Silva Pereira
– Maria,
penso que temos de falar pessoalmente sobre esta situação.
– Eu
concordo contigo, e já falámos disso.
– Que
aconteceu com a nossa relação? Não entendo porque estamos assim.
– Não
sei, Joel. Mas pode ser a falta de comunicação e sobretudo o maior problema é
não nos vermos.
– Então o
melhor é não continuarmos com esta relação.
– Dói-me
muito, mas eu penso que é o melhor.
Eu vi
este momento, e como ambos partiram então em direções opostas.
Sergio Vital Becerra, 17 anos, Escola Secundária IES Rodríguez
Moñino, Badajoz, prof Catarina Lages
Estavam na estação de autocarros
e os namorados têm a seguinte conversa:
– Vai ser
muito difícil, não quero ir-me embora.
– Não
gosto das despedidas. Sobe para o autocarro, por favor.
– Vou ter
saudades, espero ver-te cedo.
– Com
certeza, aqui tens um presente para que não me esqueças.
– Muito
obrigada. Que tenhas muita sorte na capital.
– E tu em
Sevilha. Gosto muito de ti.
– Eu
mais, de certeza.
Fechou-se a porta do autocarro,
partiram então em direções opostas.
María Elena García, 17 anos, Escola Secundária IES Rodríguez
Moñino, Badajoz, prof Catarina Lages
– Eu quero ir para a Universidade
de Madrid e estudar Direito. Eu quero que tu venhas comigo.
– Mas eu quero estudar medicina
na Universidade de Barcelona. Porque não vens comigo?
– Porque eu não gosto de
medicina, eu sou de letras. Pelo menos poderias estudar medicina na mesma
cidade que eu.
– Não posso porque em Madrid não
se pode estudar medicina.
– Então só poderemos ver-nos aos
fins de semana.
– Eu também
penso isso.
Partiram,
então em direções opostas.
Alejandro Bautista, 17 anos, Escola Secundária IES Rodríguez
Moñino, Badajoz, prof Catarina Lages
– Pensava que iriam estudar
juntos na Universidade.
– Sim, supostamente íamos, mas
preciso de uma mudança na minha vida.
– Então o que queres fazer?
– Vou estar um ano ou dois a
viajar, a conhecer pessoas novas e religiões, países novos.
– E depois?
– Durante este tempo vou
descobrir o que realmente gosto e também preciso de descobrir o quando, quando vou saber o que fazer.
– Não tens medo de te arrepender?
– Não me vou arrepender.
Partiram então em direções
opostas.
Melissa de Sousa de Sousa Couto, 18 anos, Escola Secundária IES
Rodríguez Moñino, Badajoz, prof Catarina Lages
– Eu não
posso ficar.
– Mas isto
é muito difícil para mim.
– Para
mim também. Eu amo-te loucamente.
– O nosso
amor é impossível. O meu avião está à espera. A polícia está a chegar. Recorda
sempre que te amo.
– Tu
sabes onde eu vivo. Se mudares de opinião, aqui estou eu.
–
Voltarei.
– Sempre
nos fica Madrid.
– Sempre.
Eu recordá-la-ei toda a minha vida. Tu sabes bem que eu não quero apanhar esse
avião.
Partiram
então em direções opostas.
Isamael García Cáceres, 17 anos, Escola Secundária IES Rodríguez
Moñino, Badajoz, prof Catarina Lages
Lúcia viaja até
ao Porto e vai visitar o estádio do Dragão.
Conhece Ruca, um
rapaz atraente, de boné na cabeça. Sentem-se atraídos e marcam um encontro na
Torre dos Clérigos. Ruca aparece, charmoso, com o seu imprescindível boné e
Lúcia fica encantada.
Sobem até ao
miradouro e decidem fazer uma selfie.
Momento mágico,
passa uma gaivota e leva o boné do Ruca. Grande desilusão quando ela descobre
que ele é careca.
Partiram então em direções opostas.
Alunos de 2º bachillerato, IES
Loustau-Valverde, Valencia de Alcántara, Espanha, prof. Joana Marmelo
A rutura duma amizade
Estavam
sempre juntos:
– Espera,
Pé! Estou muito cansado.
– Vamos
embora! Senhor Sapato, quero chegar cedo.
– Porque
temos que fazer o que tu dizes? Estou farto!
– E eu
tenho que suportar-te, cheiras sempre muito mal.
– A culpa
não é minha! Sabes uma coisa?
– Não
sei, fala então.
– Já não
quero viver mais assim, eu estou apaixonado.
– O que
estás a dizer, Sapato? Estás maluco?
– Pensa o
que tu quiseres. Adeus, Pé! Muita sorte.
Partiram,
então, em direções diferentes.
Noelia Cabrera Rodríguez, 17 anos, Escola Secundária IES Rodríguez
Moñino, Badajoz, prof Catarina Lages
Velhos amigos
– Há
muito tempo que não nos víamos! Como estás?
– Desde o
ano passado que comecei a trabalhar, não vivo aqui. Estou bem e tu?
– Estou
bem. Onde trabalhas agora?
–
Trabalho numa vila a trezentos quilómetros e vivo lá, mas venho aos fins de
semana para visitar a família. E tu?
– Eu
ainda vivo e trabalho aqui.
– Algum
sábado aviso-te e passamos todo o dia juntos.
– Boa
ideia! Não te esqueças de avisar.
Partiram,
então, em direções diferentes.
Rocío Vila Morillo, 17 anos, Escola Secundária IES Rodríguez
Moñino, Badajoz, prof Catarina Lages
Separação
– Sabes o
que é que aconteceu com o Pablo e com a Carmen?
– Contaram-me
algo sobre isso.
– Eles
estão numa situação muito difícil porque a Carmen gosta muito do Pablo, mas no
final do ano ela vai para Roma durante um ano.
– O Pablo
disse-me que já não é o mesmo do que era há um ano atrás e que não vai poder
aguentar tanto tempo sem ver a Carmen como queria.
Partiram,
então, em direções diferentes.
Marta Gijón Jiménez, 17 anos, Escola Secundária IES Rodríguez
Moñino, Badajoz, prof Catarina Lages
Mudança
– Amor,
porque já não me cumprimentas, nem me falas?
– Porque
já não sinto o mesmo por ti, o nosso amor acabou-se.
– E
porquê? Não te trato bem?
– Não é
isso, mas eu sei que tu tens outra namorada e estás a enganar-me…
– Isso
não é verdade! Eu amo-te mais do que a minha vida!
–
Desculpa, mas vou mudar de cidade para não te ver mais. Podes ficar com a casa
se quiseres.
Partiram,
então, em direções diferentes.
Isabel Cadenas Urquía, 17 anos, Escola Secundária IES Rodríguez
Moñino, Badajoz, prof Catarina Lages
Mudanças
– Onde
estiveram o Rui e a Maria ontem?
– O Rui e
a Maria foram ao Tribunal.
– Porque
foram aí?
– Eles
vão divorciar-se.
– Como?!
Eles estavam sempre a sorrir quando iam juntos.
– Sim,
mas eles sempre o faziam pelos meninos.
– É
incrível. Eram um casal perfeito!
– Ela
agora vai mudar de cidade com os meninos pois ali tem uma casa grande e a sua
mãe vai ajudá-la com os meninos.
– É uma
pena!
Partiram,
então, em direções diferentes.
Esmeralda Sánchez Barrantes, 17 anos, Escola Secundária IES
Rodríguez Moñino, Badajoz, prof Catarina
Lages
Uma vida nova
– Olá,
bom-dia. Eu queria falar com o senhor para tratar da sua mudança de vida.
– Olá,
Manuel! Sim, eu estou a preparar as malas para viajar de avião amanhã às sete
horas.
– Vai
começar um modo de vida muito diferente. Na Alemanha os costumes são distintos.
Também tenho a certeza que ali vai conhecer novas pessoas e vai divertir-se
muito!
– Eu
estou um bocadinho nervoso porque vou mudar de vida completamente.
– Sorte!
Partiram,
então, em direções diferentes.
Manuel Rodríguez, 17 anos, Escola Secundária IES Rodríguez Moñino,
Badajoz, prof Catarina Lages
Em busca da felicidade
– Eu adoro-te!
– E eu acho que mudar de vida não implica que me deixes!
– É o meu futuro!
– Eu vou para o Exército em busca da minha felicidade.
– E tu vais ter de procurar o meu amor também.
– Sabes que vamos partir em direções opostas?
– Eu assumo isso, e também que o meu caminho não vai estar ligado ao
teu…
– Peço-te que não te esqueças de mim…
– Amar-te-ei para sempre, meu amor.
Partiram então em direções opostas.
Paula Barragán, 16 anos,
IES Rodríguez Moñino, prof. Catarina Lages
― Susana começou
a ser explorada como enfermeira.
― Imagina Rui no
“callcenter” …
― Exploração não
tem fim.
― Tem, terão que
se questionar… qual a razão da sua existência?
― Nunca se vão
unir…
― Vão, se
resistirmos! Será lento, mas possível. Onde está o real valor do seu trabalho?
― Ladrões…
ricaços!
― É apenas uma
questão de justiça.
― Não temos
independência da União Europeia.
― Temos que
questionar.
― Bom… conversas
com os da baixa, eu com os da alta.
Partiram, então,
em direcções opostas.
Eurídice
Rocha, 50 anos, Coimbra
― Amor, temos que organizar a festa de aniversário do
Paulinho.
― O nosso filho já está crescido... vai completar oito
primaveras.
― Relativamente ao presente, o que achas de lhe
oferecermos uma bola de futebol e chuteiras novas?
― É uma excelente ideia, querida. Podes ir comprar os
presentes à loja de desporto, por favor?
― Claro, irei imediatamente.
― Eu vou à gráfica imprimir convites para a festa do
Paulinho e, seguidamente, irei distribuí-los pelos amigos.
Partiram então em direcções opostas.
Susana Sofia
Miranda Santos, 38 anos, Porto
Em direções
opostas
Golfinho Willy
macho ― Sim, querida, o que é que vamos fazer hoje?
Golfinho
Jacqueline fêmea ― Podíamos ir pelo oceano em direção a uma ilha no Panamá,
onde a água é cristalina e à noite podemos ver as estrelas.
― Sim, querida,
sim, podemos ir, mas não pode ser muito perto da costa, por causa dos perigos.
― Podemos
mergulhar e entrar pela gruta!
― Tu vais pela
gruta que eu pulo por entre as montanhas.
Partiram,
então, em direções opostas.
Sérgio Felício, 37 anos, Coimbra
― Isso na tua mão é um pacote de
pastilhas? Podes dar-me uma?
― Shhh… sim, posso, mas não
contes a ninguém senão vão-me todos pedir uma!
― Obrigado! Mas que sabor
estranho é este? Nunca provei algo assim.
― Ah, é um novo sabor que saiu, a
couves.
― PASTILHAS COM SABOR A COUVE?!
QUE NOJO!
― Está calado, seu idiota! Agora
todos nesta sala vão saber que tenho pastilhas por tua causa!
― Pronto, desculpa lá, pá!
Partiram então em direções
opostas.
IM, 16 anos, Seixal
Os pequenos grandes quês
― Porque estás a dizer isso?
― Isso o quê?
― Combinámos ir ao cinema ver
aquele filme premiado e só depois ao supermercado.
― Já não me apetece ver filme
nenhum.
― Porquê? Há tanto tempo não
saímos…
― Porquê o quê? Não temos nada
em casa.
― É cedo, depois do filme
podemos ir.
(silêncio…)
― Ok, disse ela, vai às
compras, eu vou ao cinema.
― Quem vai buscar os miúdos
aos teus pais?
― Ora… quem vai sempre?
Partiram então em
direções opostas.
Maria Loureiro, 63 anos, Lisboa
― Ó mosca Fosca, queres fazer
uma aposta?
― Sim, aranha Castanha. No que
estás a pensar?
― Então é assim, eu aposto que
não consegues chegar à parte de cima da porta!
― E o que é que eu ganho com
isso?
― Ganhas um convite para
conheceres a minha casa de perto. Hahaha!
― Vai andando à frente para
abrires a porta. A dona da casa tem que ser a primeira. Deves achar que estou
distraída!
Partiram então em direções
opostas.
Leonor F., 9 anos, Paços de Ferreira,
prof Joana Pinto
– Sempre vamos fazer o combinado?
– Não sei… Achas que fazemos bem?
– Claro!
– Não, mas… Não me agrada muito este plano…
– Já sabes eu falo com a Mia e tu com o Joaquim. Nada de
deslizes!
– Achas que o Joaquim vai acreditar em mim?
– Claro que sim, tu sempre foste o certinho do grupo!
– Por isso mesmo acho que levá-los assim antes do
casamento é um pouco…
– Pouco o quê? Vai ser divertido!
Partiram então em direções opostas.
Marta Sousa, 32 anos, Barreiro
― És tu Maria? Também não
conseguiste pregar olho?
― Quem consegue, este vento
atravessa o peito, este grito das ondas a fazer de almofada.
― Estás aqui há muito? Está escuro
como breu e as luzes dos barcos dos nossos homens já lá vão.
― Vi desaparecer a última, ficarei
até raiar o dia.
― Cantemos ao mar para o amansar.
― Rezemos a Deus para os acompanhar.
― Já clareou no horizonte, olha o
primeiro barco.
― Obrigada!
Partiram então, em direções opostas.
Manuela Branco,
62 anos, Alverca do Ribatejo
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