Como tu, filha, também já fui menina. Saltei à corda e ao elástico, corri por entre
ervas e pinhais, joguei às escondidas, como se a vida fosse uma brincadeira sem
fim.
Os anos
passaram, céleres. Olho o espelho. Não me reconheço, não te reconheço.
Da minha
janela espreito o relógio da igreja na esperança que me devolva o tempo perdido
para que esse tempo me devolva a memória. Hoje, não sei quem sou. O universo ficou vazio.
Ana Paula Oliveira
Ana Luísa Amaral, do poema intitulado “Como tu”, in Como tu (2012)
Cecília Meireles, do poema “No meio do mundo faz frio”, in Mar
absoluto (1945)
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