Afinal, era dia e eu tomei a noite como certa, não porque a luz me cegasse,
mas porque os sonhos esmorecem mais devagar no escuro.
Afinal, era o mar e eu pensei que tinha uma terra para lavrar caminhos;
assim, sempre me afoguei ao andar.
Afinal, era só um ovo de Páscoa e eu cheirei Natal, como se a traição ao
calendário lambesse as feridas do tempo.
Afinal, era mentira mas fingi que a verdade dormia comigo.
Bau Pires, 50 anos, Porto
Sem comentários:
Enviar um comentário