A transparência da minha sonolência
é inconveniente. Três horas da manhã e as visitas grudadas, como lapas, no
sofá. Ela transcrevia no meu livro
de receitas a sua última habilidade culinária. Ele deambulava numa conversa repetitiva
sobre os sistemas de transportes
públicos. Eu, já sentada numa posição transversal,
lutava com as pálpebras que ameaçavam deixar transbordar o sono. Queria transpor
aquele obstáculo: não conseguia. As minhas feições transformavam-se. Adormeci: ali, com as visitas a falar para mim.
Maria José Castro, 53 anos, Azeitão
Desafio RS nº 5 – 7 palavras com TRANS–– (no início, não necessariamente prefixo)
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