17/09/13

Lugar do morto

Todos os dias se levantava e iniciava o ritual: tomava o pequeno-almoço a ler o jornal, fazia a barba de forma meticulosa, tomava um banho com prazer batismal, vestia uma camisa imaculada e, já com os sapatos calçados, pretos, sempre pretos e impecavelmente limpos, apertava a gravata ao espelho com um olhar ausente e distante. Vestia o casaco e alisava as poucas engelhas que encontrava. De seguida, deitava-se na cama de regresso ao seu lugar de morto.

João Cunha Silva, 35 anos, Crestuma, Vila Nova de Gaia

(história sem desafio)

Sem comentários:

Enviar um comentário