01/10/13

Despeço-me

Dois rostos cobrem-me e exprimem-se. Chegam-me sorrisos vagos, palavras que já não passam de ruído. Não vos sei dizer quem são, mas tento erguer-me, falar-vos uma vez mais. O corpo nega-me a vontade. E a vontade soçobra.
Alguém abre uma janela. Da cama, oiço o mundo, a música vinda dos vivos. Procuro-vos, e nos vossos olhos encontro paz. Sorrio – terão percebido que ainda vos sorri? Agradeço-vos por tudo e em silêncio despeço-me: de vocês e de mim.

Carlos Amaral, 32 anos, Lisboa

Desafio nº 52 – uma história com música, ruído e silêncio

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