Numa tigela misturou farinha, ovos e caramelo.
Borrifou com leite.
Enquanto a massa levedava encerou a
casa, arranjou-se, pintou as unhas.
Acendeu velas.
«Desta tenho hipótese! Vou jogar forte!»
Tocou a campainha. Imobilizou-se. Ruborizou.
Abriu a porta.
Ele entrou, escorregou na cera, deu um
pontapé na mesa de xisto, fez ziguezague
e caiu.
Ela queria gritar, fugir, enterrar-se num buraco.
Susteve a respiração. Tremia.
– Doutor, magoou-se?
Ele levantou-se, sorriu, entregou-lhe o nenúfar e murmurou
que a amava.
Palmira Martins, 58 anos, Vila Nova de Gaia
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