Procuro-te: fruto ou nuvem ou música.
Nem sei se quero.
Maçã de pecado?
Tempo de agosto?
Ou rumba sem corpo?
Nem sei sequer se quero.
Mas procuro.
Laranja agreste em boca sem dor?
Outono verde em palha sem cor?
Dança cantada em tempo de amor?
Nem sei sequer se é isto que quero.
Fruto quadrado? Nuvem em linha? Redonda música?
Ou apenas o mundo?
Sei tudo. Sinto pouco. Faço nada.
E dormem mil gestos nos meus dedos.
1º verso – Procuro-te, in As
Palavras Interditas, Eugénio de Andrade
Último verso – Hora, in Dia do Mar,
Sophia de Mello Breyner Andresen
Fernanda Elisabete
Gomes, 58
anos, Lisboa
Desafio nº 35 –
partindo de dois versos de autor
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