Chico
ardina, famoso, dá brados, grita:
–
Notícias! Olh’ó notícias! Boas… notícias novas!
Na
calçada da lota rivaliza com o brado da varina:
– Olh’á
sardinha “biba”.
Rua
acima larga os jornais na porta da tabacaria. Compra a raspadinha, fica rico,
alcança a fama.
Audaz,
apanha o comboio. Vai partir.
Viaja.
Olha o mundo nos matutinos.
A sacola
vazia acompanha-o nos sonhos, na vida.
Acorda
do sonho, o jornal guarda ainda o grito do último ardina da Lisboa gaiata.
Alda Gonçalves, 47 anos, Porto
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