02/06/15

Não era o fim

Fugiu de casa amargurada. A ideia do abandono era-lhe dolorosa. Talvez o temporal a ajudasse a consertar o coração. Mas a chuva teimava em cair suavemente.
Pelo rosto escorreu-lhe uma gota que a fez lembrar-se de si própria, correndo sem sentido... Até que se diluiu numa poça, formando pequenos círculos transparentes e misteriosos.
«Afinal, tudo é imprevisível», pensou. «Nada acaba aqui».
Regressou mais reconciliada com a sua dor. Agora sabia que a morte não era o fim.

Isabel Lopo, 68 anos, Lisboa
Desafio nº 91 – cena metafórica de gota de chuva que acaba numa poça


Sem comentários:

Enviar um comentário