Fugiu de casa amargurada. A ideia do
abandono era-lhe dolorosa. Talvez o temporal a ajudasse a consertar o coração.
Mas a chuva teimava em cair suavemente.
Pelo rosto escorreu-lhe uma gota
que a fez lembrar-se de si própria, correndo sem sentido... Até que se diluiu
numa poça, formando pequenos círculos transparentes e misteriosos.
«Afinal, tudo é imprevisível», pensou.
«Nada acaba aqui».
Regressou mais reconciliada com a
sua dor. Agora sabia que a morte não era o fim.
Isabel Lopo, 68
anos, Lisboa
Desafio nº 91
– cena metafórica de gota de chuva que acaba numa poça
Sem comentários:
Enviar um comentário