10/06/15

O bilhete

Caía controladamente. Escorria pelo vidro daquela janela vazia. A casa morta, sem nada no interior. Milu, a gota tinha nome, procurava chegar a algum sítio: não apenas estar, ser em algum lugar. Arranjou o trajecto e caiu na poça confortavelmente. Porque seria? Abaixo de si, um bilhete aberto. Seria o dono da casa? Sim, certamente. Alfredo era quem assinava. O texto transformou-a: de gota de água em lágrima saudosa. Assim se lia: “fui e nunca mais volto”.

Patrícia Carreiro, 29 anos, Ponta Delgada

Desafio nº 91 – cena metafórica de gota de chuva que acaba numa poça

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