07/08/15

O velho avarento

“Levando um velho avarento”
Umas notinhas na mão,
Cambaleou e caiu,
Estatelado no chão!

Observando esta cena
Dois mancebos ao passar,
Trataram-no com respeito
Ajudando-o a levantar!

Com a cara esfacelada,
Muito sangue e ferimentos,
Queriam levá-lo ao doutor
Para fazer tratamentos.

O avaro logo disse: Pagar?
P´ra coser cara e cabeça?
Antes levar a reforma
E perder “alguma peça.” 

Sem poder acreditar, 
Afirmaram mesmo ali:
Guarde bem o seu dinheiro
“E boa sorte para si”…

O Velho Avarento, primeiro verso de uma poesia de Bocage (Levando um velho avarento), e segundo verso do Livro "Equador"  de Miguel de Sousa Tavares (E boa sorte para si)

Maria do Céu Ferreira, 59 anos, Amarante

Desafio nº 35 – partindo de dois versos de autor

1 comentário:

  1. Este poema critica diretamente a moralidade das pessoas e da sociedade, mostrando o quanto as pessoas são “avarentas, mesquinhas e sovinas”.

    Na primeira estrofe: “um velho avarento” quer dizer “um velho mesquinho”. Nesta estrofe, nos é apresentado o velho sovino sofrendo uma eventual desgraça.

    Na segunda estrofe: no quinto verso, diz que um “certo doutor” oferece seus serviços. Ele é diferente dos demais e destaca-se por realizar um trabalho de qualidade, no entanto, “tudo o que é bom, custa caro!”. Nos versos seguintes, mostra que o médico perfeito cobra uma quantia em dinheiro muito grande pelos seus serviços, garantindo bons resultados em troca.

    Na última estrofe: através da fala do velho, percebemos o quanto o velho é uma pessoa sem valor, onde a sua avareza é tão forte que chega a ser desprezível. Ele também prefere correr riscos a gastar dinheiro para garantir uma vida mais humana. Nos versos onze e doze, fica claro que o velho é do tipo de pessoa que seria capaz de fazer qualquer coisa simplesmente para ganhar mais dinheiro. Isso valeria também para a coletividade, e não só para a individualidade. Esse velho jamais ajudaria ao próximo por apego demasiado e sórdido ao dinheiro, e como percebemos, ele não ajuda nem a si mesmo. Ora, para acumular riquezas não se pode gastar, e esse pensamento sempre esteve e sempre estará arraigado na mentalidade de uma sociedade extremamente egoísta e influenciada unicamente pelo dinheiro.


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