Escondida
pelas bétulas, soerguia-se, esbelta, do rio
onde lavara os seus longos cabelos. Escondia-os de todos, que não lhe perdoavam
o sortilégio. Nas batalhas da vida eram eles a sua companhia.
Entrançava-os, punha-lhes fitas. Mas quando pressentia alguém, cobria-os. Eram
só seus; uma coisa sua. Farta da brutalidade do mundo,
esquivava-se. Entabular conversa era-lhe difícil. Na labuta dos
seus dias conhecera plantas e bichos, fios de água e estrelas perdidas, numa
vida que só ela sabia entender…
Paula
Coelho Pais, 54 anos, Lisboa
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