22/10/15

Anoiteceste

Anoiteceste,
as tuas mãos
enlaçaram os restos do meio-dia,
no teu colo
aninhaste a brisa do Outono,
nos teus cabelos soltos,
no seu roçagar cálido,
embalaste a areia,
a beira-mar.
Voltaste a sorrir ao Sol,
o mar ajeitou as ondas
numa espuma alegre,
contudo dissolvendo uma tristeza
sem dor, sem queixa,
prostração acre, doce.
Pelos teus olhos corre uma luz mortiça,
hasteando as velas numa chegada mansa,
o mar
meigamente
depositando-te,
na ternura de um dossel amoroso.

Jaime A., 51 anos, Lisboa

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