Era sempre o mesmo. Aproximava-se do pai e
mostrava-lhe o desenho terminado havia pouco. Que bonito estava, dizia-lhe. Mas
o céu não perderia em ser mais azul e as flores mais salpicadas pelos montes.
Luísa olhava-o com um misto de incredulidade e tristeza. Levava o desenho e
rasgava-o. Voltava aos azuis, um dia haveria de acertar. Mostrava-o novamente.
Sim, melhor. Mas que visse o equilíbrio da composição. Um dia o pai estranhou.
A filha deixara de desenhar.
Paula
Coelho Pais, Lisboa, 55 anos
Desafio nº 91
– cena metafórica de gota de chuva que acaba numa poça
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