Enquanto
as doze badaladas se faziam notar, ia desfiando os desejos para o novo ano. A
cada passa saboreada, formulou apenas um único desejo: conseguir viver em
sintonia consigo própria. Agora que o ano terminava, olhava-o com alguma
incredibilidade. Deixou-se existir apenas pelos outros. Reinventou-se nos
outros. Cumpriu-se na vontade dos outros. Suspendeu sonhos. Ignorou-se.
Amordaçou a vontade de ser ela própria. Cada dia foi ditado sobrepondo-se à
promessa que desejou cumprir. E de novo tinha falhado!
Amélia
Meireles, 63anos, Ponta Delgada
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