26/01/17

Nada

Viveu uma juventude politicamente comprometido com a mudança. Fora um ativista.
Agora, quase velho, sem nada para fazer, sentia-se um destroço.
Naquela noite, enquanto engolia as passas, soube que precisava de dar passos para recuperar a energia que lhe fugia. Foi enumerando o que iria fazer. Voltaria a colar cartazes, a denunciar, a agir junto dos desfavorecidos.
O ano acordou preguiçoso e contagiou-o.
Os ponteiros do relógio giraram, o ano terminou. Ele olhou para trás. Nada viu.
Ana Paula Oliveira, 56 anos, S. João da Madeira
Escritiva nº 16 - promessa de ano novo por cumprir

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