Era fascinada por agendas. Naqueles tempos, ainda com
agendas de papel, trazidas em carteiras ou bolsos dos casacos, não conseguia
desviar o olhar quando alguém puxava da sua. Tudo lhe interessava: as cores
usadas, a foram de riscar, de apontar, as horas. A única coisa que nunca lhe
despertara curiosidade era… o conteúdo. Na sua visão, não prejudicava ninguém. Na
dos outros, era uma coscuvilheira. Bisbilhotar a agenda do seu chefe fora um
delito grave. E agora?
Margarida Fonseca
Santos, 56 anos,
Lisboa
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