Alfinetes e crisântemos
No silêncio da lapela de dona Luísa, o alfinete observa o corpo morto no
caixão. Don Tenório nunca gostara de alfinetes, deixara escrito ― quando
morresse queria crisântemos brancos a iluminar-lhe o caminho para o além, mas
também margaridas, jarros, rosas, uma festa cintilante a enfeitar a estrada dos
céus. O branco era a cor dos anjos e o vermelho a do diabo.
Solta-se o alfinete da lapela, cai sobre a mão do morto. Pingos de sangue… vermelho.
Fernanda Botelho, 58 anos,
Sintra
Desafio nº 119
― crisântemo + alfinete
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