1º CONCURSO de
ESCRITA CRIATIVA
das Bibliotecas Escolares do AECDX, em torno da temática do
Terror, Horror e Suspense.
1º prémio
Passos pesados
ecoam pelo corredor... A madeira do armário verte tinta preta. Estás imóvel. O
coração ruge no teu peito… É difícil respirar.
Os passos
aproximam-se... Gritos de medo na sua expressão derretida. A porta do quarto
abre-se, rangendo. Aproximam-se lentamente... É difícil respirar!
É difícil manter o
coração calado! Sentes o toque frio da tinta no teu pescoço.
Quando a porta se abre,
ela entra devagar por ti enquanto ouves o gritar na sua expressão derretida.
Rita Antunes
Simões, n°26, 10°A
2º prémio
O vento uiva, a
chuva atinge as janelas como flechas e as sombras parecem vivas.
Acordo ao som
enfurecido dos trovões.
Impossível dormir.
Preparo uma bebida
quente.
Estou sozinha,
envolvida na escuridão pelo som do vento, o choro da chuva e o temporizador do
eletrodoméstico em contagem decrescente.
Sinto uma presença
atrás de mim.
Viro-me e um braço
fino e ossudo estende-se.
Caio no chão.
Bip... bip...
bip... a bebida está pronta.
Bip... bip...
bip... estou morta.
Carolina Calvinho nº8,
10º C
3º prémio
Consegues sentir
os olhos?
Dois pontos brancos,
quietos e silenciosos?
Eu sinto-os em
cada passo pesado, enquanto corro, enquanto o meu coração pia como um pássaro
enjaulado. Eu tenho medo de gritar. GRITA… GRITA POR MIM!
Será que me vai
matar com garras ou dentes afiados?
QUEM ME CONSEGUE
OUVIR? QUEM ME VAI AJUDAR?
Estou cansado, eu
quero parar.
Mas eu não sei a
quem pertencem aqueles olhos brancos.
Eu devia parar, eu
aceito o meu destino.
João Campos nº17,
10ºC
3º prémio
Tentando escapar
da podridão, Luna avançou nas trevas em direção à luz. O medo era
incontrolável. Escutavam-se os gritos dos mortos e o riso do diabo.
Ao alcançar a luz,
o rosto do diabo surgiu, sussurrando velhos cânticos, enquanto a luminosidade, mera
ilusão por ele criada, desaparecia.
O demónio, ser
hediondo mas sedutor, tentou agarrar o braço da jovem que, com um gesto, o
tirou.
Mas persistente,
ele pegou-lhe no braço e ordenou:
“Agora, tu és
minha.”
Maria Marques,
nº19, 9ºB
Todos os textos:
Haviam passados
mais de setenta anos desde a morte do seu pai. Ela estava velha e sozinha e
vivia isolada. Na sua memória, permanecia o seu cheiro a canela, a voz grave, o
semblante sempre carregado e a sua maior excentricidade: bater à porta três
vezes, chamando a pessoa que procurava três vezes também.
A velha
sobressaltou-se com três batidas na porta.
― Ann! Ann! Ann!
Ann Elizabeth
Meyers morreu nessa noite. O ar envolvente cheirava a canela.
Inês Ramos, nº 18,
10ºA
Rasguei-lhe o
pescoço!
Admirei o sangue
que escorria e a dor que ainda se via nos seus olhos. Tirar vidas dá-me cada
vez mais prazer.
Mas já não se
trata apenas disso.
Cortei-lhe a
língua com um x-ato, amputei-lhe as pernas com uma motosserra, abri-o como se
de uma autópsia se tratasse e desfiz cada um dos seus órgãos como quem esmaga
bolachas.
Aquele mar de
sangue à minha volta…
Ah! Mal posso
esperar pelo próximo sábado!
Diana Oliveira,
nº6, 12ºB
Naquele dia decidi
ir visitar a casa assombrada à frente da minha casa. Entrei...e assim que o
fiz, arrependi-me.
A porta fechou-se
bruscamente atrás de mim.
Ouço sussurros por
todo o lado. As luzes, antes apagadas, começam a piscar.
Sinto um arrepio
pela espinha abaixo.
Por todo o lado
vejo vultos a movimentarem-se rapidamente. De súbito, tudo para e eu desmaio.
Acordo na minha cama sem saber como lá fui parar.
Olho pela janela.
A casa
desapareceu.
Beatriz Roque, n°6,
12°C
Dizem que à noite
o hospício Bernardes ganha vida. É assombrado por um psicopata com ganas de
matar. Quem entra já não saí.
Não acredito em
fantasmas, vou desvendar isto!
Entrei no
hospício. Por cada ala que passava sentia arrepios, subitamente, oiço passos
rápidos, gargalhadas. Formam-se vultos. Tinha de sair daqui, mas algo me
agarrou.
Perguntei quem
era.
Ele despiu-me,
decapitou-me. Já com a minha cabeça separada do meu tronco, ainda consegui
ouvir a sua resposta: ninguém.
Joana Fernandes, nº13.
12ºC
Era meia-noite,
quando acordei sobressaltada com um relâmpago.
Tinha começado uma
tempestade típica de Inverno. Não havia luz. Acendi uma vela e vi um rasto
vermelho no chão. Pensei, sangue?! Segui-o. De repente, ouvi um barulho
estranho. Parecia um bebé a chorar. Cheguei à cozinha, entrei, mas uma rajada
fechou a porta. Num ápice, olhei e vi um vulto. Quem?...
Oh! Era só o meu
gato embrulhado nos fios da eletricidade a comer uma tarte de morango.
Ana Simões, nº12,
12°C
Uma noite, quando
regressava de uma festa enganei-me no caminho e perdi-me. Fui parar ao meio de
uma floresta medonha.
De repente, senti
um arrepio.
Apercebi-me que
não estava sozinha. Conseguia perceber a respiração de alguém que me chamava
baixinho, contudo não via ninguém.
Então corri, caí
no chão. Estava à mercê do mundo do além.
Ouvi a minha mãe a
chamar-me. Estava na hora de acordar.
Como cheguei a
casa? Será que foi tudo um sonho?
Ana Simões, nº12,
12°C
FOGOS 2017
Vou à janela do
quarto:
parece teatro de
Guerra
Que horror!
Que aflição!
Que querem fazer à
Terra?
Loucos ou,
maltratados
lançam fogo por
todo lado;
na Síria, o
terrorismo traz-nos imagens de racismo.
Em Portugal, o que
será?
Alguns dizem: Deus
proverá!
Morreu minha mãe,
meu irmão, minha avó...
que mais pode
acontecer?
Conta-me só em
segredo,
que mais posso
perder?
(dedico o poema a
todas as pessoas que viveram o flagelo dos incêndios)
Marta Palaio,
nº23, 12ºC
Numa outra
dimensão, espíritos de almas cansadas vagueiam pelo espaço à espera que o véu
que os separa da nossa dimensão seja eliminado. A menos que este véu já tenha
sido quebrado...
Já alguma vez te
questionaste por que motivo o teu lápis cai da secretária? Ou porque é que o
teto estala enquanto dormes?
Espera...
O teto estala?
Serão passos aquilo que ouves?
Passos leves, ensurdecedores
que te fazem fechar os olhos e fingir que dormes.
Raquel Maria
Cardoso, nº25, 11ºA
Todas as noites
caminho para casa, mas hoje algo parece diferente. Passos pesados percorrem o
meu rasto cada vez mais rápido obrigando-me a acelerar o caminhar até que
começo a correr.
Está frio, escuro.
Não se vê uma luz. Tudo isto me parece surreal quando sinto umas mãos enormes a
envolver-me a boca e os ombros. Estou a ser arrastada pelo escuro.
Quero gritar.
Não consigo
ignorar a lâmina fria e aguçada que roça o meu pescoço.
Raquel Maria
Cardoso, nº25, 11ºA
Durante o século
XXI, devido a mudanças no clima, aos químicos nos alimentos e a outros fatores,
começaram-se a manifestar mutações genéticas nos fetos ou como se passaram a
designar, malitius.
A partir dos
quatro meses, os malitius, alimentavam-se das próprias mães acabando por
matá-las no final da gestação sem existir maneira de as salvar. Com isto
restavam duas opções: salvar a mãe ou o bebé. Mas ambas levavam ao mesmo fim. O
fim da raça humana!
Beatriz Simões,
nº9, 11ºA
“Havia um homem de
mil olhos
que incontáveis
histórias contava.
Todas tinham o
mesmo fim:
Com a morte
acabavam.
Não tinham nada de
obscuro,
Pois eram fábulas
de culto,
Mas depois de
alguém as ler
Ficava sem olhos, e morto.
Amaldiçoava as
histórias,
Mas ninguém sabia
quais.
Mais corpos sem
olhos?
O homem escrevia
mais!"
Estas crianças
cantavam
Uma linda história
para mim.
Se levantares o olhar deste texto,
Cuidado, com os
mil olhos atrás de ti.
Rita Antunes
Simões, n°26, 10°A
Cheguei de noite
em casa, cansada, exausta na realidade! Posicionei a chave na fechadura,
encaixei-a, rodei-a e abri a porta. Dei três passos para dentro da infinita
escuridão... Tirei o meu húmido sobretudo e pendurei-o no cabide à direita da
porta de entrada. Tirei os sapatos de couro enlameados e encostei-os à parede
onde se encontrava o cabide. Andei em direção ao interruptor e toquei-o,
porém... Senti outra pele muito fina...Mas logo me lembrei... “Eu moro sozinha...”
Alice Lopes, nº2,
10ºA
No apocalipse, no
fim do mundo, o último homem, o último ser vivo da Terra, estava sentado em sua
cama, trancado em seu quarto, relembrando todos os momentos de sua curta vida,
quando...
Alguém bateu à
porta. Esta se abriu, muito lentamente, e a ranger ao mesmo tempo... Porem
atrás desta encontrava-se apenas uma sombra translúcida que correu em direção
ao homem dissipando-se no ar gélido, levando consigo o último ser vivo para a
sua temida morte...
Alice Lopes, nº2, 10ºA
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