Ulisses desistira das sessões de recuperação. Choros, tristezas e balelas
de gente desconhecida deixavam-no mais impaciente. Olhava para o relógio. Uma
vez. Outra vez. Corria a gastar os trocos do dia. Sentia-se dono de si. Queria
ter força para não consumir, mas a vida sem a sua branquinha parecia-lhe já
distante. A indiferença dos olhares, perdidos noutras magias, oferecia-lhe a
certeza do anonimato e a ilusão de uma vida sem amarras. Herói de tudo. Herói
de nada.
Sandra Santos, 43 anos, Guarda
Desafio nº 91
– cena metafórica de gota de chuva que acaba numa poça
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