08/02/18

Eurídice Rocha ― sem desafio


até sempre...
(em memória da minha querida amiga e aluna Ana Paula Arromba)

nas teias da dor
silêncio esfrangalha razão...
inseparável gemido cego enlaça-nos alma.

um segundo...
uma décima de segundo…
teu corpo, manita, lá ficou… ali… tão inanimado...
esperança lançou berros de amparo…

nada!

no colo abracei a mulher que te deu luz e colámos lágrimas de dor, redor e revolta...

tão diamante... tão carvão... 
ai… tamanhas saudades…
somos pó, manita. 

quero estender-me ao teu lado, fingir que estamos ambas a dormir…

razão rompe silêncio nos enredos da mágoa!

Eurídice Rocha, 51 anos, Coimbra


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