10/04/18

Diário 77 ― 16 ― Vida de candeeiro

― Essa sua luz não serve para nada, comadre ― disse o candeeiro de pé alto à lanterna.
― Não me provoque, candeeiro.
― É verdade! Eu ilumino uma sala inteira. E você?
― Descubro caminhos, grutas, faço brilhar olhos de raposa, baralho insetos à noite. Ajudo a subir escadas sem luz. Vou ao sótão na clandestinidade, e até falo código de morse, para ser entendida ao longe.
Calou-se o candeeiro. Afinal, ele só iluminava aquela sala. Agora, queria ser uma lanterna.
Margarida Fonseca Santos

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