A
multidão agitava-lhe as inseguranças. Perdera o caminho, perdera a capacidade
de se reorientar. A multidão parecia alimentar-se disso. Mesmo assim, caminhou.
Sem rumo, sem defesas, sem expectativas, arrastando consigo pessoas
enlouquecidas ― as suas vidas dependiam de milagres.
Quando
o abismo lhe cortou o caminho, não parou. Na frente, um final. Resignou-se.
Deixou-se cair.
Porém,
continuou a caminhar no vazio. Seria o primeiro milagre, o maior de todos: o de
se descobrir capaz de desorientar o destino.
Margarida Fonseca Santos
Seria um grande milagre, sem dúvida. Mas algo me diz que o destino já sabia que ele ia avançar o sinal. Por mais que tentemos, é impossível surpreender o destino... Ou será que não?...
ResponderEliminarUm beijinho, Margarida. A história está muito bonita.
Obrigada, Glória. É a minha forma de ter textos lidos para serem ouvidos, e porque escrevo tantas que apetece partilhar.
EliminarE tem razão, o destino, mesmo feito por nós, é tramadinho ;)
Um grande beijinho para si