De repente, todas as feridas a tinham calado. Estavam coladas na garganta.
Só os olhos falavam.
Não se conteve, atirou-se borda fora, enterrou os pés no chão seco, vazio,
morto.
A cerca velha da quinta libertava-lhe as memórias. Memórias que lhe
empurravam as feridas guardadas no estômago e ficavam atafulhadas na garganta.
Isto tudo pertencia a António. Mas António, agora, era nada, como aquele
chão de terra. Seco. Morto.
Cristina Isabel Santos, 43 anos, Lisboa
Desafio nº 152 – frase de Lídia Jorge
Obrigada, Margarida. Beijinhos
ResponderEliminarFoi e será um prazer. Um grande beijinho
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