CAMPANÁRIO
Era sob aquela massa,
pedra,
ferrolho e postigo,
ar macilento,
escuro táctil,
paredes e ameias,
calçadas as pedras
que escorregava
um riacho,
outrora líquido,
pedras enceradas,
o sol ecoando-se.
Nos ares,
pássaros
e morcegos
esquecidos
numa vã cegueira
esquiva, louca.
O vento,
em arco pétreo
esquece as searas
outrora fustigadas.
Erecta,
distante,
a torre some-se,
cavalo balofo,
tentando alado,
o escape.
Aquela gorda flecha
de pedra:
surdez
de um deus
humilde,
busca
vã
duma eternidade.
Jaime A., 54 anos, Lisboa
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