11/04/19

Jaime A ― sem desafio


Aqui perdia a vista, 
ganhava o sonho. 
Aqui sorria ao mundo, 
cambaleava na paixão 
do iridiscente, 
adentrava-me na loucura. 
Aqui poisava o braço, 
o queixo, 
o riso já maduro; 
como criança mirava o vento, 
fulgurante de mil cores; 
aninhava-me nos prados, 
nas colinas, 
banhava-me nas águas, 
fluindo na memória, 
escorrente em encantos 
dum outrora já fugido; 
e ria... ria muito, 
ria como se fosse 
o meu último riso, 
no meu último leito, 
na minha derradeira 
plácida espera. 
Jaime A., 54 anos, Lisboa 

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