Era negro o asfalto que percorria
diariamente, um espaço delimitado por troncos de árvores pintados de branco. Na
repartição bafienta onde trabalhava, a luz entrava tímida, condicionada pelas
lâminas das persianas. Fortuito, o amor visitou-a entre as sombras da noite e a
claridade das madrugadas. Tombou como viveu, sem esperança, sabia que o
tempo é um velho corvo de olhos turvos, cinzentos. E o seu tempo
esgotara-se em parcelas, faixas rarefeitas de vida a preto e branco.
Helena Rosinha, 66 anos, Vila Franca de Xira
Desafio nº 180 ―
10 palavras do livro que estamos a ler
“O tempo é um velho corvo de olhos turvos,
cinzentos.” Trabalho
Poético, primeiro
volume, de Carlos de Oliveira.
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