Mal amanhece, Jocelina senta-se na soleira, caneca de
café numa mão, a outra sacudindo da saia migalhas de pão imaginárias. Dali,
assiste ao movimento diário de aviões, imune ao ruído ensurdecedor
que atroa os ares, os olhos velados pela Sodade ― da ilha, do silêncio
das madrugadas, do cheiro, da música do mar. Regressar
para quê? Correu tempo, já não pertence lá, tampouco pertence a esta terra. É
só uma velha no bairro de barracas junto ao aeroporto.
Helena Rosinha, 66
anos, Vila Franca de Xira
Desafio nº 52 – uma história com música, ruído e silêncio
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