Espreito o carteiro diariamente. Ele vem, toca
campainhas, bate às portas, distribui alegrias, tragédias... “Não há nada para
mim?”, grito-lhe, da janela. Meneia a cabeça e desanda, sacola ao ombro.
Inconformada, ouço os comentários jocosos das vizinhas, “Olha, aquela também
quer correspondência!"
Sofri
longamente, silenciosamente, a dor do abandono. Hoje, indiferente a remetente
ou destinatário, o carteiro depôs nas minhas mãos as palavras que sou. Hoje é o
meu aniversário e foi por isso que me escrevi.
Helena
Rosinha, 66 anos, Vila Franca de Xira
Desafio nº 100
– «e foi por isso que me escrevi»
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