Cada vez mais grossas, as lágrimas aumentaram o caudal e o leito, sem margens, alargou-se. Comportas férreas suportaram toda essa força e nivelaram a corrente de palavras por abrir. Mas, a barragem acabou por ceder. Em cascata, soltou-se o ritmo da queda das águas. Líquido cheio de negrume. Por fim, veio a calma e o rio passou a ser um espelho. Talvez lhe fosse, então, permitido, flutuar. Impulsão não tinha mas, mesmo assim, a algum lado havia de ir desaguar.
Elsa Aves, 72 anos, Vila Franca de Xira
Desafio nº 231 – fotografia como inspiração
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