O poliglota alado
Soube cacarejar, imitando e gritando como soaram.
Cacarejante, barulhosa, penetrante, mas sempre perfeito. Oiça!
Alado, bicudo, ovíparo e, marcantemente multilíngue, impressionava-nos.
Cacarejou, miou, ladrou enquanto divertíramo-nos ao ouvir.
Podia repetir, entreter e conseguiu mesmo dançar.
Admirável, engraçado, cómico sem que forçar.
Rimos, jubilamos, aplaudimos, embora necessitasse urgentemente recuar.
Queria amar, aninhar, mas receou que ficasse,
Perpétuo, engaiolado, roubado de viver, e, sentiu-se
Insultado, enganado, frustrado. Quando por tristonho calvejou.
Recusava arremedar, falar, somente blasfemara ao falecer.
Theo De Bakkere, 70 anos, Antuérpia – Bélgica
Desafio nº 245 – estrutura em 7 imposta
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