A sua caligrafia era frágil. Em tempos fora poderosa, de um enorme fulgor. Outrora fora um jovem de talentos emergentes. Agora, um idoso, de futuro curto e certo, a doçura da mão envelhecida rabiscava no papel as suas memórias cruéis como uma narrativa distante, tolerante e piedosa. Não queria acertar contas com a vida, apenas queria deixar um testemunho humano, deixar um olhar aberto ao mundo, uma cicatriz que o fez mais Homem, mais sábio, ainda maior.
Constantino Mendes Alves, 62 anos, Leiria
Desafio nº 247 – palavra mágica
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