07/07/21

Margarida Correia – desafio 246

Em tempos ergui-te um altar. Para lá voava, nos universos inexistentes da memória. Permitia-me o direito de nos ver ali, juntos. De nos tatuar naqueles momentos vividos, efémeros. Tu nunca ouviste, mudo. A pouco e pouco, fui pedindo menos. Agora, as minhas mãos já nem se unem. Apaguei as velas, guardei o Livro e um lençol puro tapou a divindade. Por mais gestos que tenha feito, jamais te trouxeram até mim.  Depus a palavra e resto-me quieta.

Margarida Correia, 46 anos, Lisboa

Desafio nº 246 – voar sem C nem H

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