Um pedaço de madeira virou avião, das mãos de Camélia, a avó da aldeia.
Finda a lavoura, baixava o cesto empinado e esculpia o que não arriscava em palavras. Era de outra cepa, evitava asneiras nos outros, só de os olhar.
Digno de feitiço, era vê-la diluída na bruma que adensava a cada socalco de terra. Quando descia conhecia o futuro, contava-o num tronco ou tapeçaria.
Mas não desviou, enorme desastre aéreo. E a serra lhes roubou.
Cristiana Rodrigues, 39, Lisboa
Desafio nº 264 – sequência de palavras
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