Sou um bule rachado, sou alto e esguio. Por alguma
razão especial colocaram-me em cima de uma mesa ao lado de copos de cristal,
jarros com sumos e pratos recheados de bolos de vários sabores. Limão, laranja,
morango vão se confundir com os chás de menta, frutos do bosque e outros.
Dentro de mim sai uma deliciosa fragrância a maçã e canela. Daqui a pouco serei
esvaziado para as chávenas e também acompanharei o recital de poesia.
Maria Jorge
Sou um bule rachado, sou! Mas não diminuído nem
inútil. Como já não tenho o prazer de receber a água fervente, que a minha
finíssima porcelana deixa verter, tornei-me um contador de estórias.
Sempre que novas folhas de chá mergulhavam em mim e
se abriam em flor, lá vinha uma estória. Tantas ouvi. Da China, Ceilão, Índia,
Japão. Ri, chorei, arrepiei-me, comovi-me. Todas cá ficaram. Agora, encanto com
elas os visitantes deste museu, o meu novo lar.
Ana Paula
Oliveira
E que tal ver o que a Chica publicou no seu blogue?
E que tal ver o que a Chica publicou no seu blogue?
Sou um bule rachado, sou um bule orgulhoso!
Foram muitos anos a servir.
Servi chá a rainhas e princesas
Duques e duquesas
Camomila, tília, limão…
Toda e qualquer infusão!
Orgulho, é o que sinto
Fiz um trabalho bem feito.
E agora? Rachado descanso,
Lembrando o passado perfeito.
Não sinto mágoa, saudade,
Nem sequer tristeza…
Já passou o meu tempo
De estar sobre uma mesa.
Dou a vez a outro, pois afinal
Saio de cena rachado,
Mas triunfal!
Sandra
Lopes
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